Falta de dados impede análise dos impactos da covid-19 em trabalhadores, alerta Fiocruz

[Rede Brasil Atual]  Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertaram que faltam dados de saúde ocupacional no Brasil relacionados à covid-19. Hermano Castro e André Périssé dizem que as bases de dados que utilizam para medir os impactos sociais da doença possuem mais de 90% de dados faltantes para variáveis ​​ocupacionais. Eles publicaram esse aviso em carta na revista The Lancet Regional Health Americas.

De acordo com os autores, apesar de o desemprego, a informalidade e alguns empregos classificados como essenciais serem associados a uma maior mortalidade por covid-19, não há informações precisas e confiáveis sobre o número de casos relacionados ao trabalho e internações no Brasil.

“Essa é uma lacuna de informação muito importante em um país onde o desemprego atingiu 13,5 milhões de pessoas e 38 milhões de trabalhadores não tinham carteira assinada ao final de 2021″, avaliam.

Outro complicador é que, atualmente, as últimas informações disponíveis para trabalho e emprego datam de 2010. Isso porque o governo Bolsonaro adiou para este ano o Censo 2020. Para os pesquisadores, a coleta de dados primários é essencial para auxiliar os gestores públicos no monitoramento de doenças e no planejamento de serviços e ações.

Nesse sentido, os pesquisadores destacam que a onda ômicron intensificou ainda mais o desemprego e efeitos adversos em diversos setores produtivos, como a aviação civil. Mas a falta de dados de saúde ocupacional no Brasil “dificulta a orientação de políticas públicas sobre restrições e flexibilização nos ambientes de trabalho. O “falso dilema” entre saúde e trabalho e o manejo errático da pandemia têm sido responsáveis por perdas humanas incalculáveis, afirmam. Além disso, esses fatores também contribuíram para a “deterioração das condições de vida e trabalho da população.

Balanço da covid no Brasil

O Brasil registrou nesta terça-feira (26) 144 mortes e 22.142 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Assim, a média diária de mortes calculada em sete dias ficou 102. Após queda constante desde meados de fevereiro, esse índice permanece praticamente estável nos últimos 10 dias. A média móvel de casos, que ficou em 14.692, registrou leve alta, após três dias abaixo dos 14 mil. Ao todo, desde o início da pandemia, o Brasil tem 662.866 óbitos e cerca de 30,7 milhões de casos de covid-19 confirmados oficialmente.