“Mas é preciso ter força, é preciso ter raça”

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Conceição de Maria*

Assim vivemos esta semana com os trabalhadores e as trabalhadoras da Empresa Prol. Atrasos dos direitos trabalhistas, salários atrasados há dois meses, faltam o vale transporte e o vale refeição. Sem essas condições não há trabalho digno e não há produção que se sustente. Falta comida na hora do intervalo apregoado pela CLT e falta comida em casa para a família. Há ainda ameaça de despejo pelos alugueis, como relatam algumas trabalhadoras que são arrimo de família.

Esse cenário assusta porque reforça uma terceirização sem regras que sobrevive com o achatamento dos salários, pois os terceirizados recebem 24,7% a menos do que os trabalhadores diretos, trabalham três horas a mais e são as maiores vítimas de acidentes.

Observa-se que alguns companheiros e companheiras chegam ao trabalho quando ouvem o som do movimento sindical e deparam com os trabalhadores paralisados, em busca de pagamento dos seus salários e benefícios, ficam envergonhados e abaixam a cabeça. Isto demonstra que ninguém quer passar por processo de constrangimento que expõe os trabalhadores à desumanização.

O PL 4330 já dá seus indícios do porquê de ser aprovado, aponta a um processo de escravidão que retoma o Brasil porque foram mais de 500 anos de maus-tratos onde a relação se constituía por um prato de comida.

É hora de reerguemos nossas cabeças e continuar nossos protestos e nossas manifestações. Manter os braços cruzados é a ordem do dia, enquanto o salário não chega e a barriga está vazia de “uma gente que ri, quando deve chorar, e não vive, apenas aguenta”.

 

* Diretora do Sindipetro-NF.