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Editorial

Da casa para a rua

São inegáveis os avanços conquistados pelos movimentos de mulheres em busca de empoderamento político. Ter o País, a Petrobrás e, agora, o Tribunal Superior Eleitoral, as suas primeiras presidentas, é sinal evidente do sucesso desta trajetória. No campo profissional, praticamente não há mais área onde não possa haver equidade de oportunidade de acesso entre homens e mulheres, ainda que sejam empecilhos as insistentes diferenças salariais (que poderá passar a ser passível de multa) e o machismo no ambiente de trabalho, que ainda faz figurar as mulheres como especialmente vítimas de assédio moral e sexual, além de encontrarem mais obstáculos para ascenderem aos cargos de chefia.

Há, no entanto, uma área que nos cabe especialmente assinalar: a do sindicalismo. E, neste campo, em raríssimos casos de profissões predominantemente ocupadas por mulheres, como o magistério, o número de trabalhadoras nas estruturas sindicais ainda é insuficiente para representar toda a demanda por representação política das causas femininas.

Evidentemente não se trata aqui de considerar que apenas mulheres estejam capacitadas para defender as suas causas. Há muitos homens políticos e sindicalistas sensíveis às bandeiras de emancipação da mulher, que em muito contribuem para o encaminhamento destas lutas. Mas não se discute que tem mais chances de entender melhor estas bandeiras quem as sente no cotidiano, na própria condição feminina.

Está no mundo privado parte da explicação para a presença insuficiente da mulher no mundo público. Seja por machismo empreendido pelos homens, ou por aquele incorporado pela própria mulher em uma educação familiar com este tipo de orientação, o fato concreto é que as mulheres ainda se sentem especialmente responsáveis pelas obrigações domésticas, e relegam em boa medida aos homens a intervenção nos debates das questões coletivas. Em geral, elas trabalham fora, têm boa escolaridade e profissão, mas chegam a casa e se sentem na obrigação de providenciar comida e roupa lavada, enquanto o homem descansa após um dia estafante.

Prova de que estas funções domésticas ainda não fazem parte do repertório dos homens está no fato de que a mulher pode até deixar de desempenhá-las, mas não porque os homens as assumiram, mas porque outra mulher, a empregada doméstica — quase nunca um homem, para não dizer nunca — as assumiu. A emancipação pública e profissional da mulher brasileira tem passado, em boa medida, pela manutenção de outra mulher, remunerada, para cuidar do espaço privado. Os homens, em sua maioria, continuam distantes deste universo da casa e até mesmo dos filhos.

Com toda esta dupla demanda, e tendo que enfrentar as conhecidas barreiras para se firmar profissionalmente, a mulher pouco consegue pensar em exercer outro tipo de direito fundamental: o de expressão e organização política, especialmente em ambientes ainda majoritariamente masculinos, como é o caso do setor petróleo.

Por isso, o Sindipetro-NF considera histórico o evento que reuniu em sua sede, na teça, 6, cerca de 180 mulheres para celebrar a passagem, hoje, do Dia Internacional de Mulher. Foi mais que mero almoço e apresentação de uma peça teatral. Pode ter sido o começo de algo maior e promissor.

 

Espaço aberto

O ventre que gerou a humanidade

 Ilma de Souza*

 Moro em Macaé, sou Técnica de Enfermagem do Trabalho e estou diretora do sindicato dos petroleiros na terceira gestão. Incomoda-me enquanto cidadã e consumidora as farmácias não terem para venda preservativo feminino. Desde 2000 o preservativo foi colocado no comércio para venda, passaram-se 12 anos e as farmácias e drogarias não dispõem do produto, pois alegam que ninguém compra. O preço ainda é muito alto (devido ser importada), gostaria de uma intervenção do governo para que haja maior divulgação, distribuição, obrigar e punir os estabelecimentos que deveriam ter para venda os preservativos e preços mais acessíveis.

