Inflação de agosto é a maior em 21 anos, pressionada pela política de reajustes da Petrobrás

Da Imprensa da FUP – A inflação de agosto ficou em 0,87%, segundo o ìndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira, 09, pelo IBGE. É a maior taxa para o mês desde 2000. Em um ano, o índice já beira os dois dígitos, com uma taxa de 9,68% nos últimos 12 meses.

Novamente, o preço dos combustíveis exerceu o principal impacto na disparada da inflação, com aumento de 2,96% em agosto e 41,33% acumulado em 12 meses, sendo que 32,07% só em 2021.

A trajetória de aumento da inflação – 5,67% nos primeiros oito meses do ano e já acima do teto da meta – reflete a inviabilidade da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) usada pela Petrobrás para reajustar os combustíveis, como reforça o economista Cloviomar Cararine, da subseção Dieese da FUP.

“Os principais motivos para os aumentos que estão puxando a inflação não estão sendo atacados pelo governo. As expectativas são de permanência ou alta dos preços. A Petrobras mantém sua política equivocada de preços dos derivados; a alimentação disputa demanda com o mercado mundial e ambos setores (derivados e alimentos) acompanham a instabilidade do dólar”, explica.

De janeiro a agosto, a gestão da empresa reajustou a gasolina nas refinarias em 51%. No diesel, o aumento já é de 40%, mesmo percentual de alta do GLP (gás de cozinha) nas refinarias.

Os reajustes impostos pela Petrobrás se refletiram no IPCA, impactando o bolso do consumidor. Nos primeiros oito meses do ano, a gasolina teve alta de 31,09%. No diesel, o aumento acumulado foi de 28,02%. O etanol também registrou altas sem precedentes: 62,26% em doze meses, 40,75% no ano, e 4,50% em agosto.

Os efeitos em cascata dos reajustes dos combustíveis atingiram duramente também os transportes, que subiram 1,46% em agosto, exercendo forte influência sobre o IPCA entre os grupos. No ano, a alta já acumula 11,44%.

As estatísticas revelam que a deterioração no custo de vida dos trabalhadores vai mais além: o gás de botijão teve alta recorde de 23,79% nos primeiros oito meses deste ano, acumulando em doze meses, até agosto, 31,70%.

O reflexo da alta do gás de cozinha foi sentido no item alimentação e bebidas, que aumentou 13,94% em doze meses, ou 4,77% em janeiro/agosto.

Além dos combustíveis, a inflação vem sendo impactada pela energia elétrica, que sofre com problemas climáticos e falta de água nos reservatórios. “Os próximos meses serão de maior pressão de preços para as famílias brasileiras”, alerta Cararine, explicando que a alimentação disputa demanda com o mercado mundial e ambos setores (derivados e alimentos) acompanham a instabilidade do dólar. “A energia elétrica, que também está pesando, sofre com problemas climáticos e falta de águas nos reservatórios. Os próximos meses serão de maior pressão de preços para as famílias brasileiras”, destaca o economista.