Da Rede Brasil Atual – Se, de um lado, o presidente Jair Bolsonaro utilizou o 7 de setembro para fazer campanha e ameaças golpistas, o 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas aproveitou para exercer a solidariedade. Em São Paulo, sob frio de 13 graus e chuva incessante, o ato começou cedo na Praça da Sé, na região central. O local, durante o governo Bolsonaro, se tornou ponto de encontro de pessoas em situação de rua. Ali, os ativistas fizeram um grande café da manhã aos mais vulneráveis desde 7h, com café, suco, pão, frutas e distribuição de capas de chuva.
A estimativa dos muitos movimentos sociais que integram o grito foi de que mais de 5 mil refeições foram distribuídas. Os lemas do ato deste ano são “Por Terra, Teto, Pão e Democracia – Pão e viver bem” e “Brasil: 200 anos de (In)dependência. Pra quem?”. As tendas da Operação Baixas Temperaturas da Prefeitura de São Paulo ganharam a companhia de outras estruturas de acolhimento de pastorais, sindicatos, movimentos sociais, entre outros. “A Praça da Sé, infelizmente se tornou a casa de muitas pessoas e como a gente chega na casa dessas pessoas? Pensamos em ser um momento de acolhida do movimento social, sindical e das pastorais para essa população”, explicou o coordenador da Pastoral Operária, Paulo Pedrini.
Compromisso com o povo
“O Grito tem um compromisso contra a exclusão social, independente de quem seja o governo. De modo nenhum podemos deixar nossa pauta de lado, vamos estar sempre reivindicando o que é necessário para o nosso povo”, completou Pedrini. Além de São Paulo, o grito também foi atuante em muitas outras cidades, como Recife, Campo Grande, Porto Alegre, Natal, Belém, Curitiba, Belo Horizonte, Alagoas, Mossoró (CE), Santo André (SP), Aparecida de Goiânia (GO) e Rio de Janeiro. Na capital fluminense, a avenida Presidente Vargas contou com 5 toneladas de alimentos distribuídos em ação organizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). “O protesto percorreu ruas da região central estampando cartazes questionando o agravamento da fome e da miséria no país”, informa o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Bom dia, Mossoró. Estamos aqui na concentração do Grito dos Excluídos, mais um ato de resistência contra as ofensivas autoritárias de Bolsonaro e de seus apoiadores. Simbora!”, disse a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), de Mossoró.
Evaniza Rodrigues, ativista por moradia, esteve desde cedo na Praça da Sé. “Mais uma vez resgatamos essa memória tão importante. Movimento sindical, estudantes, movimentos populares estão aqui neste momento fundamental. Precisamos fortalecer a luta do povo que está na rua, isso é lutar contra o bolsonarismo”, disse.
Por dignidade
O Grito dos Excluídos acontece desde 1995 em todo o país no dia 7 de setembro. “A ação deste ano ocorre em um momento em que os dados relacionados à insegurança alimentar no Brasil são alarmantes, considerando que além de termos voltado ao mapa mundial da fome, já contabilizamos mais de 33 milhões de pessoas famintas no país”, afirma, em nota, Carla Bueno, engenheira agrônoma, militante do MST. “Queremos promover uma manhã de dignidade coletiva para estes que estão excluídos, abandonados pelo sistema político e à margem dos direitos civis, quando na verdade deveriam ter acesso a saúde, emprego, moradia, cultura e educação”, completa.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que também organiza os atos, divulgou um manifesto em favor do grito. “Queremos que os rostos e gritos de todas as realidades sejam vistos e ouvidos! É marca histórica do Grito, desde seu início, a defesa da democracia e da soberania dos povos”.