Nascente 1032

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Editorial

Marielle, presente!
Bastante compreensível que a desembargadora, aquela lá, não entenda a razão de os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes terem causado tanta comoção, ou que o deputado, aquele lá, também não veja sentido nas mobilizações. São seres da mesma espécie abjeta, não dotada de capacidade de ter empatia, que precisa de uma diferenciação elitista para acreditar que é especial de alguma forma, que não se confunde com o povo. Estes, entre tantos outros, responderão individualmente pelas calúnias que perpetraram.
O que precisamos ficar atentos é para que nós mesmos, nesta fauna insana das redes sociais, também não embarquemos em discursos fascistas, compartilhando boatos e dando vazão irrefletida a impulsos discriminatórios e injustos. Ninguém está livre disso, e o antídoto é atenção, responsabilidade e consciência política.
A categoria petroleira, que aprendeu a extrair lições de tantas tragédias, conhece bem a dinâmica de transformar luto em luta, de utilizar a dor como indutor de mudanças, como tem sido com tantos outros movimentos sociais. De acordo com levantamento do Opera Mundi (bit.ly/2HR543U), desde 2014, pelo menos outros 24 líderes sociais foram assassinados no Brasil.
Por isso, nenhuma estranheza causa o fato de que este caso brutal tenha se tornado estopim para a volta às ruas numa resistência que, de resto, tem muito de continuidade à resistência ao próprio cenário golpista em que o País está mergulhado. O que causa estranheza é o contrário: que as lutas dos movimentos sociais, que as denúncias dos moradores das comunidades, que as bandeiras das minorias e da classe trabalhadora, não tivessem e continuem a não ter a atenção pública que merecem. Isso sim é assombroso.
Todo trabalhador ou trabalhadora se sente um pouco Marielle. Todos somos feitos dessa consciência de estarmos do lado certo, justo, civilizatório, humano. E é isso que também queremos deixar como legado.

Espaço aberto

P-36: já são 17 anos!

Marilena Sousa*

Passo a passo
Dia a dia
Um por vez
Tem sido assim
E neste passo
Baixo compasso
Às vezes lento
Outras acelerado
Chegamos aqui
Uma sombra
Escura e fria
O terror
A ameaça
A incerteza
O medo
Querem nos barrar
Mas não podemos estagnar
Não podemos retroceder
Jogar fora tanto sacrifício?
Jamais!!
Onze se foram
Apenas onze?
E os demais?
Dezenas de vidas
Ceifadas assim
A Dor não é só minha
A Perda é nossa
Vocês estão aqui
Vivos entre nós
E isso nos importa
Precisamos avançar
Retroceder, nem pensar!
Repensar a segurança
Repensar a vida.
É dever de casa.
De cada um de nós

– – –
Farol de São Tomé-RJ
15/Março/2018 – 08:15h.

* Viúva de Josevaldo Dias de Souza, um dos petroleiros mortos na tragédia da P-36, em 15 de março de 2001.

 

Insegurança Crônica

NF: MOBILIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO

Reconhecido por combatividade em favor da segurança no trabalho, sindicato também tem tradição em seminário de SMS

Abertas nesta semana as inscrições para o Seminário de SMS/Cipa, voltado para toda a categoria petroleira. Para se inscrever, é necessário preencher a ficha de inscrição disponível no site do Sindipetro-NF (acesso direto em bit.ly/2GPBQDx). Aqueles que moram fora da região terão direito a hospedagem, transporte e alimentação. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail [email protected].
O evento, promovido pelo Sindipetro-NF, acontece entre os dias 10 e 12 de abril, na sede da entidade em Macaé. A programação inclui temas como as NRs e sua relação com os acordos coletivos, PPRA e PCMSO, o golpe na saúde mental e visões, estratégias e táticas de prevenção de acidentes da categoria petroleira.
De acordo com a assistente social do sindicato, Maria das Graças Alcântara, o seminário é uma oportunidade de qualificar os interessados para uma atuação na Cipa com o olhar dos trabalhadores. “A empresa tem o treinamento dela, mas o nosso interesse é realmente na segurança e na saúde, e não na produção. O seminário contribui para um enfrentamento com mais competência. E é importante não apenas para cipistas, mas para todos que lutam pela segurança no trabalho”, afirma.
O Sindipetro-NF tem uma atuação destacada na defesa da segurança no trabalho, buscando mobilizar, conscientizar e qualificar a categoria sobre o tema.

