Durante reunião nesta sexta, 25, com o gerente executivo de SMS da Petrobras, o movimento sindical voltou a denunciar o cenário crítico de segurança nas plataformas da Bacia de Campos. A FUP e o Sindipetro-NF manifestaram tristeza e indignação, diante do grave acidente ocorrido recentemente, mas também mostraram sua disposição para a luta pela garantia da saúde e segurança de todo trabalhador embarcado.
Alertaram que o episódio não é um caso isolado, mas reflexo de um processo contínuo de sucateamento e decisões equivocadas que, ao longo dos anos, vêm abrindo caminho para uma tragédia anunciada.
Representantes sindicais relataram, com base em depoimentos das vítimas, a gravidade da ocorrência que envolveu fogo, fumaça tóxica, rotas de fuga interditadas, dificuldades no resgate e um trabalhador que precisou pular no mar. “Por muito pouco não abrimos a reunião com um minuto de silêncio”, afirmou um dos dirigentes, destacando o potencial vítimas fatais, de destruição e as falhas graves no protocolo de segurança.
Durante o encontro, o movimento sindical apresentou um conjunto de exigências à Petrobras, com destaque para o desembarque imediato de todos os trabalhadores que estavam a bordo no dia do acidente; a redução do efetivo ao mínimo necessário, garantindo saúde e habitabilidade da plataforma, atendimento médico e psicológico obrigatório para todos os trabalhadores – feridos ou não – antes do retorno ao trabalho; emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para todos os embarcados; garantia de atestados médicos compatíveis com as necessidades de tratamento; compromisso de que nenhum trabalhador sofra perda salarial ou de benefícios em decorrência do acidente e a revisão da política de SMS, com participação ativa dos trabalhadores na construção de medidas mais eficazes de segurança.
Segundo os representantes sindicais, a Petrobras mantém a mesma abordagem insatisfatória no campo da saúde e segurança do trabalho. Um exemplo foi a não realização de exames laboratoriais (sangue e urina) para avaliar contaminação por fumaça tóxica – que é mistura química potencialmente perigosa. Como resposta, a Petrobrás encaminhou apenas uma avaliação clínica superficial.
Outro ponto grave para o NF e a FUP foi a falha de comunicação da empresa com o sindicato e o fato de ter embarcado seus representantes na unidade, incluindo o gerente executivo, sem avisar ou convidar o sindicato para acompanhar a vistoria em Cherne-1.
Divergências com a Petrobras
Apesar das divergências, a Petrobras afirmou que está se esforçando para fazer a troca de turma imediata de todos os trabalhadores que estavam a bordo na data do acidente. Disse estar trabalhando com o POB reduzido, com o mínimo para garantir a segurança e a viabilidade da plataforma. A Petrobras também garantiu que está com a equipe de tratamento psicológico à disposição dos trabalhadores, ou seja, quem quiser pode procurar, que vai ter atendimento. Vale lembrar que o pleito do Sindipetro-NF é que obrigatoriamente, todos os trabalhadores passem por atendimento médico e psicológico, antes de embarcar novamente.
A empresa também garantiu que os trabalhadores não terão custos com despesas médicas decorrentes do acidente.
No entanto, não houve entendimento em relação à emissão de CAT. A empresa se recusou a emitir CATs para todos os embarcados, limitando-se a 17 registros – apenas para ferimentos físicos visíveis. Para os casos de trauma psicológico, a Petrobras alega necessidade de protocolo e período de observação, o que foi contestado pelo sindicato.
“Pedimos a emissão de CAT para todos os trabalhadores que estavam a bordo e eles não concordam. Então, isso é um dos pontos centrais de divergência” – disse representantes do movimento sindical.
A FUP e o NF continuarão pressionando por mudanças reais. “Algumas coisas infelizmente permanecem iguais. Esperávamos uma mudança de postura após esse acidente, mas, se não acontecer de forma voluntária, vamos forçar que aconteça. Há pontos que não são negociáveis. O trabalhador não pode mais estar exposto a esse nível de risco”, concluiu os diretores.
Participaram da reunião os diretores Bárbara Bezerra, Sérgio Borges e Cibele Vieira pela FUP e , Alexandre Vieira pelo Sindipetro-NF.