Intervenção Militar é uma prova de falência do Estado

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A intervenção militar no estado Rio de Janeiro foi aprovada na Câmara Federal na última terça-feira (20), pela maioria dos parlamentares, com a justificativa de conter a crise da segurança pública no estado. No entanto, no primeiro dia de ação o que se observa são cenas de violação aos direitos dos mais pobres e uma prova da “falência da política” do país.

Estampada na primeira página da Folha de São Paulo dessa quarta (21), a foto de uma menina negra observando um soldado do exército com um fuzil, enquanto as bolsas de crianças são revistadas é uma prova disso.

Acreditamos que o problema não só do Estado do Rio de Janeiro como de todo o país vai muito além e que essa intervenção está longe de ser a solução para crise.

O que o país precisa é da boas práticas de políticas públicas. Precisamos de incentivo ao emprego, educação de qualidade, incentivo a juventude, entre tantas outras ações que reduzam a desigualdade social.

“Infelizmente, a democracia não logrou tratar a segurança como tema social, continuou sendo caso de polícia”, observou o sociólogo Sérgio Adorno programa Entre Vistas, da TVT, comandado pelo jornalista Juca Kfouri, apontando necessidade de “reforçar laços com os cidadãos”, protegendo desde o nascimento. “O grande problema é que não se conseguiu construir para a opinião pública a ideia é de que temos pensar segurança de uma maneira inovadora: papel da escola, papel da vizinhança, oportunidade de trabalho para adolescentes. No brasil, essa imaginação não contaminou a nossa classe política, os nossos governantes e sobretudo os nossos planejadores, que continuam contabilizando política social como custo.”

Na ocasião, o sociólogo ressaltou ainda que a intervenção no Rio de Janeiro é um sinal de “falência da política”, que ocorre, segundo sua análise, quando um governante abdica de governar. Sem estar convencido da necessidade da medida, ainda que prevista constitucionalmente, ele observa que outros estados “começaram a entrar na fila” para pedir tropas.

 Intervenção afeta moradores de favela

 Em matéria publicada na FUP moradores das favelas e áreas de conflito da capital, que tiveram experiências anteriores com operações das forças armadas, afirmam que medida significa violação de direitos para os mais pobres.

Para a moradora da Maré, Gizele Martins, a presença do exército oprime e modifica o cotidiano dos moradores das favelas. “A gente sabe que quando tem uma intervenção como essa, as interrupções das nossas vidas passam a ser diárias, perdemos o direito de ir e vir. E a violência continua. Em 2016, tivemos pessoas assassinadas, nossas casas invadidas e até casos de estupros na Maré. Vamos sofrer tudo de novo”, afirma.

Como relembra Gizele, as forças armadas participaram de diversas operações militares no Rio outras vezes, como na ocupação do Complexo do Alemão e da Maré, em 2007, 2010 e 2016, e também durante a Copa e as Olimpíadas. Mas essa é a primeira intervenção militar decretada pelo governo federal desde 1988. Com ela, até dezembro deste ano, o general do exército Walter Souza Braga Netto terá o comando da Secretaria de Segurança, Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e do sistema carcerário no estado do Rio.