Da Imprensa CUT-RJ – Militantes feministas de sete centrais sindicais, três partidos políticos e mais de uma dezena de movimentos sociais do Rio de Janeiro se reuniram durante todo o domingo (8) na Quinta da Boa Vista para o maior ato unitário do Dia Internacional da Mulher dos últimos anos. A CUT-RJ fez parte da organização e esteve presente junto com vários sindicatos, como os de bancários, professores, moedeiros, SindSaúde, Sisejufe, Sinttel, Sindipetro-NF, entre outros.
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RJ e uma das organizadoras do ato, Virginia Berriel, a atividade foi uma demonstração do que as mulheres são capazes de fazer. “Este ato unitário só foi possível pelo esforço das mulheres das centrais sindicais. Mulheres que lutam e continuarão lutando. Não é qualquer dia que se une sete centrais sindicais e diversos movimentos sociais. É uma homenagem, mas com luta, porque as mulheres estão sempre dispostas a lutar por direitos”, explicou Virginia.
Luta por direitos
Entre as principais reivindicações defendidas pelas mulheres que se revezaram ao microfone durante mais de quatro horas da atividade se destacam o fim da violência contra as mulheres, a igualdade de direitos e a reforma política. Várias oradoras destacaram que as mulheres ainda recebem, em média, 30% a menos que os homens e que a cada 90 minutos uma mulher é assassinada.
Pra reverter essa situação, elas estão na luta pela ratificação da Convenção 100 da OIT, que garante igualdade de trabalho e salário entre homens e mulheres, e pela aprovação de um projeto de lei que tipifica o homicídio contra mulheres como feminicídio, dando mais visibilidade a este crime e tornando mais duras as penas para os que o praticarem.
De acordo com a dirigente do Sinttel-Rio, Cristiane Patiño, a precarização dos trabalhadores de telecomunicações, especialmente do ramo de “call centers”, tende a ser ainda mais prejudicial às mulheres, como o intervalo de apenas 5 minutos por jornada para uso do banheiro, por exemplo. “Não queremos rosas, queremos direitos”, resumiu.
A reforma política foi apontada como um dos caminhos para o fim das discriminações de gênero pela dirigente do Sindicato dos Bancários do Rio, Adriana Nalesso. “Nosso Congresso é bastante representativo de banqueiros, latifundiários, empreiteros, tem bancada pra tudo, mas não tem mulheres. Defendemos a reforma política para que acabe o financiamento empresarial de campanhas e as distorções na representação parlamentar”, defendeu.
A dirigente do Sindicato dos Professores do Rio (Sinpro-Rio) e ex-secretária de Combate ao Racismo da CUT-RJ, Glorya Ramos, lembrou que as mulheres negras são ainda mais precarizadas. “Não tem professores negros nas escolas particulares. Como vamos ter um sociedade mais justa e igual com discriminação racial?”, questionou.
Alguns avanços, porém, foram relatados. Uma das representantes do Sindipetro-NF no ato, Conceição de Maria comemorou a criação de uma sala para amamentação e a adequação dos uniformes de trabalho da indústria petrolífera para as mulheres.
Manifestação com arte
Além da política, as manifestações artísticas tomaram conta do ato do Dia Internacional da Mulher na Quinta da Boa Vista. As mulheres do grupo de samba Marias do Zé e os percussionistas do Fina Batucada animaram a atividade do início ao fim. Outra atração foi o desfile de modelos negras da grife Bella Black, projeto social que visa dar visibilidade à beleza negra e aumentar a auto-estima de jovens moradoras de comunidades do Rio de Janeiro.
[Foto: Dirigente da CUT, Virgínia Berriel, durante o ato no último domingo / Nando Neves]