Isenção do IRPF, taxar bilionários e fim da escala 6×1 unem brasileiros em ato

Imprensa da CUT/Rosely Rocha

Na noite de quinta-feira (11), mais de 15 mil pessoas, segundo aferição do Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da Universidade de São Paulo (USP), se uniram na Avenida Paulista, em São Paulo, em apoio às reivindicações das Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, da CUT e das demais centrais sindicais.

Com o mote “Centrão, o povo não vai pagar a conta”, em virtude da oposição ao governo Lula no Congresso Nacional estar segurando as propostas do presidente da República em taxar os mais ricos e isentar o Imposto de Renda Pessoa Física para quem tem renda de até R$ 5 mil ao mês. O fim da escala 6 X1, proposto pela deputada federal Erika Hilton também não tem encontrado apoios na Câmara Federal.

Roberto Parizotti (Sapão)Roberto Parizotti (Sapão)
Ato na Avenida Paulista

Entre as milhares de pessoas presentes, o jornalista Edmir Nogueira dos Santos, de 58 anos, disse que foi ao ato por mais justiça tributária e social.

“Rico não paga imposto nesse país e pobre paga muito. Então isso tem que mudar de um jeito ou de outro. Além da taxa dos super ricos, é preciso lutar pelo fim da escala 6 por 1 e também pela isenção do imposto de renda”, disse Edmir.

O jornalista lembrou o estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de que a isenção do IR pode colocar no bolso de cada trabalhador mais de R$ 4 mil ao ano, o que significa para a grande maioria um 14º salário.

“Com R$ 4 mil a mais dá para programar uma viagem, fazer uma reforma na casa, utilizar para alguma necessidade de saúde e até mesmo deixar na caderneta de poupança para algo no futuro”, afirmou.

Ele também criticou a posição dos parlamentares do Centrão. “A gente precisa lutar para que esse Centrão mude a sua visão. Não adianta ficar em cima do muro e beneficiar apenas os ricos, isso não pode mais acontecer.”, concluiu Edmir.

Moradora da região da Paulista, a professora aposentada Terezinha Ferrari, de 72 anos, foi o ato atraída pela curiosidade, e embora não soubesse os motivos da manifestação, se identificou com as propostas principalmente a taxação dos bilionários.

Roberto ParizottiRoberto Parizotti
Ato na Avenida Paulista (SP)

“Eles não pagam nada de imposto de renda e está demorando para eles serem taxados. Acho que o povo tem de aderir mais e ir pra rua”, disse.

Outra professora que presente ao ato, mas sabendo das reivindicações, é Lucia Santos, de 32 anos.

“Enquanto uma pessoa trabalhadora, a gente percebe que a pauta contra o 6×1 é infinitamente pela vida do trabalhador. Eu já trabalhei nessa escala, mas hoje sou de escala 5×2, e sei como isso é pesado para o trabalhador”, disse Lúcia.

A professora também se posicionou pela taxação dos super-ricos; pelo fim do teto de gastos, que para ela é uma pauta importante e que é preciso defender a soberania do país, após a taxação nas exportações brasileiras pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“É preciso entender que o Brasil é soberano e qualquer organização de esquerda que se manifeste, se movimente, eu vou estar tentando somar”, afirmou Lúcia.

Já o técnico em edificações Joel dos Santos, de 29 anos, que faz parte de um movimento por moradia na zona leste de São Paulo, foi ao ato defender o fim da escala 6 x1 que o impede de estar mais tempo com a família, principalmente com sua filha de apenas quatro anos de idade.

“A gente trabalha muito e não tem tempo nem pra família, a gente só trabalha e no dia do descanso, já está exausto”, critica.

Trabalhador com carteira assinada, Joel que ganha em torno de R$ 3.500 mensais, defende a isenção do imposto para ter mais renda, juntar dinheiro e comprar a casa própria.

“Eu pago aluguel e é claro que eu queria investir numa moradia, para eu e minha família termos mais tranquilidade na vida”, contou.

Por outro lado, o produtor cultural Carlos Romero, que é MEI foi ao ato se solidarizar com o trabalhador que está na escala 6 x1 e se preocupa com a possibilidade do Congresso Nacional aprovar o trabalho sem folga, numa escala 7 por zero, como tem sido publicada nas redes sociais, mas ainda sem confirmação.

“Eu acho um absurdo o trabalhador não ter um tempo para descansar a cabeça e de ficar com a família”.

Ao saber que a isenção do imposto de renda pode acrescentar mais de R$ 4 mil ao ano nos ganhos do trabalhador, Carlos disse que usaria para viajar, mas criticou a demora do Congresso em aprovar o projeto.

“Esse Congresso não representa o povo. Eles têm que ouvir ,entender e se colocar no lugar do povo e resolver isso o mais rápido possível, porque já virou palhaçada”, afirmou o produtor cultural.

A dona de casa Rita de Cássia, de 51 anos saiu de São Bernardo do Campo com toda a família para ir ao ato. Casada com um trabalhador CLT, ela preferiu não se identificar por temer represália da empresa em que o marido trabalha. Ainda assim, criticou o Congresso Nacional, que segundo ela, não está trabalhando por pautas dos mais ricos, sem proteger o povo.

‘Eu vim protestar contra a escala 6×1 e pela isenção do imposto de renda porque com mais dinheiro você pode comprar mais alimento, investir numa educação, em curso profissionalizante, tem várias coisas que você pode investir para ter um futuro melhor”, declarou.