Hoje, completam 30 anos do massacre ocorrido na CSN, quando tropas do Exército invadiram a empresa e mataram a tiros três trabalhadores Carlos Augusto Barroso, 19 anos; Valmir Freitas Monteiro, 22 anos; e William Fernandes Leite, 23 anos. Além das vítimas fatais, 31 pessoas ficaram feridas. Essa tragédia ficou conhecida como ‘massacre de Volta Redonda’.
Apesar da ditadura ter acabado na teoria, era 1988, a repressão e seus aparelhos seguiam reproduzindo os mesmos modelos, apesar da Constituição acabar de ter sido promulgada.
Um dos informativos da CUT publicado na época mostra como foi a repressão contra os trabalhadores. “Soldados do exército, com tanques e armados de metralhadoras, sob ordem de um general comandado diretamente de Brasília, investiram contra a assembleia de metalúrgicos da CSN espancando e atirando. Invadiram as instalações da usina em manobra de guerra e espalhando o terror inclusive nos bairros da cidade. Mataram trabalhadores, vários estão feridos a golpes de cassetete e baioneta […] Nem nos 21 anos de ditadura militar os generais assentados na presidência da República, as forças de repressão, ousaram matar trabalhadores dentro da fábrica.”
No dia 7 de novembro os metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) iniciaram uma greve com ocupação da Usina Presidente Vargas (UPV), em Volta Redonda (RJ). Entre as reivindicações estavam a imediata aplicação dos direitos constitucionais e a reposição salarial. Mais de 30 mil trabalhadores entraram em greve, com apoio de suas famílias.
Como anunciado pela CUT, nessa época o Brasil do Governo Sarney vivia um período de aprofundamento da crise, estagnação, inflação galopante e arrocho salarial. Ganhos conquistados pelas lutas salariais eram sistematicamente corroídos pela inflação, que apresentava índices de 100% ao mês.
Ao invés da empresa dialogar, a direção da CSN preferiu entrar em conflito. Primeiro, veio à intervenção do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Depois, com a conivência do governo Sarney, o Exército, que foi o responsável pelo massacre dois dias depois do início da greve.
Apesar da tristeza e da raiva com a morte dos trabalhadores essa tragédia só fortaleceu a greve, que terminou no dia 24 de novembro, após a conquista de parte das reivindicações.
Homenagem – no dia 1º de maio de 1989, com a presença do então presidente nacional da CUT, Jair Meneguelli, foi construído na Praça Juarez Antunes – ex-presidente do Sindicato e um dos líderes da greve de 88 – um monumento, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, em homenagem aos três operários.
Porém, passada algumas horas, uma bomba destruiu, em partes, a escultura. A pedido do próprio Niemeyer, a obra foi reerguida mantendo algumas características de destruição. “Esses companheiros são símbolos da luta pela democracia real, pelo direito dos trabalhadores, pela democratização da informação. Não podemos jamais nos esquecer das milhares de pessoas que morreram lutando para que hoje pudéssemos viver o período mais longo de democracia“, enfatizou Campos, que também comentou sobre um projeto do Sindicato em produzir uma história em quadrinhos com uma linguagem infantil sobre o massacre de Volta Redonda para ser distribuída aos alunos do ensino fundamental. “A nova geração precisa conhecer a verdadeira história do nosso País.”
Infelizmente, até hoje ninguém foi punido pelas mortes ou pelo atentado ao monumento.
Fonte: CUT e Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense