Em discurso histórico na Câmara, coordenador do NF lembra sofrimento dos terceirizados, defende fim dos afretamentos e cobra retomada da indústria naval

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Nesta semana, entre as diversas atividades que marcaram a passagem dos 70 anos da Petrobrás, um discurso histórico do coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, em solenidade na Câmara dos Deputados, na última segunda, 2, colocou os petroleiros e petroleiras no protagonismo da história da empresa e defendeu a retomada de uma companhia forte, que desenvolva o país economicamente e socialmente.

Em pouco mais de oito minutos, Tezeu falou sobre os ataques sofridos pela Petrobrás desde a Operação Lava Jato, os anos Bolsonaro, e o sofrimento dos trabalhadores próprios e terceirizados. Um dos maiores destaques do seu pronunciamento foi em defesa da retomada da indústria naval no Brasil.

A sessão solene da Câmara dos Deputados que celebrou os 70 anos da Petrobrás foi proposta pelo deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Em nome da categoria petroleira, também discursou o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Os 70 anos da Petrobrás também mereceram sessão solene no Senado, presidida pelo presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), onde também discursou Bacelar, pela FUP, e o líder sindical Adaelson Costa, pela FNP.

Confira abaixo alguns dos principais trechos do discurso de Tezeu Bezerra na Câmara dos Deputados. No final da página está disponível a íntegra em vídeo.

Destruição feita pela Lava Jato

“Infelizmente, isso [uma boa fase da Petrobrás] começou a sua derrocada com juízes e procuradores que pensavam que eram deuses e quiseram usar a nossa Petrobrás para fazer uma farra, uma mamata. Até um “criança esperança” de 2 bilhões de reais eles inventaram para querer colocar dinheiro da Petrobrás no Ministério Público do Paraná.”

Petroleiros terceirizados

“É um absurdo, porque em meio à distribuição de lucros e dividendos, que foi feito nos últimos anos, onde somente no ano passado a Petrobrás distribuiu 210 bilhões de reais de lucro, e nós trabalhadores, e eu destaco aqui os trabalhadores terceirizados da Petrobrás, sofrendo, com salários baixos, sofrendo sem sequer ter direito ao plano de saúde, sofrendo com condições de trabalho, nas plataformas de petróleo, onde a gente chama lá, os camarotes, deteriorados. Sofrendo com alimentação péssima naquelas unidades.”

Hipocrisia e mamatas do passado

“A gente viu ex-presidentes [da Petrobrás] virarem presidentes de Conselhos Administrativos das empresas [privadas]. Ele assinou a venda pela Petrobrás e também assinou o contrato de compra pela empresa que comprou alguns campos de petróleo e algumas unidades da Petrobrás.”

Afretamento 

“Eu não posso deixar de falar da questão do afretamento. O afretamento, a gente comprovou, tanto com estudos do Dieese e do Ineep, do qual o nosso querido presidente Sérgio Gabrielli é um dos pesquisadores, um dos estudiosos do Ineep, já apontou o quanto o afretamento é prejudicial. E não só afretamento, que é mais caro para a Petrobrás, é mais ineficiente, que tira poder da própria Petrobrás de fazer manobras de acordo com o interesse da companhia e o interesse da nossa Petrobrás, do nosso povo brasileiro, para exploração e produção de petróleo.”

Perda de cérebros

“[Houve um] sucateamento da mão de obra, que foi muito grande. A gente teve uma derrocada no número de funcionários, de trabalhadores, perdemos técnicos brilhantes, engenheiros, geofísicos, geólogos, que saíram pela porta dos fundos da Petrobrás, com aquela gestão que estava só pensando em dar lucro para acionista.”

O jaleco laranja

“Naquele momento a Petrobrás era atacada de uma forma tal que durante o Jornal Nacional se passava ali aqueles dutos de dólares jorrando, como se nós trabalhadores fossemos ladrões. E nós pegamos esse jaleco, o jaleco que o nosso querido deputado que me antecedeu falou aqui que é motivo de honra, esse jaleco foi o nosso manto sagrado enquanto muitos nos acusavam nas ruas.”

Momento atual

“O momento agora é um mix de esperança e angústia, porque as coisas não caminham na rapidez, na celeridade que a gente quer, mas com certeza nós temos uma coisa que nós nunca perdemos, que é a vontade de mudar o mundo, a vontade de revolucionar a nossa indústria naval novamente […] garantir que as plataformas de petróleo, as sondas, os navios, sejam todos feitos no Brasil, do princípio ao fim.”

 

Discurso na íntegra (a partir do minuto 01:15:52)