Conquistas não caem do céu, nem são concedidas por ninguém. Todos os direitos e ganhos reais que os petroleiros conquistaram ao longo dos anos só foram possíveis porque a categoria se mobilizou, realizou greves e enfrentamentos contundentes com os gestores da Petrobrás e o governo. Desta vez não é diferente. Os petroleiros já estão em estado de greve e na quarta-feira, 19, mostrarão mais uma vez a força mobilizadora da categoria. É fundamental que todos os trabalhadores, próprios e terceirizados, estejam unidos e fortes na luta para conquistar suas reivindicações. Esta mobilização apontará para a Petrobrás a disposição da categoria em seguir em frente nos enfrentamentos e, se necessário, na greve com parada e controle de produção, cujas estratégias foram discutidas no Seminário Nacional realizado pela FUP no último dia 11.
Ganho real e defesa da vida
Nas cinco rodadas de negociação realizadas pela FUP, a empresa não apontou qualquer disposição política em alterar suas diretrizes de segurança e descartou em mesa toda a pauta da categoria referente à terceirização. Os avanços obtidos em relação à AMS, Petros, benefícios educacionais e anistia foram conseqüência da organização e força mobilizadora dos petroleiros. Mas ainda são muito tímidos em um processo de negociação, onde estão em xeque reivindicações sociais e econômicas que refletem a constante disputa que os trabalhadores têm travado com as gerências e o governo. É o caso do ganho real e das políticas de SMS e de terceirização, que já resultaram na morte de 309 companheiros, desde 1995, quando o receituário neoliberal transformou-se em pilar dos gestores da Petrobrás e demais estatais.
As respostas da empresa para algumas das reivindicações de SMS estão sempre limitadas aquelas velhas armadilhas já conhecidas dos trabalhadores: “avaliar”, “estudar”, “facilitar”, “onde couber”… Além disso, a Petrobrás não atendeu às reivindicações econômicas apresentadas pela FUP, como aumento real, mudanças no PCAC e extensão dos dois níveis recebidos pelos Júnior para todos os petroleiros.
Ou seja, fica mais uma vez claro que a Petrobrás continua resistente em valorizar os salários de seus trabalhadores e não quer resolver os problemas de gestão do SMS, nem a precarização gerada pelos altos índices de terceirização. Essa postura reforça o que os petroleiros já vêm denunciando há tempos: todas estas questões são políticas, de confronto direto entre os que defendem a vida e aqueles que colocam em risco o trabalhador para priorizar a produção. Não é a toa, que a Petrobrás pune quem luta por segurança e até hoje nunca responsabilizou qualquer gestor pelas 309 mortes em acidentes de trabalho, das quais mais de 80% foram com trabalhadores terceirizados. Na plataforma Vermelho-2 (PVM-2), na Bacia de Campos, por exemplo, três trabalhadores da Elfe foram recentemente demitidos por participarem da greve pela vida, no dia 22 de agosto.
Lutar para avançar!
Só haverá avanços significativos nesta campanha, se a categoria estiver mobilizada e unida para o enfrentamento com a Petrobrás. A organização e o poder de luta dos petroleiros já garantiram a antecipação da reposição da inflação, alterando, significativamente a forma de negociação com a empresa, que começou a campanha pautada, de fato, pelos trabalhadores. A hora, portanto, é de intensificar as paralisações do dia 19, atrasando, no mínimo, duas horas as trocas de turnos e o expediente administrativo, bem como suspendendo as emissões de PTs, uma forma de mobilização que tem impactado a empresa, tantos nas unidades de refino e terminais, quanto nas plataformas.
Conselho Deliberativo indicará próximos passos
No dia 21, a direção da FUP e seus sindicatos filiados voltam a se reunir no Conselho Deliberativo para avaliar as rodadas de negociação com a Petrobrás, as mobilizações do dia 19 e os encaminhamentos propostos pelo Seminário Nacional Preparatório de Greve. O Conselho apontará os próximos encaminhamentos em relação à campanha, bem como uma nova agenda de luta.
FUP leva pauta da categoria ao ministro Gilberto Carvalho
No dia 14, a FUP reuniu-se com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, reafirmando para o governo a necessidade de avanço em relação à pauta da categoria. Além de apresentar os pontos principais da campanha reivindicatória, como ganho real, nova política de SMS, fim da precarização gerada pela terceirização, entre outros pontos, a FUP mais uma vez cobrou a suspensão dos leilões de petróleo e um basta às mortes no Sistema Petrobrás, denunciando, novamente o alto grau de terceirização e óbitos na empresa.
PP-2 na Transpetro já pode ser implementado
Após mais de dois anos de luta e pressão da FUP junto aos órgãos do governo, Transpetro e Petros, o Plano Petros-2 será, finalmente, aberto para adesão dos trabalhadores da subsidiária. No último dia 14, a Previc publicou no Diário Oficial a autorização para que a Transpetro retire seu patrocínio do Plano Transpetro, e esteja, assim, apta a implementar o PP-2 para os trabalhadores que lutam há anos por um plano de fato previdenciário e com garantias, como benefícios de risco e benefício mínimo. Essa é uma conquista de toda a categoria, fruto da unidade e organização sindical dos petroleiros. O cronograma de adesão ao PP-2 será divulgado nos próximos dias pela Transpetro.
FUP participa dia 21 de mais um ato contra a privatização dos aeroportos
Os trabalhadores da Infraero realizam no próximo dia 21 greve de até 48 horas nos aeroportos de Brasília, Cumbica e Campinas. Os trabalhadores aeroportuários pretendem intensificar os protestos contra a proposta de privatização dos aeroportos brasileiros. A FUP, assim como a CUT, estarão solidárias aos trabalhadores e participarão de mais um ato público no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. No último dia 07, cerca 1.500 trabalhadores e militantes realizam uma manifestação no mesmo aeroporto, condenando a tentativa de privatização dos aeroportos e portos, setores estratégicos para o Brasil. Na ocasião, o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, falou em nome das demais federações de trabalhadores que participaram da 13a. Plenária Nacional da CUT, cujo encerramento foi feito durante o ato. Moraes ressaltou a importância da luta contra as privatizações e os setores reacionários do governo que insistem em retomar a agenda neoliberal que na década de 90 impôs ao país prejuízos incalculáveis, cujos reflexos até hoje são sentidos pela população. Moraes também enfatizou a luta dos petroleiros contra a continuidade dos leilões de petróleo e gás.
Anistiados da Interbrás e da Petromisa aguardam retorno à Petrobrás
Mais 27 anistiados da Interbrás e 20 da Petromisa tiveram seus nomes publicados em Diário Oficial para retornarem aos quadros da Petrobrás, após duas décadas de luta. No início do mês, outros 10 anistiados da Petroflex já haviam conquistado o direito de serem readmitidos. Segundo dados da Petrobrás, 1.357 trabalhadores demitidos pelas subsidiárias extintas ou privatizadas pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo já retornaram aos quadros da empresa, desde que o governo Lula começou a corrigir esta arbitrariedade. Ainda há 45 anistiados que tiveram seus processos autorizados pela Comissão Interministerial de Anistia (CEI) aguardando a convocação da Petrobrás e outros seis esperando a publicação no Diário Oficial. Cerca de 300 trabalhadores do Sistema Petrobrás demitidos injustamente no governo Collor ainda aguardam a análise da CEI. A agilidade no retorno dos anistiados é uma das reivindicações cobradas pela FUP nas rodadas de negociação com a Petrobrás. A anistia é uma das principais bandeiras da Federação e continuará pautando as lutas da categoria enquanto houver trabalhadores brigando para que este direito seja efetivado.