ENTREVISTA/Tezeu Bezerra: Coordenador reeleito fala sobre desafios

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Vitor Menezes / Da Imprensa do NF

Reeleito para a coordenação geral do Sindipetro-NF, o petroleiro Tezeu Bezerra, 33 anos, é técnico de operações pleno da Petrobrás e atua há 14 anos na empresa. Nesta entrevista ao Nascente, o sindicalista avalia o cenário político do país, identificando que o principal desafio da categoria é impedir a privatização da companhia.

Tezeu também fala sobre o processo eleitoral atípico vivenciado pelo sindicato, sobre o perfil da nova diretoria e suas prioridades. A chapa única liderada pelo petroleiro foi eleita com 92% dos votos válidos entre 1900 votantes. Foram 1751 votos para a Chapa 1 e 149 votos em branco.

Confira a íntegra da entrevista:

 

Nascente – A eleição no NF foi atípica em 2020 em razão da pandemia. Como você avalia os impactos do isolamento social nas eleições? Quais diferenças viu em relação às eleições tradicionais?
Tezeu – A eleição do sindicato, em 2020, em meio à pandemia, infelizmente a gente não teve o contato com a categoria que costumamos ter que é muito positivo, olho no olho, conversando com as pessoas, pedindo para votar, para participar do processo eleitoral, isso fez muita falta esse ano. Mas ao mesmo tempo a gente tem uma responsabilidade grande perante a categoria e temos que cumprir esse rito estatutário para que nosso sindicato não parasse. Tivemos pequenos percalços durante esses meses em relação à eleição, mas nada que comprometesse o comprometimento da nossa chapa que foi vitoriosa no processo eleitoral, infelizmente a oposição não conseguiu montar chapa porque ela sempre fortalece o processo democrático. É muito necessário sim que haja uma oposição organizada, que cobre o trabalho da diretoria. Mas isso não diminui o nosso comprometimento e a nossa vontade de lutar.

 

Nascente – A eleição também foi atípica em razão de ter havido apenas uma chapa inscrita. A que você atribui isso?
Tezeu – Em meio a um governo fascista, a perseguição aos trabalhadores, às pessoas, é muito maior. Acho que, de uma certa forma, isso influenciou fortemente para que não tivesse uma chapa de oposição. Infelizmente, como disse anteriormente, não tivemos esse oposição, mas a gente sempre acha importante e necessária.

 

Nascente – Você acredita que os formatos online, de reuniões setoriais e assembleias, vieram para ficar? Não haverá mais assembleias presenciais?
Tezeu – Há uma realidade de eleições virtuais, assem-bleias, reuniões. A gente não tem essa pretensão, como diretoria, como grupo político, porque a relação pessoal, o olho no olho, o calor humano, faz parte da nossa essência. Os contatos online de uma certa forma facilitam, mas ao mesmo tempo eles são muito frios. Então não se pretende parar de fazer as conversas nos aeroportos, nas bases, fazer as assembleias olhando no olho do trabalhador. Com certeza a gente defende isso e vai acreditar que foi totalmente pontual esse formato que a gente teve que adotar durante esse ano de 2020.

 

Nascente – Qual o perfil da nova diretoria do NF? No que ela poderá ser diferente em relação à diretoria anterior?
Tezeu – Sempre há trocas de diretores. Todos nós seres humanos, depois de um tempo a gente vai precisando pular as fases. A nova diretoria que foi eleita traz uma juventude, um gás, uma garra muito grande. A gente pinçou companheiros extremamente comprometidos da base que com certeza vão estar fazendo esse diferencial nesse próximo período que sem dúvida vai ser um período difícil mas que haverá esse compromisso da diretoria para com os trabalhadores do Norte Fluminense.

 

Nascente – A nova diretoria tomou posse em meio à Campanha Reivindicatória, reuniu a Colegiada, reviu coordenações de departamentos e definiu ações. Quais são os próximos passos? Quais as prioridades? No cenário nacional mais amplo, envolvendo toda a classe trabalhadora, quais são os grandes desafios?
Tezeu – A prioridade agora é a gente debater com a categoria essa proposta de acordo coletivo e, mais uma vez, focar na luta contra as privatizações. Fizemos uma greve em fevereiro, greve essa que a gente só vai conseguir de fato ver a dimensão política dessa greve no futuro, mas que de imediato a gente também conseguiu ver a importância que ela teve. Foi o único grande movimento, em todo o primeiro semestre em nosso Brasil, e foi o primeiro grande movimento neste governo fascista do Bolsonaro que a gente tem combatido com tanta veemência. A prioridade é essa, é lutar contra a privatização, ser transparente sempre, falando a verdade para a nossa categoria. A nossa prioridade sempre será essa, de estar junto com a categoria, ouvindo, falando e dando a direção, mesmo que muitas vezes a categoria discorde da diretoria. Mas o nosso papel é dar uma direção, dar um rumo, e a categoria naturalmente de forma soberana acata ou não os encaminhamentos da diretoria.

 

Nascente – No cenário nacional mais amplo, envolvendo toda a classe trabalhadora, quais são os grandes desafios?
Tezeu – O grande desafio é acabar com essa ideologia fascista do Bolsonaro, de extrema direita. O Bolsonaro é um fascista meia boca. O ruim é o Paulo Guedes, o Castello Branco, esse sim têm uma posição muito clara de qual lado eles defendem, o capital, o lucro pelo lucro, e o trabalhador que fique cada vez mais precarizado. Então, o grande desafio da classe trabalhadora vai ser mostrar para os novos trabalhadores de aplicativo, do empreendedorismo, que eles estão sendo massa de manobra para o capital, e a gente tem que organizar esses trabalhadores e de forma coletiva enfrentar esse momento tão difícil. Lembrando sempre que sozinhos não somos nada, mas juntos somos muito mais fortes.