Mais uma vez, Petrobras pode trocar o Rio pela Ásia para construir plataformas

Petrobras avalia construção de plataformas na Ásia

*Raphael Fernandes, do “Diário do Rio”

Em meio à crise econômica que em especial assola o Rio de Janeiro, fazendo com que o estado permaneça no Regime de Recuperação Fiscal e bata recordes de desempregados, a Petrobras lançou recentemente a licitação de duas grandes plataformas para o campo de Búzios, localizado no pré-sal da Bacia de Santos, mas no litoral fluminense.

No entanto, a tendência é que as duas unidades (p-78 e P-79) sejam construídas na Ásia, e não no Brasil. Por aqui, a construção das plataformas geraria cerca de 8 mil empregos diretos e 80 mil indiretos, segundo informações do site “Agenda do Poder”.

”Tive uma conversa com o presidente da Petrobras (Roberto Castello Branco). Ele foi claro: ‘Vou comprar onde tiver de comprar com preço mais baixo”’, diz Sérgio Bacci, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

No Rio, dois estaleiros estariam aptos a construir as duas plataformas: o Inhaúma (antigo Ishibras), no bairro do Caju, na cidade do Rio de Janeiro, e o Brasfels, em Angra dos Reis, no Sul do estado. Ambos teriam espaço e capacidade técnica para obras dessa magnitude. Porém, a tendência é que nenhum deles seja escolhido.

Antes de sucesso, a indústria naval do RJ sobrevive atualmente de reparos, sem grandes encomendas. Em 2014, por exemplo, eram cerca de 30 mil trabalhadores, com 120 mil empregos indiretos no estado. Hoje, são apenas 9 mil. No Brasil, a diminuição da quantidade de postos de trabalho no setor foi significativa: de 82 mil para 30 mil.

 

 

O Brasil tem dificuldades em produzir de maneira similar à Ásia, financeiramente falando, devido à indústria naval nacional funcionar esporadicamente, sem conseguir ter uma regularidade nas encomendas, o que diminuiria os custos de produção.

Ainda segundo Bacci, do Sinaval, o liberalismo imposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, neutralizou qualquer tipo de obstrução ao desmonte do setor, estratégico para o país, já que o Brasil é dono de um amplo volume de reservas do pré-sal. Nem mesmo a Federação das Indústrias do Estado do RJ (Firjan) ou a bancada fluminense no Congresso Nacional conseguem se mobilizar em torno de uma virada de chave nessa questão.