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Editorial

O nosso Lula

Qualquer um que tenha assistido ao menos a uma das duas falas de Lula em Campos dos Goytacazes, na passagem da Caravana Lula pelo Brasil pelo município nesta semana, ainda que não seja simpatizante do ex-presidente, não poderá negar o seu profundo compromisso com a população mais pobre. Após dois mandatos presidenciais, prestígio internacional, hoje aos 72 anos, ele poderia estar desfrutando os louros da sua trajetória e levando uma vida tranquila no olimpo da galeria histórica, onde certamente figurará daqui a 50 ou 100 anos em patamar semelhante ao de Getúlio Vargas.
Mas essa não foi a sua opção. Colocou novamente o pé na estrada, diz que faz exercícios físicos duas horas por dia e esbanja uma saúde de aço, de dar cansaço em muitos dos que o acompanham nas andanças pelo Brasil. Para ele, trata-se de uma missão coletiva, uma constante da sua própria vida de retirante nordestino e operário.
Este reconhecimento não é um elogio gratuito. Antes, é um chamado a um compromisso público que anda desacreditado, desestimulado, justamente para que o vazio político seja tomado por quem deseja apenas defender interesses privados.
Para a categoria petroleira e para tantos outros trabalhadores — e esta é a razão da relação transparente e democrática que o Sindipetro-NF mantém com o ex-presidente e com todas as lideranças que se disponham a representar um projeto de País socialmente justo e soberano —, este é um exemplo de que não se pode renunciar ao protagonismo na disputa política, não se pode deixar que os outros façam a história. A classe trabalhadora é que, consciente de si, caminha com autonomia e organização para mudar os rumos dos acontecimentos.
Não é de hoje que o sindicato tem que explicar o tipo de apoio que dá a Lula. Mas os pronunciamentos do ex-presidente, ouvidos de boa fé, explicam tudo. Para o sindicato, sempre esteve clara a diferença entre o Lula governante — cobrado, pressionado, puxado para o lado dos trabalhadores — e o Lula símbolo da luta operária no País, que catalisa as aspirações do povo humilde na luta contra a desigualdade. Esse é o nosso Lula. Lutar por ele, é lutar por nós.

 

Espaço aberto

Lula em Campos*

Tezeu Bezerra**

O discurso de ódio pregado pela elite brasileira a Lula e ao PT não são de hoje e tem explicação. Uma falsa sensação pregada pela mídia de que o Lula e o PT são os culpados de todo e qualquer mal do Brasil foi na verdade um estratégia que a elite conservadora e escravista do nosso país teve para convencer o povo (que se considera a classe média) de que o projeto da esquerda deu errado.
Aquele povo que sempre foi esquecido, mas que melhorou de vida nos governos do PT e passou a ser visto e ter direitos que “nunca antes na história desse país” tiveram, hoje veem os resultados da enganação do “impeachment”, que claramente foi um golpe midiático contra o povo trabalhador e todas as classes mais baixas do país. Vamos aos fatos:
1 – A primeira medida dos apoiadores desse golpe foi congelar por 20 anos os gastos públicos em saúde, educação e infraestrutura.
2 – O segundo passo foi entregar o petróleo brasileiro aos gringos.
3 – O terceiro passo foi aprovar um projeto de irrestringe a terceirização no nosso País.
4 – Aprovar uma contrarreforma trabalhista onde retirar direitos básicos dos trabalhadores e dá proteção aos empresários.
5 – Por fim, querem aprovar uma contrarreforma da Previdência, que mais uma vez traz no seu embasamento, falso, que a preocupação é com o futuro, porém nada fala a favor dos trabalhadores e sobre a dívida demais de 500 bilhões dos empresários com a previdência. A quem interessa aumentar o número de trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho por mais pelo menos 10 anos? Aumenta a disponibilidade de mão de obra para que os empresários paguem menos.
Lula representa um projeto popular em que nós trabalhadores passamos a ter direitos e usufruir das consideradas “benesses” que eram exclusivos direitos da elite. Hoje temos direitos e vamos brigar por eles.

