Levantamento realizado por diretores do Sindipetro-NF nesta semana, que tiveram acesso aos números de adesões ao PCR da Petrobrás (Plano de Cargos e Remunerações), mostra que apenas 14% dos petroleiros e petroleiras embarcados nas plataformas da Bacia de Campos aderiram ao plano. Para a entidade, essa baixa adesão mostra que a categoria está entendendo as advertências do sindicato, que tem mostrado os danos dessa armadilha feita pela gestão da companhia.
“Não vamos aderir a esse PCR, é fraudulento, é inconstitucional, a gente não pode aceitar essa imposição da Petrobrás, que vem pressionando os trabalhadores para que se crie um desespero geral”, protesta o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, que junto com o também diretor Alexandre Vieira, fez o levantamento.
Os números levantados mostram a adesão em 45 plataformas da UO-BC e UO-Rio até às 12h do último dia 25. Dos cerca de 14% que aderiram ao PCR nestas unidades, 6% ocupam cargos de chefia, o que revela uma maior adesão proporcional neste segmento mais afinado com a alta gestão da empresa. O sindicato não teve acesso aos números de adesão nas bases administrativas.
O sindicato tem reafirmado a orientação de não aderir ao plano, advertindo que o PCR está sendo imposto pela Petrobrás, prejudica os trabalhadores e não foi negociado com a FUP e seus sindicatos.
“As gerências, o RH da empresa, têm feito campanha pelo PCR, continuam mentindo, dizendo que negociaram com o sindicato. Foram até pegos em flagrante por uma diretora nossa. Parem de mentir, não teve negociação. Nós somos contra esse PCR que só traz malefícios aos trabalhadores. Se queriam implementar o PCR, por que não negociaram? O PCAC foi negociado”, denuncia o coordenador do NF.
Prejuízos aos trabalhadores
Matéria publicada pelo boletim Nascente desta semana traz simulações realizadas pelo economista Iderley Colombini, do Dieese no Sindipetro-NF, partindo de determinados cenários, que demonstram o prejuízo ao trabalhador que aderir ao PCR. Em um caso onde o empregado tenha avanço de nível por antiguidade e sem penalidades, no PCAC, em 10 anos, ele terá um crescimento de 30%, no PCR o mesmo aumento levaria 35 anos.
No PCAC, para alcançar o ultimo nível, o trabalhador precisa de 48 anos, enquanto no PCR seriam nada menos do que 165 anos. Ainda no PCAC, em cinco anos, o cargo traz um ganho de 2,7 remunerações a mais que o PCR.
“No PCAC, sem penalidades, a cada 1,5 anos há um aumento real de 3,8% na remuneração, o reajuste salarial negociado em acordo coletivo. O abono que a Petrobrás dá para a migração é de duas remunerações, mas em cinco anos o PCAC já tem um ganho de 2,7 remunerações a mais”, explica o economista.
Ação na Justiça
O Sindipetro-NF ingressou, no último dia 10, com ação judicial para cancelar o PCR (Plano de Cargos e Remunerações), implantado unilateralmente pela Petrobrás. A companhia insiste em uma série de ilegalidades, mente sobre a inexistente concordância dos sindicato e usa gerentes para coagir trabalhadores e trabalhadoras a aderirem individualmente.
A ação movida pelo Sindipetro-NF requer à Justiça que seja considerada nula a alteração nos contratos individuais, que o “cargo amplo” (previsto no PCR) seja declarado ilícito, que a Petrobrás seja condenada a retornar todos os contratos individuais à situação anterior à adesão e retificar apontamentos nas carteiras de trabalho e registros dos empregados.