Imprensa da FUP – Engana-se quem pensa que a presidente Dilma Rousseff é a principal vítima do golpe que tomou de assalto o Brasil. O impeachment arbitrário que sofreu é uma quebra institucional com consequências graves para a democracia. Mas tão perverso quanto isso é o retrocesso em que o país irá mergulhar, se não houver resistência dos trabalhadores.
O governo golpista de Michel Temer reúne o que há de mais conservador na política brasileira. Seu ministério foi montado para atender às pautas da Fiesp, dos banqueiros, latifundiários e entreguistas. Os direitos humanos e trabalhistas estão em risco, assim como as políticas públicas de inclusão social e de distribuição de renda conquistadas com sacrifício nos últimos 13 anos. O Pré-Sal e a Petrobrás, como vimos alertando, são o principal alvo dos entreguistas. Adivinhe quem vai pagar o pato?
Tchau, empregos?
Nos anos 90, a Petrobrás reduziu à metade o seu efetivo próprio, permanecendo mais de uma década sem concursos públicos. No início dos anos 2000, éramos 38 mil petroleiros em todo o Sistema. A partir de 2003, outros 40 mil trabalhadores foram admitidos, mas agora estamos novamente na iminência de perdermos metade dos efetivos da companhia, se não houver reposição dos postos de trabalho que serão eliminados pelo PIDV. A indústria naval, que empregava menos de 10 mil trabalhadores nos anos 90, chegou em 2014 com 84 mil operários. Hoje, emprega apenas 49 mil, mas pode chegar ao final do ano com menos de 37 mil trabalhadores, se os estaleiros continuarem em ritmo de fechamento e de demissões em massa. A redução da Petrobrás e o fim da política de conteúdo nacional estão na agenda dos golpistas. Quem vai pagar o pato das demissões?
Tchau, direitos?
O plano de governo de Michel Temer, batizado ironicamente de Ponte para o Futuro, é a volta ao passado de arrocho e cortes de direitos que a classe trabalhadora amargou nos anos 90 e início dos 2000. Na Petrobrás, chegamos a ter reajuste zero e perdemos conquistas históricas, como o avanço de nível automático, a dobradinha, o ATS e vários outros direitos. Tentaram até acabar com a jornada 14 x 21, a hora extra a 100% e impuseram diferenciações entre trabalhadores antigos e novos. Todas as conquistas que a categoria teve nos últimos 13 anos estão na mira dos golpistas. Na última campanha reivindicatória, os gestores da Petrobrás tentaram retirar do ACT mais de 80 cláusulas e só não conseguiram por causa da nossa greve. A conta do pato vai ser salgada, se não houver de novo resistência.
Tchau, Pré-Sal?
A redução do Estado e o desmonte do setor público são os pilares do projeto de governo dos golpistas. Tudo em consonância com os investidores estrangeiros e o mercado de capital. Não e à toa que o tucano José Serra, que já havia prometido à Chevron em 2009 mudar as regras do Pré-Sal, assumiu o Ministério de Relações Exteriores. Seu projeto para tirar a Petrobrás do Pré-Sal já passou pelo Senado e está em vias de ser aprovado também na Câmara. O futuro de uma petrolífera depende das reservas que conquista. O Pré Sal garante soberania energética ao Brasil e bilhões de barris de petróleo à Petrobrás. Sem o Regime de Partilha, adeus tudo isso. Se a maior riqueza do país for entregue às multinacionais, como querem os golpistas, quem você acha que vai pagar esse pato?
Tchau, Petrobrás?
O desmonte da Petrobrás, que com a greve de novembro conseguimos momentaneamente frear, está sendo acelerado pelos gestores, que já vinham trabalhando em favor dos golpistas e de sua agenda privatista. A Petrobrás é a menina dos olhos do mercado, que agora está com a faca e o queijo nas mãos para apropriar-se dos principais ativos da companhia. Se não houver reação dos trabalhadores, a Petrobrás perderá tudo o que conquistou ao longo dos últimos 13 anos, quando tornou-se uma empresa integrada de energia e uma gigante do setor. Esse pato custará caro aos trabalhadores e ao povo brasileiro.
Você vai aceitar a conta do pato?
Os petroleiros irão resistir ao desmonte de todas as conquistas que tivemos nos últimos anos? Aceitarão pagar o pato dos golpistas? Ou seguirão mobilizados junto com os demais trabalhadores, estudantes e movimentos sociais?