*Versão editada de texto publicado originalmente em redes sociais. **Coordenador geral do Sindipetro-NF.

 

CAPA

LULA EM CAMPOS: “A ESPERANÇA VAI VENCER A MENTIRA”

Ex-presidente abre no Norte Fluminense passagem de caravana pelo Rio de Janeiro e destaca defesa da Petrobrás, geração de empregos e investimentos em educação. E provoca: “Se eles não sabem como fazer, eu sei”

Em ato público que reuniu cerca de três mil pessoas, na noite da terça, 5, em Campos dos Goyta-cazes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a etapa fluminense da sua caravana iniciada segunda-feira no estado do Espírito Santo. Em seu discurso, na Praça do Liceu, quadrilátero histórico da cidade, Lula destacou o papel estratégico do setor petróleo para a geração de empregos e a necessidade de retomar investimentos em educação.
O ex-presidente lembrou que foi um Presidente da República campista, Nilo Peçanha, que em 1909 fundou a Escola de Aprendizes Artífices, que deu origem às escolas técnicas federais, e que entre Nilo e os presidentes que antecederam a Lula, por quase cem anos, foram feitas cerca de 140 escolas. “Depois, em 12 anos, eu fiz 500 escolas técnicas”, disse o petista.
“Não quero tirar o filho de ninguém da universidade, a única coisa que eu quero é que as pessoas mais humildes tenham a oportunidade de estudar”, afirmou.
Sobre a Petrobrás, Lula combateu a ameaça de privatização da companhia e afirmou que é necessário que a empresa volte a ter um papel social. “A Petrobrás não é apenas uma empresa de petróleo, é uma empresa que tem o compromisso com o desenvolvimento do País”, afirmou, destacando ainda que este também deve ser o caráter de outras empresas estatais e dos bancos públicos.
“Se eles não sabem como fazer, eu sei, é só colocar o povo na economia”, defendeu o ex-presidente, afirmando que para isso é que servem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES.

Lava Jato
O ex-presidente não se furtou em falar em temas espinhosos, como a Operação Lava Jato, que foi lembrada em dois momentos: um quando Lula defendeu que “quem roubou tem que ser preso, mas não pode quebrar as empresas”, e em outro quando desafiou o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal a “apresentarem uma única prova” contra ele.
Pré-candidato à Presidência da República, Lula demonstrou que pretende fazer uma campanha mais dura do que as duas que realizou nas vezes em que se elegeu para a chefia do Poder Executivo, citando um enfrentamento direto às organizações Globo, ao manifestar desejo de “enfrentar um candidato como o logotipo do plim plim”, e de “democratizar a comunicação”.
“Que se preparem, porque estou me preparando. Muita coisa vai mudar nesse País”, disse o ex-presidente, dando como exemplo o chamamento de um Referendo Revogatório das reformas trabalhistas e de outras do período de Michel Temer na Presidência.
“Quero ter uma conversa muito séria com vocês, porque esse País vive a maior crise da sua história, governado por um golpista que rasgou 54 milhões de títulos de eleitores, que só é aceito pelo mercado para entregar o Brasil”, foi uma das suas primeiras afirmações aos militantes presentes ao ato público, que de alguma maneira se conecta com uma das suas últimas frases durante o discurso: “A esperança vai vencer a mentira”.
O coordenador geral da FUP e também diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, que discursou antes de Lula, entregou ao ex-presidente uma réplica de uma plataforma de petróleo feita com sucatas eletrônicas pelo artista plástico Ricardo Salgado.

Carana segue até amanhã
Ontem, o ex-presidente visitou, ainda em Campos dos Goytacazes, o Campus Centro do Instituto Federal Fluminense. Ele se reuniu com reitores de universidades públicas e, mesmo sem estar programado, falou para um público de estudantes que lotou a concha acústica da instituição. Depois, no início da tarde, seguiu para a cidade de Maricá. A etapa Rio de Janeiro da Caravana pelo Brasil terminará com ato público no Rio, amanhã, após percorrer municípios da Baixada Fluminense.