Dia 08 de março é o Dia Internacional da Mulher, quero mais que receber flores, quero respeito! Quero respeito da sociedade, dos meus companheiros de jornada, seja no trabalho, sindicato, escolas, quartéis, universidades e em casa. Quero ter o direito de ser mulher, frágil, forte, decidida, trabalhadora e dona de casa, ser mãe, irmã, companheira, política, artista, professora e tantas outras… Sem violentar-me para ser um estereótipo masculino.

Em pleno Século XXI tenho que esconder meus valores, emoções e bancar ser quem não sou para ser aceita numa sociedade bélica, violenta e machista? Sou Mulher sim, respeite-me. A humanidade foi gerada num ventre “Terra e Água, e saiu das entranhas de uma MULHER QUE A PARIU.”

* Diretora do Sindipetro-NF.

 

Dia da Mulher no NF: Tudo e muito mais

Teatro lotado para assistir “Mulher é tudo” e celebrar a dor e a delícia de ser o que é

Evento promovido pelo Sindipetro-NF na terça, 6, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, reuniu cerca de 180 mulheres que lotaram o teatro da entidade, na sede de Macaé. Elas riram e se emocionaram com a peça “Mulher é tudo”, protagonizada pelas atrizes Maria Lucia Vidal, Fernanda Caetano, Monica Ramalho e Julia Couto.

A peça teve duração de 50 minutos e contou a história do encontro de quatro mulheres de idades diferentes — 17, 35, 54 e 70 anos —, com pitadas de humor e emoção. Elas dividem experiências do feminino conforme suas idades: primeira menstruação, gravidez precoce, dupla jornada de trabalho, abuso sexual, violência doméstica, beleza feminina, remédios para emagrecer, menopausa e “ninho vazio”.

Segundo o diretor Jitman Vibranovski, “na peça, as mulheres começam como meras desconhecidas e terminam como se fossem uma só. A mulher possui uma grande capacidade de compartilhar e os homens precisam aprender com isso”.

Prestigiaram o evento as diretoras da CUT Virginia Berriel e Gloria Ramos, e a subsecretária de Educação de Macaé e ex-diretora do Sindipetro-NF, Conceição de Maria.

Para viabilizar a participação das mulheres o sindicato colocou transporte gratuito nas bases e serviu almoço. A diretoria do Sindipetro-NF agradece a todas as petroleiras que participaram do evento e parabeniza a todas às mulheres pela passagem do 8 de Março.

 

Evento no NF abre série de atividades cutistas no RJ

O evento promovido pelo Sindipetro-NF está integrado a diversos outros programados por sindicatos cutistas no estado do Rio para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher. As atividades destacam a conscienti-zação política e reafirmação de reivindicações das trabalhadoras, entre elas a paridade na representação nas instâncias da CUT e ratificação da convenção 189 da OIT, que trata dos direitos das domésticas. 

Depois da apresentação da peça “Mulher é tudo”, na terça, 6,  e almoço com a categoria, no NF, acontece hoje ato público unificado no Largo da Carioca, no Rio, às 12h. Nesta sexta, 9, haverá lançamento de pesquisa sobre as trabalhadoras telefônicas e da Revista Interativa, com mesa de debate e coquetel no Sinttel-RJ, às 14h. No sábado, 10, movimentos sociais organizam o evento “Mulheres da Favela na Luta”, no bairro Oswaldo Cruz. E nos próximos dias 27 e 28, a Central realiza o Seminário sobre paridade e convenção 189, na sede entidade.

 

Preconceito salarial pode gerar multa

A prática de algumas empre-sas de pagar menos para mulheres do que para homens que exercem a mesma função está perto de ser punida legalmente. Projeto de lei aprovado em caráter terminativo, na Comissão de Direitos Humanos  do Senado, na terça, 6, determina que os empregadores que discriminarem as mulheres por meio da remuneração, pagando salários menores, estarão sujeitos à multa que pode chegar a cinco vezes a diferença salarial devida no período em que a empregada esteve contratada.

