Da Rede Brasil Atual – Seis ativistas, em greve de fome há 10 dias em Brasília, se encontraram ontem (9) com o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Dois dias antes, eles protocolaram 11 pedidos de audiências, um para cada ministro. Durante o encontro, os militantes explicaram os motivos da atitude extrema. “No primeiro momento, colocamos nossa pauta. Falamos do que se trata nossa greve”, disse Rafaela Alves, após deixar o prédio do Supremo.
Entre as razões para o movimento está o pedido de liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a denúncia do empobrecimento do país após o impeachment da presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT). Para os militantes, a agenda neoliberal de Michel Temer (MDB) é responsável por retrocessos históricos que devem ser combatidos.
Jaime Amorim, que também está em greve de fome, contou que Lewandowski foi cobrado da responsabilidade da corte para defender a Constituição Federal. “Viemos aqui para defender a Constituição que preza pela presunção de inocência. O Judiciário em Curitiba rasgou a Constituição e nós, o povo, defendemos o respeito a ela. Cabe a eles, que são os guardiões da Constituição, reverter o cenário”, disse.
“Dissemos também que estamos denunciando a situação da miséria, da fome, do desemprego, da volta de doenças erradicadas, da violência que toma conta da juventude, a maioria negros das periferias do país. Para nós, é importante a liberdade de Lula por isso. Ele representa a esperança”, completou Jaime.
O ativista disse que o ministro, ao ser cobrado das duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), que devem decidir sobre a prisão em segunda instância, fez uma defesa da atuação do STF nos últimos anos. “O ministro disse que temos que apostar que o STF vai fazer Justiça e que temos que acreditar que isso vai acontecer. Ele disse que, nesses anos, o STF tem aprovado medidas importantes para o Brasil. Ele fez uma defesa do STF. Não entrou em muitos detalhes.”
Rafaela também lembrou a questão da defesa da soberania nacional como pauta dos grevistas. “O primeiro momento foi colocarmos nossa pauta do que se trata nossa greve de fome. Entre os pontos, também está a soberania nacional. Estamos perdendo nossas terras, nossa água, nosso petróleo. Tudo aquilo que é riqueza e que é fundamental para a construção do desenvolvimento do país.”
Por fim, os militantes, visivelmente abatidos, reforçaram que vão prosseguir em greve de fome até as últimas consequências. “Firmamos nosso compromisso com a greve de fome e dissemos que a Justiça não pode ser lenta. O preço dessa lentidão vai ser ver, em alguns dias, corpos de companheiros e companheiras, que estão no compromisso da greve de fome, sendo velados e sepultados em frente ao STF”, concluiu Rafaela.