 

Campanha Reivindicatória

Categoria segue pronta para grande greve

A categoria petroleira continua em contagem regressiva e pronta para entrar em greve a qualquer momento se a Petrobrás insistir em cortar direitos. A FUP e os sindicatos, entre eles o Sindipetro-NF, exigem da companhia uma contraproposta que mantenha os direitos do ACT.
Assembleias massivas no final de novembro aprovaram o indicativo de greve por tempo indeterminado — caso a empresa insista em retirar direitos da categoria. Após a pressão dos trabalhadores e trabalhadoras, a gerência de RH Corporativo enviou documento à Federação comunicando a prorrogação do Acordo Coletivo de Trabalho até o próximo 31 de dezembro.
Como têm alertado a FUP e o NF, a disposição de luta dos trabalhadores é que apontará o tamanho do Acordo Coletivo. Para preservar na íntegra as conquistas da categoria é preciso que os petroleiros deixem claro que, com retirada de direitos, não há acordo.
No Norte Fluminense, a categoria fez a sua lição de casa: todas as bases de terra e 43 plataformas aprovaram a greve. Foram cerca de 1.700 petroleiros e petroleiras, com aprovação ao indicativo por aproximadamente 90% dos participantes.
O sindicato mantém agenda intensa de realização de reuniões setoriais. A categoria deve permanecer mobilizada e atenta aos informes da entidade. Na semana passada foram realizados Cafés da Manhã com o NF nas bases.

 

Luto

Duas perdas na região

Petroleiro é vítima de aneurisma em PRA-1 e tem morte cerebral. Outro morre em Campos, de pneumonia

O montador de andaimes da empresa Priner (antiga Mills), Luis Gustavo Rocha Martins Gonçalves, 27 anos, foi diagnosticado na terça, 5, com morte cerebral em decorrência de um aneurisma pela equipe médica que o atendeu.
Na segunda, 4, Luis Gustavo foi atendido na enfermaria da PRA-1, por volta das 19h25, e em seguida foi desembarcado por resgate aeromédico. Chegou a ser internado no Hospital Publico de Macaé e depois fez um exame de tomografia no Hospital da Unimed-Macaé-RJ.
No último sábado, 2, a categoria também havia perdido o petroleiro Edenilson Alves da Conceição, que morreu aos 57 anos, em Campos dos Goytacazes. Ele foi vítima de uma pneumonia.
Empregado da Petrobrás, Edmilson atuou como supervisor de operação da plataforma P-54, na Bacia de Campos, e mais recentemente trabalhava na sede da UO-Rio.
O corpo do trabalhador foi sepultado no próprio sábado, no Cemitério Campo da Paz, também em Campos dos Goytacazes. Dezenas de colegas de trabalho e familiares compareceram à despedida do companheiro. Muitos destacaram a participação de Edmilson em várias das lutas petroleiras.
Em seu site, o Sindipetro-NF manifestou as condolências aos familiares e amigos dos dois trabalhadores.

 

MP da Shell

Golpistas fazem País perder R$ 1 tri

Da Imprensa da FUP

Por placar apertado, com 208 votos favoráveis e 184 contrários, a Câmara dos Deputados aprovou na semana passada o texto-base da Medida Provisória (MP) 795/2017, que estabelece redução de tributos às petrolíferas estrangeiras na exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural. O pacote de bondades significará renúncia de receitas na ordem de R$ 50 bilhões por ano (R$ 1 trilhão até 2040).
A Medida está em vigor desde agosto e precisa ser aprovada no Congresso até o dia 15 de dezembro para continuar valendo. Após votação dos destaques o texto seguirá para avaliação no Senado.