Programação:
Terça – 10/04
18h – Mesa de abertura – Conjuntura política

Quarta – 11/04
09h às 12h – Mesa: Curso de CIPA na prática. Das NRs aos acordos coletivos.
13h as 17h – Mesa: PPRA e PCMSO. Identificação de perigos, classificação de riscos e monitoramento da saúde.

Quinta – 12/04
09h às 12h – Mesa: O golpe na saúde mental. O impactos das contrarreformas na saúde do trabalhador(a).
13h às 16h – Mesa: Visões, estratégias e táticas de prevenção da categoria petroleira.

#MariellePresente

Região presente na dor e na luta

Assim como em centenas de cidades brasileiras, os movimentos sociais na região realizaram atos públicos contra o assassinato da vereadora pelo Psol, no Rio, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, na noite da última quarta-feira, na capital fluminense. Em Macaé, ato ecumênico organizado pelo mandato do vereador Marcelo Silvano (PT) nesta terça, 20, na Sociedade Musical Nova Aurora, lembrou a luta de Marielle e marcou a passagem de uma semana do crime.
Os organizadores destacaram que Marielle “denunciava as injustiças e violências de todos os dias, em especial contra os mais pobres e promovidas pelo Estado ou por organizações criminosas que exploram e vitimam tantos e tantas”.
Em Campos, na noite da quinta, 15, dia seguinte ao assassinato, um ato público organizado por estudantes e professores reuniu centenas de pessoas no campus da Universidade Federal Fluminense (UFF). Os manifestantes seguiram em passeata e interditaram o trânsito na avenida 28 de Março, a maior do município.
Os atos contaram com as participações de representações de dezenas de sindicatos, coletivos culturais, partidos políticos e entidades do movimento estudantil.

Evento do NF

NF discute racismo nesta sexta

O Sindipetro-NF realiza nesta sexta, 23, às 18h, na sede da entidade em Campos dos Goytacazes, uma roda de conversa com o professor Amauri Mendes Pereira, com o tema “Conjuntura Nacional e a luta contra o Racismo”. O evento marca a passagem do 21 de Março, Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.
Professor da Universidade Candido Mendes (UCAM) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Pereira é doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ e especialista em História da África pelo Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) da Universidade Candido Mendes (UCAM).
Doação
O Sindipetro-NF solicita que cada participante leve um quilo de alimento não perecível, que será doado ao Acampamento Nelson Mandela.

 

Surto de conjuntivite

Sindicato cobra voo específico

O Sindipetro-NF denunciou nesta semana que a Petrobrás desembarcou trabalhadores com conjuntivite em voos normais. O estado do Rio passa por um surto da doença e este procedimento é irregular. Na segunda, 19, cinco trabalhadores de Pampo desembarcaram com conjuntivite em voos normais. Na terça, 20, foram mais três.
A entidade questionou a empresa sobre os desembarques que colocam em risco outros trabalhadores, ampliando a possibilidade de contaminações. A diretoria do sindicato cobrou à Petrobrás que os desembarques aconteçam em voos específicos.

 

Capa

SUSPENSO DESCONTO DO EQUACIONAMENTO PARA FILIADOS do NF

O Sindipetro-NF conquistou no final da tarde de ontem, na Justiça, decisão liminar que impede o início das cobranças referentes ao equacionamento do déficit relacionado ao plano Petros 1. Até que se discutam as bases do plano de equacionamento, como tem reivindicado a FUP e seus sindicatos, os filiados do Norte Fluminense estarão amparados pela decisão.
O Departamento Jurídico da entidade alerta, no entanto, que esta não é uma decisão definitiva. Por isso, o sindicato orienta a todos a se manterem informados e mobilizados.
Mobilização continua
“A continuidade da mobili-zação e engajamento de todos é de grande importância no momento. Seguiremos na luta para mostrar o quão injusto é esse golpe que ocorre na Petros e na classe petroleira”, afirma o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.

