Levantamento aponta 10 casos recentes de descaso com a vida do petroleiro

A diretoria do Sindipetro-NF fez um levantamento dos últimos casos de mau atendimento a bordo e situações onde o trabalhador faleceu na unidade. O sindicato está montando um dossiê para as autoridades competentes e precisa da colaboração de todos os petroleiros da Bacia de Campos, independente da empresa onde trabalhem. Relatos de casos de negligência no atendimento médico devem ser encaminhados por email [email protected], o sigilo da fonte será mantido, mas é importante que os dados sejam colocados nos relatos para futuro contato da direção do NF. As informações devem ser enviadas o mais breve possível, mas esse canal estará sempre aberto para as denúncias da categoria.Vejam alguns dos relatos:

ADOECIMENTOS

20 de janeiro de 2015 – Ricardo Fernando Alarcon Garcia, funcionário da Weatherford,foi encontrado sem sinais vitais em seu camarote após ter tido provavelmente um infarto. O Sindipetro-NF apurou que o trabalhador havia procurado a enfermaria da unidade, onde foi atendido pelo técnico de enfermagem à bordo horas antes. Médico de terra foi consultado para avaliação à distância e o mesmo orientou que o técnico desse um remédio para controle da pressão de Ricardo e mandasse ele descansar no camarote. Para a direção do Sindipetro-NF, a vida do trabalhador foi tratada de forma negligente.
Seu desembarque estava previsto para acontecer na quarta, 21.

06 de dezembro de 2014 – Em P-65, trabalhador passou três dias a bordo com febre alta (39º) e gastroenterite. Desta vez, mesmo a equipe médica estando a bordo de uma UMS, resistiu em realizar o desembarque.
Só desembarcou após interferência do Sindipetro-NF. Em um hospital em terra, foi diagnosticado com infecção bacteriana e, até a tarde de ontem, ainda era mantido em tratamento com antibiótico.

25 de novembro de 2014 – Petroleira foi à enfermaria da plataforma, relatou um incômodo na garganta e foi medicada, atendida por um técnico de enfermagem a bordo e por um médico por telefone. No dia seguinte, saiu do turno passando mal, e após atingir 39,5°C recebeu novo atendimento por telefone e indicação de novos medicamentos, mas não foi afastada do trabalho pelo médico. Dois dias depois a trabalhadora continuava com febre alta e cuspia sangue. Passados quatro dias é que desembarcou, após pressão dos colegas e do NF. No hospital, foram detectados dois abscessos em uma das amígdalas.

maio de 2014 – Um trabalhador foi mantido a bordo de P-56, mesmo urinando sangue, e desembarcado no quinto dia dos sintomas, após intervenção do sindicato. Exames identificaram a presença de um cálculo renal de 10 mm.

julho de 2014 – Trabalhador sofreu dois infartos a bordo de P-56, que não foram diagnosticados por um médico da Petrobrás que o atendia por telefone, de São Paulo. O petroleiro passou o dia e a noite com muita dor no peito e só desembarcou em um voo normal da plataforma, no dia seguinte, sem direito a ambulância e acompanhante. Mesmo em terra, uma médica da companhia afirmou ter havido apenas uma distensão muscular. Somente após consulta a uma médica particular foi detectada as ocorrências dos infartes e realizadas duas cirurgias.

07 de junho de 2014 – Petroleiro de P-18 com princípio de infarte teve demora no atendimento. Próximo ao final do expediente teve um mal estar, terminou a PT e foi à enfermaria,mas não encontrou o profissional. Se dirigiu ao camarote, mas só após duas horas é que seus colegas conseguiram contactar o profissional. O médico em terra pediu um eletrocardiograma e que o resultado fosse enviado. O aparelho é plugado ao telefone para que transmita os dados, porém a confirmação de recebimento dependia de novo contato, o que só aconteceu depois de mais algumas horas. Ao desembarcar foi encaminhado a um hospital em Campos onde ficou quatro dias, por conta de um infarte.

ÓBITOS

12 de outubro de 2014 – Trabalhador da UTC queixou-sede dores abdominais e dois dias depois foi desembarcado de PPM-1 pelo resgate aeromédico. Foi levado para atendimento em um hospital em Campos dos Goytacazes. Diagnosticado com quadro avançado de pancreatite, não resistiu e veio falecer no dia 16.

12 de outubro de 2014 – Outro trabalhador da Tranship Transportes Marítimos Ltda passou mal a bordo da embarcação TS Ouriçado afretado da US-LOG e foi levado para a enfermaria da P-52, aonde já chegou sem os sinais vitais.

5 de outubro de 2014- Denúncias dão conta que uma trabalhadora taifeira compareceu três vezes a enfermaria durante seu embarque em NS-34 com queixas de hipertensão arterial. Apesar do quadro, foi mantida a bordo e desembarcou na sua escala normal. No aeroporto de Jacarepaguá desmaiou, chegou a ser reanimada pela equipe médica no saguão do aeroporto, mas não resistiu e veio a falecer na ambulância a caminho do hospital.

19 de setembro de 2014 – Trabalhador da Petrobrás sentiu-se mal e após atendimento por vídeo conferência em PCH-2 foi medicado e mantido a bordo. Horas mais tarde foi encontrado caído próximo ao banheiro. Trazido para unidade hospitalar não resistiu e veio a óbito. Segundo seus amigos, o trabalhador ao ser desembarcado já havia falecido.

12 de junho de 2014 – Corpo do trabalhador foi encontrado no mar, próximo ao navio sonda NS-11, às 10h10, após a tripulação da embarcação Malaviya 29 onde trabalhava ter sentido sua falta.

26 de março de 2014 – Trabalhador da Tranship Transportes Marítimos Ltda sofreu mal súbito, seguido de queda a bordo da unidade TS Luxento (próximo a P-31), aonde faleceu.