Luiz Carvalho e Vanessa Ramos / Da Imprensa da CUT
Pouco antes da marcha deste domingo (13) que pede o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao menos quatro organizações da esquerda brasileira foram alvo de ataques.
Invasão da Polícia Militar de São Paulo, pichações e pedradas representam, segundo as entidades atingidas, o ódio e a intolerância que têm colocado em risco a democracia brasileira.
Na sexta-feira (11), policiais militares invadiram a subsede do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC em Diadema sem mandado durante um ato de representantes do movimento sindical, partido e movimentos sociais em apoio a Lula e ao ex-prefeito da cidade, José de Fillipi Júnior (PT).
De acordo com a secretária de Políticas Sociais da CUT, Jandyra Ueraha, dois PMs fortemente armados entraram no local questionando o motivo da reunião, enquanto várias outras viaturas cercavam o local.
“Foi claramente uma ação de intimidação e, para além de notas e boletins de ocorrência, temos que ficar em alerta máximo para proteger as nossas entidades porque esses ataques estão crescendo cada vez mais e já chegando ao ponto de a polícia fazer ações como em um Estado de exceção”, apontou.
Jandyra ressalta que a atenção deve ser redobrada porque a polícia já havia adotado atitude idêntica três dias antes numa reunião do diretório do PT também em Diadema. “Na terça-feira (8), a Executiva do PT também estava reunida no diretório em Diadema e a política também foi lá para saber qual reunião era aquela”, conta.
Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, ressalta que ações como essa são fruto dos sentimentos de ódio e de caçada aos inimigos que têm sido plantados pelos golpistas e perdedores inconformados com o resultado das últimas eleições eleitorais.
“Exigimos apuração e punição aos ataques violentos para que eles não se tornem comuns e rotineiros. Eles são resultado do barril de pólvora que os golpistas transformaram o Brasil, incitando o ódio”, critica.
Na UNE, história se repete
Na capital paulista, a União Nacional de Estudantes teve a sede em São Paulo pichada, nesse dia 12, com frases como “Lula na cadeia” e “mortadelas estudantes”. O ataque remete ao incêndio que tomou conta da sede da organização, então localizada no Rio de Janeiro, pouco antes do golpe militar de 1964.
Sede da UNE em São Paulo foi pichada (Foto: Divulgação)Sede da UNE em São Paulo foi pichada (Foto: Divulgação)Segundo a presidente da UNE, Carina Vitral, cerca de oito homens tentaram forçar a entrada e, sem sucesso, picharam a sede. A entidade registrou um boletim de ocorrência e solicitou ao batalhão da polícia que proteja o patrimônio.
“Não se trata de uma disputa política, mas de pessoas que se sentem incomodadas com quem defende a democracia. Mas não nos intimidarão”, alerta.
Campinas e PCdoB
Em Campinas, neste sábado (12), seis pessoas foram vistas atirando pedras nas janelas da sede da CUT, conforme relata o coordenador da Central na região, Carlos Fábio.
“Estamos de vigília em todas nossas instituições. Eles querem nos provocar. É momento de ter ainda mais paciência, porque temos visto vídeos nas redes sociais que dão a entender que irão armar uma suposta participação nossa neste domingo, já que não iremos pras ruas.”
Como a sede da UNE, a do PCdoB de São Paulo também foi pichada, no dia 12, com os dizeres “Lula na cadeia”. Para a secretária de Comunicação do PCdoB de São Paulo, Ana Flávia Marx, as ações são resultado de uma intolerância que está crescendo no país.
“Os ataques contra a sede do PCdoB e de outras entidades como a UNE e a subsede da CUT Campinas demonstram o quanto o fascismo está crescendo no país. Essas entidades e o Partido têm defendido a democracia com convicção e firmeza e é por isso que passaram a ser alvo de forças que só querem estimular o ódio. A elite brasileira não pode continuar a flertar com o fascismo e a história já comprovou isso.”
Responsabilidade de Alckmin
Em nota, a CUT São Paulo repudiou ataques a entidades progressistas e cobrou punição dos culpados. “Esses ataques demostram uma política de ódio, de ressentimento e de intolerância e lembram o período pré-golpe de 1964. É lamentável que todas essas ações de violência sejam motivadas pela forma como a oposição, setores da velha mídia e do Judiciário tem se comportado, de forma irresponsável e incitando a população contra instituições e lideranças políticas”, avalia a entidade.
Também em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC reprovou “os excessos das autoridades policiais que, ferindo o princípio constitucional da proporcionalidade, sem causa devida, violam os direitos e as garantias da intangibilidade dos locais particulares e da reunião das pessoas, colocando em risco a ordem pública, e insta o Poder Executivo Estadual a manter as suas forças policiais nos estritos limites da legalidade, contendo e corrigindo os abusos ocorridos e noticiados pela mídia.”
Diante do episódio, o diretório estadual do PT em São Paulo e a bancada dos deputados estaduais cobraram o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a atitude que caracterizam como “autoritária” e “antidemocrática” da Polícia Militar paulista em Diadema.