Jamais esqueceremos: tragédia de Enchova completa 41 anos neste sábado

Neste sábado (16) completam-se 41 anos da tragédia de Enchova. O acidente, que ocorreu em 16 de agosto de 1984, resultou na morte de 37 trabalhadores e deixou 19 feridos. A explosão na plataforma na Bacia de Campos, causada por um vazamento de gás, é considerada um dos maiores desastres industriais do Brasil.

No ano passado, para marcar a passagem de 40 anos, o sindicato promoveu exposição em suas sedes que contou com ampla visitação de estudantes e trabalhadores. A tragédia de Enchova é sempre lembrada como um marco na luta por melhores condições de segurança na indústria petrolífera.

Exposição no Sindipetro-NF em 2024 na passagem dos 40 anos do acidente de Enchova. Foto: Rui Porto Filho / Para Imprensa do NF

Relembre a tragédia

“Eram 3h30 da madrugada de quinta-feira, 16 de agosto quando um vazamento de gás, seguido de forte explosão e incêndio, fez estremecer as 22.600 toneladas da estrutura de aço da plataforma central de Enchova. Naquela madrugada fatídica se tornou um verdadeiro pesadelo para os 254 homens que trabalhavam em suas instalações” Revista Manchete, edição 1689 de 1 de setembro de 1984

O incêndio foi causado por uma explosão que ocorreu durante uma operação de manutenção. A explosão inicial foi seguida por uma série de outras explosões, agravando ainda mais a situação e dificultando as tentativas de controle do fogo. As chamas intensas e a fumaça densa tornaram o resgate dos trabalhadores extremamente difícil. Muitos deles se viram obrigados a pular no mar para escapar do incêndio, enfrentando grandes riscos de afogamento e queimaduras.

Segundo relatos de trabalhadores que estavam a bordo da plataforma, os pessoal da segurança informou que o fogo estava descontrolado e as pessoas foram para o ponto de encontro e de lá para as baleeiras. Enchova tinha cinco baleeiras com capacidade para 51 pessoas em cada. Todos estavam muito assustados, a grande maioria era jovem na faixa dos 20 anos e nunca tinham vivido uma situação parecida.

As pessoas aguardavam o momento de descer em ordem, mas após algum tempo foram orientadas a voltar ao ponto de encontro. Foi ali que souberam que os cabos de uma baleeira na hora da descida ficou engatado, o que fez com que ela quebrasse e trabalhadores despencassem no mar a uma altura de 18 metros.

“Na hora em que a baleeira deveria ser solta, de uma só vez nas duas pontas, ela só se desprendeu de um lado. Com o peso, mergulhou de bico no mar, calculo que a uns 6 m de profundidade. Consegui sair do meio das ferragens, mas vi muita gente morta lá dentro,” disse Pedro Paulo de Souza que estava na baleeira que desceu irregularmente.