 

Cabiúnas

Nova punição confirmada no Tecab

Sindicato presta toda assistência à terceira vítima do autoritarismo na base

 

Após a confirmação da ocorrência de mais uma punição por perseguição política em Cabiúnas, o Sindipetro-NF está ultimando as providências para ingressar na Justiça contra a arbitrariedade. O Nascente havia noticiado os casos dos trabalhadores Cláudio Rodrigues Nunes e Mateus Ribeiro. Agora, o mais recente é o caso da petroleira Ana Paula Ararume, técnica de química e ex-cipista, que foi punida com cinco dias de suspensão em clara retaliação por sua participação em movimento grevista no ano passado.

Assim como fez com os dois outros trabalhadores, o NF garante à trabalhadora toda a assitência jurídica e apoio político. Para a entidade, não pode ser admitida nenhuma forma de constrangimento ao livre exercício da organização dos trabalhadores. 

A entidade oferece ainda ressarcimento financeiro dos descontos provocados pelas medidas punitivas, se assim desejarem os petroleiros atingidos. Como ocorreu em outros casos, os valores serão devolvidos pelos trabalhadores à entidade após a vitória na Justiça.

 

P-36 – 11 anos

Evento nos dias 14 e 15

O Sindipetro-NF promove nos próximos dias 14 e 15 evento e atos públicos para marcar a passagem dos 11 anos da tragédia da P-36. Os últimos detalhes da programação estão sendo ajustados. Está prevista a realização, dia 14, às 17h30, de mesa de debates com o tema “Interdições e Autuações na Bacia de Campos”, na sede de Macaé, e atos nos aeroportos no dia 15.

 

Insegurança crônica

Voo precisa ser arremetido durante pouso em PPM-1

 

Petroleiros da plataforma PPM-1 informaram ontem ao Sindipetro-NF a ocorrência, na segunda, 5, de um caso de cancelamento de pouso já durante a aproximação da unidade. A aeronave da empresa BHS prefixo CHD, que havia deixado o Aeroporto de Cabo Frio, arremeteu em razão de uma pane elétrica.

Em terra, os passageiros passaram por briefing e a situação foi explicada. Segundo a tripulação, houve variação de torque devido ao sensor ter enviado informações erradas para o coletivo. Em caso de pouso na plataforma, não haveria potência suficiente para decolar. Os procedimentos indicam a decisão de arremeter.

 

Curtas

Rádio NF especial

A Rádio NF mantém, durante todo o dia de hoje, programação especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Somente serão veiculadas músicas interpretadas por cantoras. Nos intervalos, informações sobre a origem da data.

 

MST

Cerca de mil mulheres se reuniram ontem, em Curitiba, para reivindicar políticas públicas voltadas para as mulheres camponesas. O encontro fez parte da mobilização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em  comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Somente no Paraná, são quase 20 mil assentamentos e seis mil acampamentos.

 

CPF grátis

Ajude a divulgar: a Caixa Econômica Federal, em homenagem ao Dia da Mulher, realiza até esta sexta, 9, a emissão de CPF de forma gratuita para o público feminino. Normalmente, a emissão do documento custa R$ 5,70 nas agências da Caixa, do Banco do Brasil e dos Correios. Para ter o CPF, é necessário ter mais de 16 anos e ter título de eleitor, ou ser representada por pais ou responsáveis.

 

Cetco

Os petroleiros da Cetco, em Macaé, têm assembléia hoje, às 7h30, no portão da empresa, para avaliar proposta patronal para o Acordo Coletivo de Trabalho. O sindicato indica a rejeição da contraproposta e aprovação de Estado de Assembleia Permanente.

 

ônibus do Tecab

Trabalhadores da base de Cabiúnas que utilizam os ônibus que partem de Rio das Ostras estão sofrendo com os constantes atrasos. Petroleiros costumam chegar uma hora e meia após o horário que deveriam. Os problemas de transporte no terminal já provocaram várias ações do Sindipetro-NF em 2011, mas a Transpetro continua insensível ao problema.

