FUP cobra isonomia no avanço de nível para trabalhadores do PCAC e posicionamento da Petrobrás sobre proposta unitária de Plano de Cargos

Da Imprensa da FUP – Nesta quarta-feira, 09, durante a segunda reunião da Comissão de Negociação do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários do Sistema Petrobrás, os representantes da FUP cobraram da empresa um posicionamento objetivo sobre os pontos mais sensíveis para os trabalhadores nessa negociação, como, por exemplo, o avanço de nível a cada 12, 18 e 24 meses.

Até o momento, os representantes da empresa não responderam a nenhuma das reivindicações e considerações feitas pelas entidades sindicais, o que tem sido decepcionante para a categoria, dada a elevada expectativa dos trabalhadores e das trabalhadoras sobre o desenrolar da negociação do novo plano. A FUP enfatizou que não aceitará enrolação, ainda mais em meio ao discurso acirrado da gestão da Petrobrás de redução de custos e austeridade.

Como se não bastasse, o anúncio esta semana feito pela empresa sobre os critérios adotados no processo em curso de avanço de nível e promoção deixou a categoria ainda mais indignada. A Petrobrás destinou apenas 12% da verba para o PCAC, o que reforça a discriminação que a gestão faz entre os dois planos.

A FUP criticou duramente a empresa por manter a mesma lógica do passado, ao continuar discriminando quem ficou no PCAC, o que aumenta ainda mais as desigualdades entre os trabalhadores. As representações sindicais lembraram que aqueles que migraram para o PCR, além de receberem incentivo financeiro, tiveram mais mobilidade e a possibilidade de mudança de ênfase.

A FUP cobrou isonomia do percentual de verba para os dois planos. Na proposta unitária apresentada pelas duas federações, um dos pontos diz respeito justamente à equiparação para garantir a isonomia entre os trabalhadores do PCAC e do PCR e a reparação para quem teve perdas após a imposição de dois planos.

Horizontes de carreiras

A consultoria da Petrobrás fez uma apresentação com foco no horizonte de carreira em cargo permanente, tema da segunda reunião temática da Comissão de Plano de Cargos. A apresentação teve como base metodologias e referências de autores estrangeiros e brasileiro que estudam processos remuneratórios e modelagem de carreiras em empresas e organizações.

A FUP lembrou que pesquisa feita pela entidade com cerca de 1800 trabalhadores do Sistema Petrobrás, entre julho e agosto do ano passado, apontou que 76% dos entrevistados não conseguem enxergar a diferença entre as atribuições de profissionais Junior, Pleno e Sênior, o que reflete a insatisfação dos trabalhadores com a atual modelagem do plano de cargos. Um diagnóstico que também é resultado da mudança de ênfase imposta pelo PCR e da redução drástica dos efetivos próprios.

As representações sindicais reiteraram que é necessário reduzir o máximo possível a subjetividade dos critérios de avaliação para avanço de nível, o que tem gerado discriminação entre homens e mulheres e distorções gritantes em relação à velocidade com que as pessoas percorrem suas carreiras, umas com mais e outras com menos mobilidade, apesar de terem as mesmas atribuições.

A assessoria do Dieese da FUP lembrou que o PCR faz parte de um pacote de modelo de empresa enxuta (resultado das privatizações), focada na individualidade (e não no coletivo), centralizadora (muito controle nas mãos dos gestores) e que não negociava com os trabalhadores.

Se no passado a Petrobrás se orgulhava do seu corpo técnico e fazia questão de ressaltar que o processo de formação de um operador levava 5 anos, após a Operação Lava-Jato, a empresa reduziu drasticamente o tempo dos cursos de formação e passou a exigir um trabalhador cada vez mais obediente e com valores focados na meritocracia.

A FUP enfatizou que se a atual gestão da Petrobrás quiser recuperar o sentimento de pertencimento do seu quadro, precisa voltar a valorizar os trabalhadores e as trabalhadoras. A proposta unitária construída pela FUP e pela FNP tem entre suas principais premissas que as metas e as avaliações sejam construídas de forma coletiva e participativa, ou seja, envolvendo os empregados e não de cima para baixo.

Ao final da reunião, a FUP cobrou o adiantamento do calendário das próximas reuniões, de forma a tornar mais efetivo e objetivo o debate. “O que está posto na negociação do plano de cargos do Sistema Petrobrás é a disputa do orçamento da empresa. Hoje um trabalhador da Petrobrás não tem perspectivas de chegar ao topo da carreira dele. A disparidade entre o PCAC e o PCR aprofunda ainda mais essa situação”, afirma Tezeu Bezerra, reforçando o alerta de que a efetividade da luta por um plano de cargos justo para todos vai depender do grau de mobilização da categoria.

 

[Fotos: Paulo Neves]