Os petroleiros irão à greve no dia 23 para se contrapor aos ataques que a Petrobrás tem feito, em nome de uma crise cuja conta está sendo imposta aos trabalhadores. A empresa se mostrou indiferente às mobilizações recentes da categoria e sequer respondeu à proposta de regramento da PLR futura que foi aprovada pelos petroleiros. A suspensão do pagamento do extraturno para os trabalhadores da Replan admitidos após 1999, a flexibilização de regimes e jornadas de trabalho em várias unidades, o não pagamento de horas extras, a suspensão de cursos treinamentos (SMS) e outros ataques deixam claro que os gestores da empresa não hesitam em descumprir acordos e ameaçar direitos. Além de todos essas abritrariedades, a Petrobrás insiste em manter uma gestão de segurança falida, que mata trabalhadores e expõe a categoria a riscos constantes, principalmente os terceirizados.
Os petroleiros responderão com contundência à ofensiva da Petrobrás. É inaceitável que a estatal, assim como as empresas do setor privado, imponha aos trabalhadores os ônus de uma crise que é do capital. O Conselho Deliberativo da FUP, após dois dias de reuniões, reafirmou a urgência de reação imediata da categoria petroleira e indicou greve de cinco dias a partir do dia 23 de março. O indicativo foi deliberado por unanimidade no Conselho, que é composto por representantes de todos os sindicatos filiados à Federação.
A greve indicada tem como principais eixos o pagamento da PLR 2008 de uma única vez e negociação imediata do regramento da PLR futura; o restabelecimento do extraturno para todos os trabalhadores; a garantia dos postos de trabalho no Sistema Petrobrás e condições seguras de trabalho para acabar os assassinatos cometidos pela Petrobrás.
PLR: pagamento único agora e regramento para o futuro
A negociação do regramento das PLRs futuras foi acordada com a Petrobrás no ano passado e a empresa até hoje não respondeu a proposta aprovada em assembléias pela categoria. Pior: a Petrobrás fechou o seu balanço financeiro, com o provisionamento da PLR 2008, sem negociação prévia com os trabalhadores, descumprindo o que havia acordado com a categoria. A enrolação em torno da negociação do regramento da PLR continua como nos anos anteriores, com o agravante da Petrobrás ter se recusado a pagar o adiantamento em janeiro. O silêncio absoluto da empresa em relação a esta questão, além de ser um desrespeito com os trabalhadores, revela que a negociação do pagamento da PLR 2008 será dura.
A FUP não aceitará o parcelamento da PLR e exige valores justos, condizentes com o resultado construído pelos trabalhadores. A crise financeira tem sido a desculpa usada pelos gestores da empresa para “justificar” ataques e arbitrariedades. Esse “bode” não convence ninguém. A categoria precisa se preparar para o embate da PLR, que só será vencido pelos trabalhadores com mobilização.
Unidade para garantir direitos
A greve vitoriosa na Replan, assim como a greve do ano passado na Bacia de Campos, não deixou dúvidas sobre a organização e garra dos petroleiros na luta em defesa de seus direitos. A unidade da categoria também ficou latente, em ambas as greves. Os trabalhadores da Recap pararam por 24 horas em solidariedade aos companheiros de Paulínia. O mesmo fizeram os terceirizados da Replan.
Em solidariedade e apoio à luta dos petroleireos da Bacia de Campos na luta pelo dia de desembarque, a categoria realizou paralisações nos dias 17 e 18 de julho do ano passado, somando-se aos companheiros grevistas em Macaé. O resultado foi a conquista da extensão do acordo conquistado na Bacia para as demais bases do país com regimes de trabalho especiais. A hora agora é de unidade nacional na luta para garantir os direitos da categoria petroleira.
Lutar para conquistar
– PLR 2008 única e regramento da PLR futura;
– Extraturno para todos os trabalhadores;
– Garantia dos postos de trabalho;
– Pelo fim dos assassinatos na Petrobrás
Greve vitoriosa na Replan reacende luta nacional pelo extraturno
A greve vitoriosa dos trabalhadores da Replan fortaleceu ainda mais a luta nacional pelo restabelecimento do extraturno para todos os petroleiros da Petrobrás. A greve teve adesão total dos trabalhadores, que iniciaram o movimento no dia 02, junto com o calendário de mobilizações da FUP. Os petroleiros da Replan mantiveram a greve forte e coesa durante os cinco dias de luta. Não se intimidaram com as ameaças e assédios dos gerentes, nem diante da ofensiva da Petrobrás, que enviou telegramas convocando os petroleiros a furar a greve e fretou helicópteros para embarcar os gerentes na refinaria.
