Marielle, presente! Sindicato convida mulheres para ato hoje em Macaé.

*Fernanda Viseu

‘‘O mandato de uma mulher negra, favelada e periférica precisa estar pautado junto aos movimentos sociais, junto à sociedade civil organizada, junto com quem está fazendo’’, disse Marielle. ‘‘Para nos fortalecer naquele local onde a gente objetivamente não se reconhece, não se encontra, não se vê, a negação é o que eles apresentam como nosso perfil’’, continuou em uma das suas últimas falas ainda viva, durante o evento na Casa das Pretas, no Rio de Janeiro.

Marielle Franco era mulher, negra, mãe e criada favela da Maré. Formada em Sociologia pela PUC-Rio com mestrado em Administração Pública, foi eleita Vereadora da Câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL, com de 46 mil votos.  Durante seu mandato, chegou a ser Presidente da Comissão da Mulher da Câmara.

Era 14 de março de 2018, estava em casa me aprontando para dormir quando interromperam a programação informando que a vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Marielle Franco e seu motorista e Anderson Gomes haviam sido executados numa rua do bairro do Estácio no Rio de Janeiro. As redes sociais ainda não falavam nada!. Comecei a gritar em casa: –  Mataram, a Marielle! Mataram, a Marielle! Não to acreditando nisso.

Conheci e acompanhei parte do seu trabalho através de amigos do Rio de Janeiro que fizeram sua campanha. Via nela uma mulher negra, guerreira e de luta!

Naquela noite fiquei atônita assistindo as notícias de sua morte na TV. Os disparos naquela mulher nos atingiram em cheio meu peito e as lágrimas desciam do meu rosto sem poder controlar. Aos poucos, a realidade me dava um sacode e mostrava que eu não estava sonhando. O sentimento de total impotência tomou conta de mim. Mataram, a Marielle!

Naquele dia, toda mulher de luta, teve um pedaço morto.

De lá pra cá, muitas suposições apareceram, essa semana dois homens acusados pelo assassinato foram presos, o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ter efetuado os disparos que mataram a vereadora, e o motorista Elcio Queiroz, que dirigia o carro de onde partiram os tiros. Entretanto, até agora nenhum fato concreto levou à prisão seus verdadeiros mandantes.

Nesse dia 14, somos milhares de Marielles espalhadas pelo mundo

O dia 14 de março de 2018

Na noite do dia 14, Marielle chegou à Casa das Pretas, na rua dos Inválidos, na Lapa, para mediar um debate promovido PSOL com jovens negras. Segundo imagens obtidas pela polícia, um carro da marca Cobalt com placa de Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, estava parado próximo ao local. Por volta das vinte e uma horas, Marielle deixou a Casa das Pretas com uma assessora e um motorista, sendo logo seguida por um carro.

Por volta das vinte e uma horas e trinta minutos, na Rua Joaquim Paralhes, no Estácio, um veículo emparelha com o carro de Marielle e faz treze disparos. Nove acertam a lataria e quatro acertam o vidro. A vereadora foi atingida por três tiros na cabeça e um no pescoço e o motorista levou ao menos três tiros nas costas, causando a morte de ambos. A assessora foi atingida por estilhaços, levada a um hospital e liberada, chegou a ter que se ausentar do país com medo de perseguição.

Um ano se passou e até hoje não foram descobertos os assassinos de Marielle Franco. Desde o seu assassinato várias homenagens lembraram a vereadora, inclusive o desfile da Mangueira, campeã do Carnaval Rio 2019 com enredo ‘História para ninar gente grande’, lembrou sua luta e da Vila Isabel. No último 8 de março, mulheres foram às ruas e lembraram a companheira assassinada.

Evento hoje!

Neste dia 14 de março, as mulheres de Macaé estarão nas ruas, por um mundo com menos feminicídio, contra a reforma da previdência e cobrando respostas por Marielle e Anderson.

Programação:

17h – Oficina de cartazes em frente à Nova Aurora no calçadão da Av. Rui Barbosa.
– Panfletagem sobre Marielle e Reforma da Previdência.

19h30 – MARCHA por Marielle até a praça Veríssimo de Melo (Centro de Macaé).

*Jornalista Sindipetro-NF

Leia mais em www.mariellefranco.com.br e em matéria especial publicada no Brasil de Fato