Em matéria publicada nesta segunda-feira, 29, o jornal Estado de São Paulo traça um panorama do desmonte do setor naval.
Principais trechos da reportagem:
Símbolo de um Brasil que tentou repetir o crescimento dos anos 70, o setor naval entrou em colapso. De um conjunto de 40 estaleiros instalados no País, 12 estão totalmente parados e o restante está operando bem abaixo da capacidade instalada. Sem encomendas, com o caixa debilitado e, em alguns casos, com sócios envolvidos na Operação Lava Jato, cinco desses estaleiros entraram em recuperação judicial ou extrajudicial. Dos tempos de euforia, sobraram uma dívida bilionária para pagar no mercado e quase 50 mil trabalhadores demitidos, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval).
(…) A euforia de investimentos em estaleiros começou no governo Lula, com a descoberta do Pré-Sal pela Petrobrás. A partir daí, começaram a pipocar projetos de novos estaleiros em todo o litoral brasileiro, uma grande notícia para o governo que queria gerar emprego e turbinar a economia. Para quem aceitasse o maior porcentual de conteúdo local nas embarcações, o governo se propunha a financiar até 90% do projeto. De 2007 para cá, algo em torno de R$ 45 bilhões foram desembolsados do Fundo de Marinha Mercante (FMM) por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e demais bancos públicos e privados para financiar o setor.
(…) Até 2014, a política do governo se mostrava positiva, apesar de alguns atrasos na entrega de projetos. A essa altura o setor empregava 82 mil pessoas e desenvolvia uma enorme cadeia produtiva. Mas, com a Operação Lava Jato, que atingiu em cheio a Petrobrás, queda no preço do petróleo e derrocada da Sete Brasil, empresa responsável pela contratação de navios para a estatal, a indústria naval brasileira desmoronou com uma sequência de cancelamentos de encomendas de embarcações. “Foi a tempestade perfeita”, diz André Carvalho, da Veirano Advogados.