Fechamento da Fafen na Bahia compromete Segurança Nacional, denuncia Sindipetro

Da Imprensa da CUT – O fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizada no Polo Petroquímico, será pauta de audiências públicas na próxima terça-feira (20), às 14h, na Câmara Municipal de Camaçari, e na quinta-feira (22), às 18h, na Câmara Municipal de Dias D’ávila.

Segundo o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), os fertilizantes são insumos essenciais à produção agrícola, sendo necessário tratar sua produção como questão de Segurança Nacional. O fechamento da Fafen-BA e demais fábricas de fertilizantes do país, que faz parte do plano de ‘desinvestimentos’ da Petrobras, coloca em risco a soberania alimentar e a produção agrícola, que passará a depender totalmente da importação de fertilizantes, diz a direção do Sindipetro.

Se o comando da estatal, capitaneado por Pedro Parente, insistir na paralisação das atividades da Fafen, 700 postos diretos de trabalho poderão ser fechados e haverá impactos em toda cadeia produtiva do Polo Petroquímico de Camaçari dependente dos insumos da Fafen, o que pode aumentar ainda mais esse número. Em âmbito estadual, além da perda de empregos e renda, haverá uma forte queda na receita do estado da Bahia e dos municípios da região.

“É nessa perspectiva que faz-se necessário discutir com toda a comunidade afetada pelo fechamento da Fábrica de Fertilizantes da Bahia”, pontua a direção do Sindipetro, que também acredita que a decisão da Petrobras não faz sentido, “afinal, o segmento de fertilizantes encontra-se em expansão tanto no Brasil quanto no mundo e a demanda do mercado brasileiro de fertilizantes é maior que a produção nacional”.

No Brasil, entre 2003 e 2012, o consumo de fertilizantes passou de 22,8 milhões de toneladas para 29,6 milhões, o que configurou crescimento de 30% no período. Entre 2003 e 2012, o consumo de fertilizantes passou de 22,8 milhões de toneladas para 29,6 milhões, o que configurou crescimento de 30% no período. De acordo com a previsão da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 2010 e 2020, somente no Brasil, a produção de alimentos crescerá 40%.

As audiências públicas, organizadas pelos vereadores Marcelino Filho (PT-Camaçari) e Thiago Saraiva (PDT-Dias D’ávila), vão reunir petroleiros, dirigentes do Sindipetro-BA, Sindiquímica, Sindborracha e Sindticcc, além de parlamentares, empresários, agricultores e comerciantes da região.

Importância da Fafen na cadeia produtiva

A Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia, unidade da Petrobras, é a primeira fábrica do Polo Petroquímico de Camaçari. Conhecida como a “semente do Polo”, a Fafen-BA foi a primeira fábrica de ureia do Brasil e teve suas operações iniciadas em 1971.

A fábrica é responsável pela produção de 474 mil toneladas/ano de ureia, 474 mil toneladas/ano de amônia e 60 mil toneladas/ano de gás carbônico, tendo os dois primeiros importância fundamental no desenvolvimento da agricultura e da pecuária no Brasil.

Os produtos da fábrica são utilizados como matéria-prima em outras empresas do Polo Petroquímico. A amônia é necessária para a produção da Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC. Já a ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; e o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins.

Autossuficiência em fertilizantes nitrogenados

Ao contrário das gestões dos ex-presidentes Lula e Dilma, quando foi colocado em prática um plano de expansão dos negócios de fertilizantes no Brasil, o atual governo foca no retorno de curto prazo dos ativos da Petrobras.

Nos governos do PT, novos projetos foram desenvolvidos, como a Fafen-Uberaba e a Fafen-Mato Grosso do Sul, esta última com 85% das obras concluídas. Com a entrada em operação dessas duas novas plantas, a participação das importações no mercado nacional de fertilizantes nitrogenados caiu mais de 70% para cerca de 5% em 2018. Se continuasse com a mesma política, o Brasil passaria a ser praticamente autossuficiente na produção desses insumos com a perspectiva de se tornar o maior produtor mundial de alimentos.

A construção de novas fábricas de fertilizantes também tinha função estratégica de monetizar o gás natural, em expansão de produção por conta das novas descobertas de petróleo no país. Criava-se, a partir da Petrobras, um projeto nacional de desenvolvimento.

“Infelizmente, o atual governo atua em sentido oposto, desmobilizando ativos estratégicos da Petrobrás. Fafen-Uberaba e a Fafen-Mato Grosso do Sul estão com as obras paralisadas, e as demais fábricas que ainda hoje estão em operação (Bahia, Sergipe e Paraná) devem fechar esse ano”, lamenta a direção do Sindipetro-BA.