Aos companheiros da Bacia de Campos
Mais uma vez a categoria petroleira é convidada a se mobilizar em função de um tema que não diz respeito às suas demandas imediatas —ou, mais especificamente, financeiras. É em momentos assim que uma categoria demonstra a sua importância histórica. Revela se age como um grupo isolado que pensa apenas em si mesmo ou se utiliza a sua força para ser um agente político que interfere na vida da sociedade.
Os petroleiros estão presentes em quase todas as grandes mudanças que ocorreram no país nos últimos 30 anos. Só para que se tenha idéia desta presença, foi em uma assembléia de petroleiros que o então líder sindical metalúrgico, Lula, falou pela primeira vez na necessidade de que os trabalhadores criassem um partido, já que não bastava lutar por salários e condições de trabalho quando a vida das pessoas é decidida na grande política institucional. O restante da história é conhecida.
Nos anos FHC, a Petrobrás esteve a um passo de ser privatizada, depois de ter sido fatiada e sucateada. Até mesmo o nome da empresa por pouco não foi mudado. E tudo isso foi evitado, pelo menos em suas conseqüências mais nefastas, em razão da grande pressão exercida pela sociedade em geral e pelos petroleiros em particular.
Faz tempo que os trabalhadores se descobriram como agentes políticos, e não apenas como acessórios das máquinas. E se isso é verdade para qualquer profissão, é especialmente verdadeiro para o caso de trabalhadores do setor de energia, que sabem do valor estratégico da sua atividade. Os petroleiros têm a responsabilidade histórica de não se omitirem no debate sobre o que o país faz e fará em relação ao tema.
Todo petroleiro sabe o quanto está em jogo quando se fala em petróleo. Também sabe que, se não houver resistência ou o mínimo de sinalização em contrário, a concentração se estabelece e a ganância de poucos vence em relação às necessidades de muitos. As reservas brasileiras são um patrimônio da Nação e não podem servir de campo predatório para as empresas internacionais do setor.
A mobilização dos petroleiros pode não evitar que o leilão marcado para a próxima quinta-feira aconteça. Isso é verdade. Mas também é verdade que a ausência de mobilização caracterizará a omissão da categoria e um sinal verde para que os predadores de sempre avancem sem encontrar oposição. Seria um papel vergonhoso para uma categoria com a importância da petroleira.
Por outro lado, ao fazer uma forte mobilização, os petroleiros conseguem mostrar para os acionistas da Petrobrás a posição da categoria em relação ao tema e, especialmente, mostrar para o acionista majoritário (o governo brasileiro) que há pressão para que ele acabe com os leilões. Além disso, uma mobilização intensa é a única forma de provocar espaços na mídia para que o assunto ganhe visibilidade, provocando uma reflexão na sociedade.
Por isso, é muito importante que, em cada unidade, todo petroleiro tenha a dimensão da importância deste momento e da sua condição de agente político. Muita luta se deu na história dos trabalhadores para que este se reconhecesse como alguém que tem o direito de interferir na vida pública, e não podemos jogar essa história no lixo.
Vamos todos às assembléias neste domingo, 14, com retorno de atas até 12h da segunda, 15, com o indicativo para as plataformas de paralisação de PT´s e serviços de rotina na terça,.16. Vamos mostrar que, além de petroleiros, somos brasileiros e nos preocupamos com o futuro do nosso país. A categoria, mais uma vez, está convidada a fazer história.
Saudações sindicais
Diretoria Executiva do Sindipetro-NF
Macaé, 14 de dezembro de 2008