Objetivo é debater a atual realidade do setor de energia e os principais desafios dos movimentos sindicais e sociais no enfrentamento à crise climática e na luta por soberania energética nacional
[Da comunicação da FUP | Fotos: Paulo Neves]
Representantes da FUP e das demais entidades que integram a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (POCAE), participam nesta quarta-feira, 09, do seminário “Transição energética em tempos de crise climática e luta por soberania”, que reúne no Rio de Janeiro militantes e dirigentes de todo o país. O evento está sendo realizado no Salão Nobre do Forum de Ciências e Cultura da UFRJ, no bairro do Flamengo.
O seminário tem por principal tarefa debater a atual realidade do setor de energia e os principais desafios dos movimentos sindicais e sociais na luta por Soberania Energética Nacional. O objetivo é identificar as iniciativas e temas que dialogam com as pautas das organizações que integram a POCAE para que possam concentrar forças e promover lutas unificadas em torno desta questão tão estratégica para a sobrevivência do planeta.
Pela manhã, o seminário traçou um panorama geral sobre a geopolítica da energia e a estratégia dos países imperialistas em relação a este tema. Em seguida, as entidades dos engenheiros e eletricitários fizeram uma atualização sobre o setor elétrico brasileiro e a Eletrobrás.
Na parte da tarde, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, e o economista do Dieese e assessor da Federação, Cloviomar Cararine, conduziram a mesa “História, atualidade e perspectiva da indústria de petróleo no Brasil”. Eles deram uma panorâmica sobre as atuações políticas e lutas da entidade para fazer avançar a pauta da categoria de reconstrução do Sistema Petrobrás e de retomada do papel social da empresa na defesa da soberania energética e na condução de uma transição energética justa.
Bacelar destacou que a transição energética é uma oportunidade para o desenvolvimento de uma nova indústria no país, mas acima de tudo precisa ser justa para os trabalhadores e o povo brasileiro, pois água e energia não podem ser tratados como simples commodities, mas sim como bens estratégicos, que precisam de controle social. Ele também ressaltou o papel que o nosso país ocupa em relação ao mundo no debate da transição energética.
“O Brasil já está anos luz à frente do que hoje o mundo tem. Hoje nós temos quase 50% da nossa matriz energética com fontes consideradas limpas ou renovável. Temos 90% da matriz elétrica limpa e renovável, completamente diferente do resto do mundo. Estamos à frente de todos os países do G20, estamos à frente da maioria dos outros países e isso precisa ser considerado quando debatemos transição energética no Brasil”, explicou o líder petroleiro.
Ele também reforçou a importância da Petrobrás conduzir a transição energética justa, mas chamou a atenção para a disputa em torno desse tema. “Se o governo é um governo de coalisão e, por tabela, é um governo em plena disputa, não é diferente na Petrobrás. Nós ainda temos uma disputa constante todos os dias dentro dessa empresa, que precisa assumir o seu papel de indutora do desenvolvimento nacional. Infelizmente, ainda há neste momento resistências internas que vão contra o programa de governo que ajudamos a construir e que foi aprovado pela população brasileira nas urnas. Uma dificuldade que não está apenas na Petrobrás, mas também em outras empresas públicas estatais que sobreviveram ao governo anterior”, afirmou Deyvid.
Ao longo da tarde, o debate abordará ainda os impactos da crise climática e a situação dos atingidos. Ao final do dia, uma plenária geral definirá um plano de ação para enfrentamento das principais questões abordadas pelo seminário.