O Sindipetro-NF esteve reunido com a gerência geral da Bacia de Campos na última terça, 16, na base de Imbetiba, em Macaé, para apresentar cobranças dos trabalhadores próprios e terceirizados em relação a temas que envolvem segurança, salários, direitos, mudanças na Petrobrás e o ambiente de perseguição na empresa. A entidade foi representada pelo coordenador geral Tezeu Bezerra, pela diretora Rosângela Buzanelli e pelos diretores Alexandre Vieira e Sérgio Borges.
Os sindicalistas fizeram uma exposição inicial sobre as preocupações dos trabalhadores em relação ao futuro da companhia. A produção da Bacia de Campos no Rio de Janeiro, que esteve constante de 2012 a 2015, teve grande inflexão a partir de 2016 com a mudança das políticas da Petrobrás.
De maio de 2016 a dezembro de 2018 a produção caiu 28%. Na avaliação do sindicato, essa queda da produção é consequência da redução do número de trabalhadores e do montante de investimentos.
De maio de 2014 a janeiro de 2018, o efetivo da Petrobrás no Norte Fluminense teve queda de 27%. Essa redução é ainda maior entre os terceirizados, com queda de 63%.
Nos investimentos a redução é também muito expressiva, de 60% entre 2013 e 2018 na Exploração e Produção (E&P) total da Petrobrás. Na E&P da Bacia de Campos a queda foi ainda maior, em torno de 65%. Os dados utilizados pelo sindicato têm como base a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), os relatórios anuais da Petrobrás e estimativas calculadas pelo Dieese.
Venda de unidades
O NF manifestou junto à gerência geral a preocupação com as anunciadas vendas de unidades na Bacia de Campos, com graves consequências financeiras para a Petrobrás, para as relações de trabalho e para a segurança.
Para a entidade, os trabalhadores da Petrobrás não podem ser afetados por esta entrega do nosso patrimônio, devendo ter mantido os regimes de trabalho. Além disso, essa venda provavelmente irá acarretar uma piora nas condições de trabalho, pois a nova empresa dificilmente manterá as mesmas condições que a Petrobrás.
Terceirizados
O sindicato demonstrou ainda grande preocupação com os trabalhadores terceirizados. Situações que já ocorrem podem ser agravadas, como a perda de benefícios como plano de saúde para os familiares, redução de salário e direitos trabalhistas e desrespeito a direitos em contratos que estão sendo encerrados na Bacia de Campos.
O NF cobrou atuação da área de fiscalização de contratos para casos de empresas que mantém empregados sem plano de saúde e de empresas, como a CSE e a Elfe, que deram aviso prévio a trabalhadores enquanto ainda estavam embarcados. Outros casos também foram levados à gerência, como o atraso no pagamento de salários na empresa Kem Petro e o não pagamento de piso salarial na empresa BV.
Segurança
Os diretores do NF cobraram ainda ações efetivas em relação à insegurança das unidades e enfatizaram que a ferramenta do Sistema de Tratamento de Condutas em SMS não é adequada para reduzir acidentes. Para a entidade, o caráter punitivo de caça às bruxas reforça a subnotificação por parte dos trabalhadores que, com medo de punições, deixam de notificar os pequenos acidentes e incidentes. Sem o devido tratamento, estes pequenos casos somente aparecem quando da investigação de um acidente mais grave. O sindicato também avalia que essa ferramenta não atinge integrantes da alta gestão da empresa.
Como exemplos da permissividade desse sistema, o sindicato registra a ocorrência de incidentes de alto potencial, com queda de objetos (09 de dezembro passado em PPG-1; 16 de janeiro em PPM-1; 14 de fevereiro em P-37 e 16 de fevereiro em P-26), que não tiveram tratamento efetivo e culminaram em um acidente com vítima no último dia 11, na P-43.
Retorno
A gerência geral da Bacia de Campos se comprometeu em apresentar retornos sobre os temas apresentados pelo sindicato, incluindo um cronograma sobre as mudanças previstas pela gestão da empresa na região e a apresentação de um programa de segurança no trabalho.
