Golpe contra trabalhadores quer implantar governo ilegal e retirar direitos

O Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense), entidade que vem mantendo atuação destacada na luta contra o golpe — por entender que, além de ser esta uma pauta prioritária para todos os brasileiros verdadeiramente democratas, é uma questão que se relaciona diretamente com a defesa da soberania nacional, dos empregos no setor petróleo, da Petrobrás e dos direitos trabalhistas e sociais —, repudia com veemência a decisão tomada pela maioria dos deputados federais, na sessão de ontem, ao aprovar a admissibilidade de um processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff orquestrados pelos usurpadores do poder Michel Temer e Eduardo Cunha. O primeiro deles, um golpista e traidor de um governo que fez parte, e esse último, acusado de envolvimento no esquema do Lava jato e com contas comprovadas na Suíça.

O Sindipetro-NF também tem críticas ao governo da presidenta, e não se furta a fazê-las — como ocorreu em episódio recente envolvendo a aprovação de projeto no Senado sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal —, mas isso não tira da entidade a perspectiva de que a democracia é um bem maior e que está em curso uma ofensiva conservadora que precisa ser combatida por todos os setores progressistas da sociedade.

Toda esta luta contra o golpe tem ensinado muito aos movimentos sociais brasileiros. Depois de vários anos de dificuldade de interação, quando pautas específicas se sobrepunham às demandas comuns da classe trabalhadora, sindicatos e demais entidades perceberam mais recentemente, por dolorosa força das circunstâncias, que é imperioso manter uma agenda nacional comum.

Povos oprimidos de várias regiões do país, que originalmente militam nas mais diversas causas, estão juntos nesta batalha de Brasília e das praças de todas as cidades na voz única contra o golpe, com a clara noção de que é preciso defender o Brasil e a possibilidade de concretizar um projeto democrático e de justiça social.

A votação na Câmara mostrou o quanto é árdua essa luta e o quanto os trabalhadores estão com déficit de representação no legislativo. Nossas causas não encontram eco na maioria dos parlamentares, que devota maior fidelidade a temas paroquiais que não oferecem risco aos grandes exploradores do povo, como o sistema financeiro, o agronegócio, os interesses estrangeiros no petróleo, entre outros.

A reveladora referência constante à Deus e à família durante a votação pelo “sim” neste domingo guarda trágica e, portanto, muito preocupante, referência à icônica “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade” que deu o aval civil ao golpe de 1964. A suposta defesa de valores tão nobres que envolvem religiosidade e relações consanguíneas encobre o pior traço da tradição autoritária brasileira, que historicamente preconiza a cultura do “sabe com quem está falando”, do “é preciso saber o seu lugar” ou do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, lógicas adotadas por Temer e Cunha.

Há de se ter ainda muita luta para fazer valer os verdadeiros interesses dos povos que não estão representados no Congresso Nacional. E os petroleiros não estão omissos neste momento de levante dos lutadores do povo. Resistiremos junto a trabalhadores urbanos, estudantes, aposentados, camponeses, sem teto, indígenas, negros, comunidades LGBTs, e tantos outros marginalizados pelas elites reacionárias.

Somos trabalhadores e trabalhadoras que atuamos em um setor estratégico e essencial para a riqueza nacional, e sabemos que não podemos virar as costas para os nossos irmãos em um momento dramático como este.
Podem contar com os petroleiros e as petroleiras. Seguiremos na luta.

Diretoria do Sindipetro-NF
Macaé, 18 de Abril de 2016