Movimentos Sociais protestam contra o fechamento da Usina de Biodiesel do Ceará

 
 
De luto e de luta. Foi assim que amanheceu a região de Juatama, distrito do município de Quixadá, a 160 km da capital cearense, local onde abriga a Usina de Biodiesel da Petrobrás (UBQ), prevista para encerrar suas produções no início de Novembro devido ao plano de Desinvestimentos da Estatal de se desfazer de ativos em todo o País. 
 
Moradores da região, trabalhadores da Usina, agricultores, estudantes, o Sindicato dos Petroleiros do Ceará, a Central Única dos Trabalhadores, o Movimento dos Sem Terra, a Federação Única dos Petroleiros, o Sindicato dos Servidores de Quixadá, a Federação dos Trabalhadores Rurais do Ceará (Fetraece), além do prefeito eleito, Ilário Marques (PT), vereadores, deputado Federal Odorico (PROS) e deputada Estadual Rachel Marques (PT) passaram a manhã de hoje (31) em manifestação contrária ao fechamento da Usina. 
 
 
 
 
 
Durante as falas, um professor da comunidade, conhecido como tio carlinhos disse que sempre orientou os seus alunos a estudarem bastante, para que um dia pudessem trabalhar na Usina, mas que hoje não afirma mais isso. “Agora oriento meus alunos a acompanharem os políticos que realmente lutam pelo desenvolvimento do Brasil, quem realmente divide com os mais necessitados a riqueza do País”, disse.
 
A Usina de Quixadá opera na região desde 2008 e o sentimento de muitos se expressavam em repetidas frases: “o que vai fechar não é uma Usina, mas um sonho, uma conquista árdua de uma região muito pobre e necessitada”. 
 
Para o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Ceará, Oriá Fernandes, a Petrobrás enquanto empresa pública tem o dever e responsabilidade social com a região em que ela se instala. “A Petrobrás não pode simplesmente ir embora e deixar a região na mão, esse governo golpista de Michel Temer não se importa com o Nordeste, com o povo sofrido e trabalhador que precisa de desenvolvimento regional”, disse.
 
A Petrobrás segue na contramão de outras companhias estatais quando abandona as políticas de biocombustível e se torna exportadora de “óleo cru”. Embora afirme que o Biocombustível não tenha superado os próprios gastos, a Estatal se nega a abrir sua caixa preta e mostrar os reais motivos do prejuízo no setor, causa que poderia ser apontada como má gestão e distribuição abusiva de cargos gerenciais.
 
 
 
 
Por outro lado, segundo dados do MDA, a compra de matéria prima do biodiesel da agricultura familiar atingiu R$ 3,3 bilhões em 2014 em todo país. 99,0% para a compra de grãos de soja, uma cultura absolutamente ausente da agricultura familiar do semiárido. Uma eventual paralisação da UBQ representará o fim do último produtor interessado em criar mecanismos de aperfeiçoamento do Selo Social na direção fomentar a real inclusão social na região mais pobre do país.
 
Após o ato, os movimentos se reuniram e fundaram a “Frente em Defesa da Usina de Biocombustível de Quixadá”. Uma reunião entre os movimentos acontecerá na próxima sexta-feira (04). Assessores jurídicos se reunirão para pensar em medidas judiciais que possam provocar o Ministério Público contra o fechamento da unidade. Além disso, o Governador do Ceará, Camilo Santana (PT), se reunirá com assessores e parlamentares nesta terça-feira (01) para discutir isenções fiscais como forma de tentar a permanência da Usina. 
 
 
VIA Sindipetro CE