Leia o Manifesto dos petroleiros da P-40

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Manifesto de repúdio de P-40

Nós, trabalhadores embarcados em P-40, presente na assembléia, (oitenta e dois, 82) no dia 06/09, das empresas: Petrobras, Cegelec, Dall, IESA, Fulgro e Elfe, viemos através deste manifesto demonstrar a nossa insatisfação no que diz respeito ao momento vivido atualmente por todos os trabalhadores (as) offshore na Bacia de Campos onde somos obrigados a prorrogar a nossa jornada de trabalho por 1, 2 ou 3 dias diminuindo assim o tempo em que passamos em ambientes sociais e familiares; A nossa escala é 14X21 ou 14X14; Após esse tempo de trabalho (14 dias) é opção do trabalhador ficar ou não embarcado, a empresa tem a obrigação de retirá-lo da unidade caso ele não queira ficar, pois o contrário pode caracterizar “cárcere privado”.

A Petrobrás diz estar concentrando esforços para normalizar o CAOS AÉREO, no entanto o que faz para mitigar os transtornos causados? Adia os vôos de companheiros, que muitas vezes, sofrem perda salarial em virtude do atraso e prioriza vôos de unidades em parada de manutenção, as “Paradas Programadas”. Prioriza, pois atrasos de paradas significam PREJUÍZO.

Aliás, esta palavra, PREJUÍZO, é a única que incomoda o corpo gerencial da Petrobrás e dos investidores sanguessugas que hoje comandam sorrateiramente esta empresa. Palavras como TRAGÉDIA, MORTE, ACIDENTE, INVALIDEZ, SOFRIMENTO… só têm significado se vierem acompanhadas da palavra PREJUÍZO. Trabalhadores estão esgotados nos aeroportos, sentados no chão do saguão ou nas calçadas durante 5 horas, depois desta esgotante espera, os vôos são transferidos e estes trabalhadores retornam ao nascer do dia aos aeroportos para mais um dia de sofrimento. Tudo normal, sem PREJUÍZO.

Se a empresa consegue aeronaves para trazer e levar o pessoal de contingência mínima (mais conhecidos como KIT PELEGOS), colocando também como prioridade os vôos de parada de manutenção, vide (P-37 E P-33) então porque não resolve de uma vez a necessidade dos trabalhadores que completaram a sua jornada.

Após o acidente (19/08) onde 4 trabalhadores perderam suas vidas, o sindicato deu o indicativo de GREVE POR SEGURANÇA E VIDA COM PARADA DE PRODUÇAO DE 24 HORAS, onde apenas 12 Plataformas historicamente fizeram o “dever de casa”. Diante disto, mesmo não sendo a greve julgada, os companheiros estavam lutando por melhores condições no transporte aéreo dos trabalhadores offshore, por segurança, pela vida.

O “bônus” que ganhamos foi a punição 8 trabalhadores. Advertências, suspensões de 3 até 15 dias (em PVM e PPG-1) e assédio, apenas por participar da greve que tinha como objetivo a preservação de nossas vidas. No entanto esta greve indicava “Parada de Produção” que significa PREJUÍZO, a única que a Petrobrás entende. O pavor desta palavra, que sempre leva nossa gerentada as raias da loucura, a ponto de cometer o absurdo de nos deixar incomunicáveis com o resto do mundo, cortando internet, telefone, violando princípios da dignidade humana, direitos fundamentais garantidos, a todos os cidadãos, pela nossa Constituição, mais uma vez tenta nos amedrontar com punições exemplares. Este é o único objetivo destas punições covardes: TERRORISMO. Não devemos apenas buscar politicamente reverter essas punições, devemos neutralizá-las imediatamente e o único modo é vencer os nossos medos. Não deixaremos que estas punições abrandem nossos ânimos e nos façam desistir de lutar pela nossa segurança e pela nossa vida. Aliás, nada fará.

Diante do cenário insustentável ao qual estamos submetidos, sugerimos que todos os trabalhadores se manifestem, cobrando dos seus respectivos representantes sindicais para que possamos, todos juntos fazer um movimento para cobrança do cumprimento real da nossa escala de trabalho normal, com segurança e respeito. Vamos realizar manifestações de repúdio nos aeroportos de Macaé e Farol de São Tomé e Cabo Frio; Vamos chamar a atenção da imprensa, divulgar o que está acontecendo com os trabalhadores do setor petróleo que ainda garantem a auto-suficiência de petróleo em nosso país, apesar da insegurança, descaso, e sangue derramado.
   
Salientamos que o Sindipetro-NF deve cobrar da Petrobrás o seguinte:

1- Trabalhadores da IESA da P-40, que não embarcaram (só recebem os dias com o salário básico), mesmo tendo ficado o dia todo no aeroporto a disposição da BR.

2-  Os trabalhadores que precisaram remarcar as suas passagens aéreas e terrestres, tendo gastos extras, que a BR pague estes “gastos”.

3- Que o RH, encaminhe de uma forma padrão, orientações para todas as gerências, no que se refere a pagamento de HE por eventuais atrasos no início dos trabalhos ou antecipação do término, por ações que independam do empregado, que conforme alínea c.1 do item 6.2.1 do PG-3EA-00540-K (Procedimentos de Freqüência no âmbito da UO-RIO, serão estas horas consideradas como de efetivo trabalho.

4- Foi relatado por trabalhadores da empresa DALL que, ainda antes da última tragédia da Bacia, os companheiros permaneceram, por diversas vezes, 4 a 5 dias aguardando embarque, sofrendo a mesma angústia que hoje aflige toda a Bacia.

MEXEU COM MEU COMPANHEIRO, MEXEU COMIGO!

Petroleiros de P-40