 

Normando

A contrarreforma pega você

Muitos ainda não entenderam o que de fato aconteceu nas relações de trabalho, no País. Outros, por reação ao trauma, têm compreensão racional sobre o ocorrido, mas se recusam a acreditar que dormiram no século XXI e acordaram no século XIX. Um e outro grupos, com o tempo, e com a brutal perda de direitos, acabarão por mergulhar na realidade.
Há um terceiro setor, porém, que bate palmas para a contrarreforma trabalhista, e acredita nos contos de fadas pregados pelos golpistas. Chegam mesmo a se voltar contra os sindicatos, e defender o desemprego e a perda de direitos.
Semana passada tivemos três casos simbólicos. O primeiro foi o de um jovem engenheiro da Petrobrás, dramatizando a rejeição, pela FUP, da 2ª contraproposta de ACT apresentada pela empresa. Chorava um “aceita logo”, e denunciava que o movimento sindical “não compreende o momento” atravessado pelo Brasil e pela Petrobrás.
O segundo foi protagonizado por uma bolsonarista, empregada da Petrobrás, que não obstante a misoginia e a segregação sexual, racial e social, de seu pré-candidato, se desassociou porque a entidade não o apoia.
O terceiro foi o de um outro engenheiro, cuja posição política rapidamente viralizou: prega o 14×14, em lugar do 14×21. E ainda argumenta ser tal medida necessária para manter empregos, como se não fosse implicar na imediata redução de 20% dos postos de trabalho na area operacional.
Nos três casos manifesta-se uma brutal perda de identidade de classe. Nenhum dos três personagens se identifica como integrantes daqueles que vendem parte de sua vida para sobreviver. Ao contrário, posicionam-se como os que compram parte da vida dos trabalhadores.
Ao 1° convenceram os argumentos unilaterais da empresa. À 2ª pouco importa o papel da mulher na sociedade idealizada por seu “mito”. E ao 3º parece importar apenas uma eventual promoção, premiando a posição assumida.
Se a visão social de mundo, a ideologia, dominante em determinada época, não fosse a da Classe Dominante, ela não seria dominante. Até aí nada de novo.
O novo fica por conta da negação da política – como coisa “nociva” -, necessário já que pois esses argumentos não resistiriam a um debate empreendido de boa fé. E nega-se a política a partir da generalização das experiências pessoais, do umbigo de cada um, e não de uma posição social.
O nome dessa ideologia (negação da política e generalização do pessoal) é fascismo. Acrescente à receita a violência política, e o cenário estará pronto.

 

Curtas

Petros
A assessoria NF reafirmou no site da entidade que decisão obtida pelo Sindipetro Unificado-SP, que suspende o equacionamento do Plano Petros 1, vale para todo o País, ao contrário do que disse nota da Petros. “A ação é uma ACPU [Ação Civil Pública], e seu pedido foi formulado com abrangência universal, para todos, e assim foi concedido”, explica o assessor jurídico do NF e da FUP, Normando Rodrigues, lembrando que “este é o exato sentido da Lei 7.347/85, da Ação Civil Pública”.

Lobby inglês
A FUP protocolou no último dia 30, na Procuradoria Geral da República (PGR), representação contra o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, para que seja investigado por crime contra a administração pública, em função de ter cedido ao lobby a favor das petrolíferas britânicas, conforme revelado pelo The Guardian em reportagem publicada no dia 19 de novembro.

Morte no Golfo
A Petrobrás informou a morte, no último sábado, 2, de “um plataformista da sonda de perfuração Petrobras 10000”, não identificado pela companhia, que estava a serviço da Petrobras América Inc, no Golfo do México, nos Estados Unidos, “devido a um acidente”. A empresa evitou a expressão “acidente de trabalho”. Mesmo com tanta indiferença, a empresa afirmou que seus “sentimentos estão com a família do plataformista falecido”.

Igualdade Racial
Eleita na semana passada, durante a Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (IV Conepir), no Rio, a delegação do estado para a Conferência Nacional, em 2018, em Brasília, terá participação expressiva de integrantes dos movimentos negros de Campos dos Goytacazes. Entre 42 delegados e delegadas do Rio de Janeiro, cinco são do município. Um deles é o diretor do Sindipetro-NF, Sérgio Borges.