Estudantes do curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Macaé realizaram um protesto nesta quarta-feira (27), para denunciar a defasagem crescente e problemas estruturais na formação acadêmica. O Sindipetro NF é solidário aos estudantes de todos os níveis públicos que lutam por um ensino de qualidade, público e gratuito.
Segundo os alunos, a falta de professores efetivos e de campos de prática adequados tem comprometido seriamente o ensino, levantando questões sobre a qualidade da educação oferecida pela instituição no interior do estado.
Um dos principais pontos de reclamação é a carência de professores em disciplinas-chave. Recentemente, o curso perdeu três docentes titulares nas áreas de doenças infecto-parasitárias, reumatologia e dermatologia. Embora a UFRJ tenha convidado professores para aulas esporádicas, os estudantes afirmam que não há um cronograma fixo nem um profissional efetivo responsável pelas cadeiras, o que prejudica a continuidade do aprendizado.
De acordo com os estudantes Arthur Miranda, Juliana Amaral e Hannah Hofmann, a situação cria uma espécie de desigualdade em relação aos alunos da universidade na capital, que contam com um corpo docente completo. A percepção de que são “marginalizados” e “silenciados” pela reitoria no Rio de Janeiro motivou o ato, que busca chamar a atenção para a necessidade urgente de contratação de novos profissionais.
A insatisfação se estende ainda à fase de internato, a parte prática da formação médica. Os estudantes relatam uma grave deficiência nos campos de prática. “Quando a gente chega no campo prático é totalmente hostilizado e depende da boa vontade de algum médico, já que não existe um acordo firmado entre a universidade e a rede de saúde”, apontam os estudantes.
Além da falta de espaços, há uma carência de preceptores, que são os médicos responsáveis por acompanhar e guiar os estudantes com um olhar acadêmico durante a prática. Os alunos ressaltam que a quantidade de preceptores é insuficiente para atender a demanda, comprometendo o acompanhamento individualizado e a qualidade do aprendizado em campo.
“Macaé só tem a ganhar. Um médico que já chega inserido na rede de saúde consegue atender melhor a população porque conhece os fluxos de atendimento, o perfil populacional e a epidemiologia do lugar”, avaliam os alunos.
Entre as propostas apresentadas pelos estudantes está a criação de um ambulatório escola. Nesse modelo, a população teria acesso a atendimentos com especialistas, enquanto os alunos poderiam colocar em prática o que aprendem em um ambiente, com a supervisão adequada.
O protesto ressalta um dilema central da UFRJ Macaé: a universidade surgiu com a proposta de interiorização do conhecimento, mas, segundo os alunos, na prática a falta de estrutura e investimento têm comprometido a qualidade do ensino. Os estudantes buscam uma resposta efetiva da reitoria da universidade, cobrando mais professores, mais campos de prática e uma estrutura melhor.