Moraes: somente virada política pode salvar a Petrobrás e o País

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O setor petróleo, mesmo com redução na demanda por causa da pandemia da Covid-19, tem previsão de se manter muito importante e lucrativo pelas próximas duas ou três décadas. Ainda assim, está sendo entregue de modo acelerado, no Brasil, a empresas estrangeiras.

O recuo progressivo do protagonismo do País, por meio dos desinvestimentos da Petrobrás, mantém o interesse por investimentos externos, de olho no grande retorno, mas gera prejuízos em forma de perda de soberania energética, geração de empregos, autonomia na condução econômica e arrecadação em royalties.

Este diagnóstico resume exposição feita nesta noite pelo professor do IFF (Instituto Federal Fluminense) e engenheiro Roberto Moraes, em mais uma atividade do XVI Congresso Regional dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense.

Moraes afirma que, ainda que o quadro mundial atual seja mais difícil para permitir projeções, é possível prever a manutenção da relevância do setor petróleo. Em 2020, houve queda no consumo de aproximadamente 8 milhões de barris —de 100 milhões em 2019 para algo em torno de 92 milhões. Para 2021, a previsão não é de crescimento acentuado, mantendo-se entre 96 e 97 milhões de barris.

“Mesmo neste cenário, nenhum projeto do Brasil foi suspenso, alguns apenas adiados. O que está ligado ao fato de que o retorno no Brasil é um dos melhores do mundo. Mesmo com o barril entre US$ 35 e US$ 45 nos próximos dois anos, o Brasil continua muito atrativo para os investimentos estrangeiros no setor”, disse Moraes.

O professor avalia que a Petrobrás aproveita a pandemia para acelerar medidas que preparem o setor para a entrega às empresas estrangeiras, como a aceleração das hibernações, os desinvestimentos e, agora, a tendência de estimular o home office.

Fechamento de bases administrativas

Este último fator, inclusive, aumenta a sua suspeita de que a unidade de negócios da Bacia de Campos será desativada ou muito reduzida (o que já foi alertado em entrevista à Imprensa do NF). “Macaé tende a ficar com uma pequena base de apoio”, prevê Roberto.

O palestrante também aponta que o recuo nos empregos e a instabilidade provocada entre os que mantiverem empregados — de forma ainda mais grave no home office — traz grandes desafios à organização dos trabalhadores, mas não haverá saída que não seja pela mobilização por uma virada política no País.

“Ou invertemos a direção da política do País, ou veremos todo o esforço de produzir, de termos descoberto o pré-sal, ser perdido”, conclui.

Saiba mais sobre o Congrenf 2020

O Congresso Regional dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense continua até a próxima sexta-feira, totalmente online. Somente os inscritos têm acesso às palestras e deliberações (em congresse.me/eventos/congrenf), mas os vídeos serão disponibilizados em breve nas redes sociais do sindicato para contribuir no debate sobre o setor petróleo e a conjuntura nacional.