 

PELA VALORIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO

Cerca de 50 trabalhadores, entre técnicos de manutenção e diretores do Sindipetro-NF, realizaram no último dia 1°, entre 12h e 13h, no restaurante do Terminal de Cabiúnas um almoço em conjunto. Todos entraram e saíram ao mesmo tempo, vestindo uma camiseta branca com os dizeres “Pela valorização da Manutenção, Já” e “Manutenção Sempre, Exploração nunca”. O grupo realiza movimento pela valorização da Manutenção de Cabiúnas.

 

Contra o Assédio Sexual

Também para marcar as atividades da semana da mulher, o Sindipetro-NF realiza panfletagem nesta sexta, 9, da cartilha que traz informações sobre como reagir em casos de Assédio Sexual.

 

Curtinhas

** A Universidade Candido Mendes, em Campos, promove hoje, às 16h, o lançamento do livro “Mar de Riqueza, Terra de Contrastes – O Petróleo no Brasil”, organizado pela pesquisadora Rosélia Piquet. 

** A programação do lançamento inclui palestra da autora de um dos capítulos, Paula Nazareth, do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, sobre o novo marco regulatório e os impactos nas finanças do estado e dos municípios.

** Depois de muita pressão, a presidência da Embrapa se comprometeu a não apoiar projeto de lei que propõe transformá-la em empresa de economia mista.

** A ministra Cármen Lúcia Rocha foi eleita na terça, 6, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o biênio 2012/2014. Ela será a primeira mulher a liderar a corte eleitoral e será responsável pelas eleições municipais de 2012. 

** Cármen Lúcia tem sido uma defensora dos direitos das mulheres nas sessões do STF. Após ser eleita, ela lembrou que o fato se dá aproximadamente 80 anos após as mulheres terem conquistado o direito de votar.

** A presidente Dilma  Rousseff dedicou o programa semanal de rádio da Presidência a um relato das ações do governo para as mulheres.

 

Normando

 

Ser mulher e Mudar o Mundo

 

Simone de Beauvoir certa vez escreveu que “não se nasce mulher: torna-se”. De minha parte, acredito que nos tornamos mulheres através de nossas atitudes, e evoluímos na medida dos valores que elas afirmam. Complicado? Não é não.

Basta lembrar a origem do “8 de março”: operárias mortas num incêndio, em represália a uma greve, na Nova Iorque do século XIX. Quem eram? Eram mulheres sujeitas à mesma tripla jornada de serem mães, administradoras de suas casas, e trabalhadoras. E que, além de tudo isso, ainda se faziam mulheres para seus maridos, parceiros, namorados. Como todas nós.

Isso não mudou em nada. Se hoje as empresas não nos queimam vivas, por fazermos greve, em compensação, nos é cobrado que sejamos sempre mais eficientes do que os homens, ainda que com salário menor. Tudo isso enquanto cumprimos a mesma tripla jornada. E ainda, por muitas vezes, somos as únicas chefes da família.

Em outros aspectos muita coisa mudou. O Brasil elegeu a 1ª Presidenta da República, uma mulher preside a maior empresa do Hemisfério Sul, a Petrobrás, e a mim coube a honra de ser a 1ª mulher a presidir a OAB/Macaé, minha Cidade, que já dera ao País sua 1ª advogada – Myrthes de Campos, formada em 1898 pela então Faculdade Nacional de Direito.

Não bastasse a dificuldade que Myrthes encontrou para entrar na Faculdade e concluir o curso de Direito, o Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil (IOAB) somente em 12 julho de 1906, aprovou o seu ingresso na carreira numa eleição onde vinte e três votos foram contra.

As dificuldades e preconceitos não nos podem brutalizar. O exercício da liderança pela mulher, não exige que ela seja desumanizada, ao contrário.

As mulheres são capazes de trabalhar, estudar, cuidar da casa, cuidar da família, fazer ao mesmo tempo uma ou todas essas múltiplas tarefas, e ainda assim a tudo superar, e se mostrar capaz de sonhar com um mundo melhor, e de lutar por ele. E essa, sim, se tornou MULHER.