Equipe de contingência e interdito proibitório
Assim como atuou na Bacia de Campos, durante a greve do ano passado, e em outras paralisações recentes da categoria, a Petrobrás colocou em risco a comunidade, ao manter a produção com uma equipe de contingência sem condições de garantir a segurança da refinaria. Também como em outras mobilizações, a empresa voltou a recorrer ao interdito proibitório, instrumento jurídico utilizado pela didatura militar. A Justiça do Trabalho de Paulínia, no entanto, negou a ação ingressada pela Petrobrás e reconheceu o direito legítimo de greve dos trabalhadores.
A luta é nacional!
A greve vitoriosa na Replan, além de responder à altura o ataque da Petrobrás (que cortou o extraturno dos trabalhadores admitidos após 1999), reacendeu a luta nacional pelo restabelecimento de um direito que foi usurpado da categoria no governo neoliberal do tucanato. O pagamento em dobro dos feriados trabalhados é um dos eixos da greve indicada pelo Conselho Deliberativo da FUP. A luta agora é nacional!
Mulheres na luta por igualdade de oportunidades
Para as mulheres que atuam nos sindicatos, movimentos sociais e organizações feministas, o Dia Internacional da Mulher (instituído oficialmente pela ONU em 1975) está longe de ser apenas uma data comemorativa. Este é o dia que simboliza a luta para vencer estereótipos sexistas, discriminações e a violência contra a mulher. “Os eventos que envolvem o 8 de março deste ano têm como eixo principal a questão da igualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho. Precisamos fortalecer a autonomia feminina nos diferentes espaços da vida cotidiana”, revela Maria da Penha Fumagalli, secretária de Gênero da CNQ/CUT.
A CUT colocou nas ruas a “Campanha por igualdade de oportunidades: na vida, no trabalho e no movimento sindical”, que reivindica políticas públicas, cotas de participação para mulheres em instâncias decisórias e espaços de formação sindical, além de igualdade salarial. Apesar de 33% das mulheres brasileiras responderem integralmente pelo sustento de suas famílias, elas continuam discriminadas no mercado de trabalho, mesmo sendo igualmente qualificadas. Exercem a mesma função, mas recebem salários menores e têm pouquíssimo acesso a cargos gerenciais.
Na Petrobrás – menos de 15% do efetivo próprio da Petrobrás é composto por mulheres. São 8.109 petroleiras para um contingente de 47 mil petroleiros, segundo dados de 2008.
Dia Nacional de Luta do Setor Privado será 23 de março, unificando a greve na categoria
O II Seminário Nacional dos Petroleiros do Setor Privado deliberou pela paralisação nacional dos terceirizados no dia 23 de março, data de início da greve indicada pelo Conselho Deliberativo da FUP. Será o Dia Nacional de Luta dos Petroleiros do Setor Privado, que anualmente marca o calendário de lutas dos terceirizados da Petrobrás. Os trabalhadores irão parar por 24 horas para exigir um basta aos ataques das prestadoras de serviço e somarem-se à luta nacional dos petroleiros. O processo de negociação com as empresas prestadoras de serviço para a Petrobrás, que sempre foi difícil e complexo, endureceu ainda mais diante do terrorismo imposto pelos patrões, que se utilizam da crise internacional para fugir de suas obrigações e aumentar lucros, às custas do trabalhador.
Os terceirizados da Petrobrás, além de sofrerem demissões e perdas de direitos, estão sendo submetidos a condições de trabalho ainda mais precárias. A exposição a riscos é constante e cada vez mais grave. Mais de 80% dos acidentes de trabalho na Petrobrás já são com terceirizados. Por isso, dois dos eixos da greve nacional de cinco dias indicada pelo Conselho Deliberativo da FUP são a garantia dos postos de trabalho em todo o Sistema Petrobrás e condições seguras de trabalho para dar um basta aos assassinatos cometidos pela Petrobrás.