Empresários repetem a história trágica da época da ditadura empresarial militar

Mário Augusto Jakobskind*

Como se não bastasse a jogada de marketing do presidente golpista Michel Temer ao decretar a intervenção federal militar na área de segurança do Estado do Rio, empresários vinculados ao chamado Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de extrema direita, estão propondo ações mais radicais contra os moradores de áreas pobres do Rio de Janeiro.

Esse grupo, integrado, segundo a Folha de S. Paulo, pelas empresas Havan, Riachuelo, Centauro, Dudalina, Polishop, Droga Raia e Habibs, pretende que as autoridades ajam com todo o rigor inclusive chegando ao ponto de pressionar no sentido de modificar a legislação do desarmamento.  Em outras palavras, o grupo extremista quer liberar a venda de armas no país. Quer de todas as formas que o Brasil tenha a mesma legislação como a dos Estados Unidos, onde qualquer pessoa possa comprar armas.

No Parlamento apoia integralmente a tal bancada da bala, vinculada aos fabricantes de armas. Esse grupo fascista que se intitula MBL, financiado por empresas do mesmo tipo que financiavam na época da ditadura empresarial militar de 64 a repressão, como a Operação Bandeirantes, tem a concepção que os cidadãos moradores em áreas pobres devem ser reprimidos de forma violenta, porque entendem ser a única forma de possibilitar segurança. Uma balela que engana alguns setores das camadas médias que se deixam iludir por mentiras deslavadas.

Na verdade, o MBL e seus apoiadores querem até mais repressão contra os pobres e na prática protegem os responsáveis pelo verdadeiro crime organizado, cujos integrantes agem com toda a liberdade em vários bairros ricos da Zona Sul e na pratica não são impedidos de usufruir o alto lucro proveniente, por exemplo, do tráfico de drogas.

Para enganar os tais setores das camadas médias, tanto o governo golpista como os empresários vinculados ao MBL pregam ações mais duras nas áreas pobres do Rio d janeiro. Como se isso fosse realmente por fim a violência urbana. Uma mentira deslavada que conta com o apoio de certos órgãos da mídia comercial, sobretudo das Organizações Globo.

Os empresários apoiadores do MBL estão na pratica estimulando a violência contra os pobres e com isso ampliando a repressão e não indo às verdadeiras causas do problema. Repetem, com outra cantilena, o que fez o então governador do Estado do Rio de Janeiro no final dos anos 80, hoje Ministro do governo de Michel Temer, Moreira Franco, um dos mentores da intervenção federal militar na área de segurança do Estado do Rio de Janeiro, que pôs fim ao programa dos CIEPS, que, vale sempre repetir, objetivava dar maiores possibilidades de inserção de jovens no mercado de trabalho, como defendia Darcy Ribeiro.

Mas quem imagina que as proposições dos empresários apoiadores do MBL se restringem ao pedido de maior repressão nas áreas pobres do Rio se engana. Eles chegam ao ponto de defender, entre outras coisas, a redução da maioridade penal para 16 anos. Estão preocupados com matérias e reflexões na mídia contrárias ao projeto do governo golpista e do MBL, tanto assim que propõem, ainda segundo a Folha de S. Paulo, organizar um projeto de comunicação intitulado “cobertura de guerrilha”, que consistiria, entre outras coisas, em usar monitoramento digital e blogosfera para identificar e contra-atacar as narrativas contrárias à operação.

Em suma, estão preocupados com quem não segue a sua linha repressiva contra os pobres e apontam até a possibilidade de montar um “MBL News diário in loco para acompanhar o desenvolvimento da operação e passar a sensação de segurança e normalidade”. Isto é, querem maior visibilidade no esquema de enganar os incautos das camadas medidas da sociedade. Não se contentam com a defesa incondicional proporcionado diariamente pelo esquema Globo.

Brasil de Fato RJ – *Jornalista e escritor. Foi colaborador de “O Pasquim” e redator e editor, no Rio de Janeiro, da revista “Versus”, a primeira publicação de caráter latino­americano publicada no Brasil.