A Polícia Federal abriu inquérito no dia 20 de setembro para apurar esquemas de corrupção na Petrobrás durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 2001. O alvo das investigações são as termelétricas que Pedro Parente, na época ministro do apagão, obrigou a estatal a construir em parceria com o setor privado.
O esquema investigado, segundo Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, envolveu as empresas Alstom/GE e NRG, fornecedoras de turbinas e outros equipamentos para as usinas. Ele mesmo afirmou ter recebido regularmente propinas e que teve ordens para beneficiar uma empresa do filho de FHC nos contratos fechados com a Termorio, uma das termelétricas criadas com participação da estatal.
A denúncia foi confirmada em delações feitas pelo lobista Fernando Baiano e pelo ex-senador Delcídio do Amaral, que na época era diretor de Gás e Energia da estatal e teria recebido US$ 10 milhões como suborno para beneficiar o filho de FHC.
Nesse período, Pedro Parente, além de ministro da Casa Civil e do apagão, era também o homem de confiança de FHC no Conselho de Administração da Petrobrás, onde entrou em março de 1999 e permaneceu até o final do governo, chegando, inclusive, a ocupar a presidência do CA, entre março e dezembro de 2002.
A roubalheira acontecia debaixo de suas barbas, já que todos os negócios feitos pela estatal precisavam do crivo dele. Sob sua chancela, a Petrobrás foi obrigada a assinar contratos de parcerias para construção das usinas termelétricas que são alvo agora da investigação da Polícia Federal.
Os contratos impostos por Pedro Parente garantiram a remuneração das concessionárias, até mesmo quando não houvesse lucro. As “compensações” feitas geraram prejuízos à estatal de mais de US$ 1 bilhão e foram denunciadas ao Ministério Público Federal por especialistas do Instituto de Energia da USP, que acusaram o então ministro de improbidade administrativa.
É esse o Pedro que tenta aliciar os trabalhadores, se passando por salvador da Petrobrás. Sua máscara cai um pouco a cada dia, evidenciando o caráter político da posição que ocupa no governo golpista e suas relações perigosas com os entreguistas do passado, os mesmos que novamente ditam as regras do desmonte da companhia. Os petroleiros já viram esse filme e não querem reprise.