Fundos como a Petros estão sob ataque de banqueiros e seguradoras

Palestrante em encontros promovidos pelo Sindipetro-NF na manhã de hoje, na sede de Campos dos Goytacazes, e amanhã, às 19h, na sede de Macaé, a vice-presidente da Anapar (Associação Nacional dos Participantes dos Fundos de Pensão), Cláudia Ricaldoni, afirma que os fundos de previdência fechado sem fins lucrativos, como é o caso da Petros, estão sob ataque dos fundos privados que têm interesse lucrativos, em situação agravada por um ambiente de crise econômica.

“Eu não tenho dúvida de que existe um interesse muito forte dos bancos e seguradoras, que também operam entidades fechadas, só que a diferença é que eles têm fins lucrativos e nós não temos, estão com o olho bastante grande. E há setores do estado, pois não tem a ver com esse governo só, eles perpassam por vários governos, que vêem a ideia de transferir esses recursos para bancos e seguradoras privados com bastante bons olhos”, afirma.

A palestrante explica que uma das estratégias utilizadas para promover a transferência dos recursos que atualmente estão em fundos fechados, para bancos e seguradoras, é minar a credibilidade da gestão desses fundos.

“Você tem que destruir a credibilidade, principalmente junto aos trabalhadores, por que aí você já acha que o Bradesco é uma maravilha. O problema é que o Bradesco não mostra qual a diferença entre o que alguém que está na previdência fechada recebe e o que alguém que está na aberta recebe. Eu já fiz essas contas, essa diferença está em torno de 30% de benefício em relação ao que a gente paga”, defende.

“É todo um jogo político. Político não partidário, mas político no sentido de interesses para destruir o que a gente levou décadas para construir”, denuncia Ricaldoni.

Déficit na Petros

Sobre o déficit na Petros, ela afirma que não há saída que não seja o equacionamento, mas com informação sobre a origem do problema: “Não tenho dúvidas, estudando o plano da Petros, de que esse déficit tem que ser equacionado. O que eu acho é que a gente tem que entender de onde ele vem, por quê ele existe, como é que a gente pode evitar que outros aconteçam”.

Um dos maiores impactos sobre os fundos fechados ocorreu nos investimentos em carteiras imobiliárias, uma das atingidas fortemente pela crise econômica. “As pessoas precisam entender que dinheiro de fundo de pensão é aplicado na economia, não fica debaixo do colchão. E como é que está a nossa economia mesmo? Se a economia está do jeito que está, as nossas fundações, as nossas aplicações, não vão render. Carteiras de imóveis de algumas fundações viraram pó. Se você tiver algum imóvel e for tentar vender, for tentar alugar, você não faz. Isso acontece também com a gente”.

Ricaldoni afirma ainda que “a economia está de tal ordem que os investimentos que a gente tinha muita perspectiva de rentabilidade, principalmente os de infraestrutura, na hora que destrói a economia do Brasil, e ela foi destruída de propósito, como parte de uma visão política de sociedade, você destrói os investimentos que foram feitos”.

 

[Foto: Claudia Ricaldoni durante palestra nesta manhã na sede do Sindipetro-NF / Vitor Menezes]