Da Imprensa da FUP – É sempre a mesma história. Por trás de um acidente fatal, há ocorrências e incidentes que já apontavam problemas de segurança e os riscos vividos pelos trabalhadores. Os alertas, no entanto, na maioria das vezes são completamente ignorados pelas gerências, muito mais preocupadas com o cumprimento de metas do que em preservar a vida e a saúde dos petroleiros. Foi o que aconteceu no navio plataforma Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, contratado pela Petrobrás e operado pela empresa norueguesa BW Offshore.
Nove trabalhadores morreram e 26 ficaram feridos durante explosão no dia 11 de fevereiro, causada por um vazamento na Casa de Bombas que já era recorrente há mais de um ano. Mortes que poderiam ter sido evitadas, se os gestores da BW e da Petrobrás tivessem cumprido as normas de segurança.
Denúncias documentadas recebidas pela FUP e pelo Sindipetro-ES revelam que um dos trabalhadores feridos na explosão já havia sido vítima de um outro vazamento na mesma Casa de Bombas, no dia 20 de dezembro de 2013. A gerência da plataforma no entanto, não emitiu CAT e ainda por cima permitiu que o vazamento fosse controlado por gambiarras. Tudo isso para que não houvesse impactos na produção.
Segundo os trabalhadores da BW, o vazamento no sistema de gás da plataforma era crônico e de conhecimento dos fiscais da Petrobrás. “Todo mundo sabia deste vazamento. A Casa de Bombas estava sendo, inclusive, preservada pela empresa, devido aos riscos. O correto seria parar a plataforma para manutenção e reparo do vazamento, mas nada disso foi feito e perdemos nove companheiros”, denunciou um funcionário da BW, que já trabalhou na plataforma.
FUP e o Sindipetro-ES apresentaram a denúncia à Comissão que apura as causas do acidente, onde os trabalhadores têm uma representação sindical e outra da Cipa. O movimento sindical também denunciará o fato ao Ministério Público do Trabalho, cobrando responsabilização dos gestores por negligência.
Fonte: FUP