 

Mulheres de luta

Violência dentro e fora de casa

Da Agência Brasil e da Radioagência Nacional, com edição da Imprensa do NF

Um estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelou que, ao final do ano passado, uma em cada cem mulheres brasileiras abriu uma ação judicial por violência doméstica. No levantamento, divulgado hoje (12) e elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias da instituição, constatou-se que 1.273.398 processos dessa natureza tramitavam na justiça dos estados. Desse total, 388.263 eram casos novos. Em relação a 2016, o número apresentado foi 16% maior.
No ambiente público, a vulnerabilidade das mulheres não é diferente. A cada hora, 503 mulheres são vítimas de casos de ofensas morais, violência física ou assédios no transporte público. A maioria das vítimas é negra e parda. Dois a cada três brasileiros já presenciaram essas agressões. Os dados são da pesquisa Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil.
O estudo foi realizado pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 17 de fevereiro de 2017 com cerca de 2 mil pessoas, sendo mais de mil mulheres.

Normando

Ainda o Equacionamento

Faz parte do dever de cada operador do Direito conscientizar aqueles a quem assiste quanto aos verdadeiros determinantes de seus direitos.
Muitos advogados, porém, preferem atuar não como bacharéis em ciências jurídicas e sociais, mas como mero “técnicos”, ajudando a disseminar ilusões de que a Economia e a Política não determinam o Direito, e de que o juiz é neutro. Não apenas são profissionais limitados, como não conseguem compreender a realidade. Iludem-se e a seus clientes. O Direito não existe “em abstrato”.
Assim agem os que se recusam a ver os efeitos do Golpe de Estado de 16 sobre o Direito. E tais efeitos não se limitam à elaboração de um novo Direito Escrito, pelos golpistas – como a destruição da CLT, perpretada em tempo recorde – mas incluem a aplicação do Direito pelos tribunais.
Decisões sobre pontos sensíveis são cada vez mais favoráveis aos patrões. E aquelas que não o são caem em gavetas sem fundo. Assim é o caso das decisões judiciais contra o lesivo Plano de Equacionamento da Petros.
Existem já decisões judiciais em número o bastante para inviabilizar o Equacionamento. E ante estas o que a Petros decidiu? Decidiu ignorar a palavra dos juízes e promover o desconto de todos!
Em que isso se relaciona com o Golpe? Você ainda não entendeu, né? O Estado Democrático de Direito foi jogado no lixo. Se antes não cumprir uma decisão judicial favorável aos trabalhadores já não dava em nada, agora dá tapinha nas costas e medalhas.
Outro estupro do Direito é cometido pela Petros na oneração absolutamente desigual. Impõem a quem repactuou o ônus de suportar o deficit técnico do Petros 1 (o PPSP) nos mesmos moldes de quem não repactuou. A intenção da Petros, ao assim agir, não é “salvar” o Petros 1, e sim empurrar seus participantes para fora do Plano.
Em suma, nenhum juiz, ou advogado, irá evitar o Equacionamento. Nenhum juiz, ou advogado, impedirá que a AMS acabe em 31 de agosto de 19, quando irá expirar o ACT da Petrobrás. Nenhum juiz, ou advogado, irá te proteger da Contrarreforma da Previdência, em Novembro deste ano, logo após o Golpe ser chancelado pelas urnas.
Do mesmo modo com que nenhum juiz, ou advogado, restituirá 54 milhões de votos rasgados em 16, 6 milhões de empregos destruídos pela Lava Jato, ou a vida de Marielli.
Ninguém muda o passado. Mas você pode aprender com seus erros, e mudar o futuro. Você pode muito mais do que um juiz, ou um advogado.

Curtas
PLANEJAMENTO
A diretoria do Sindipetro-NF está reunida nesta semana, entre a terça, 20, e hoje, no Seminário de Planejamento Interno da Direção, sob coordenação do Dieese. Em razão da participação dos diretores e diretoras no seminário, não estão sendo realizadas reuniões setoriais nas bases e contatos com a categoria nos aeroportos. O seminário define as ações e estratégias da direção para combater o Golpe em curso no Brasil e fazer frente às necessidades específicas da categoria petroleira e da classe trabalhadora no país, em um momento de profundos ataques aos direitos trabalhistas e sociais, às empresas públicas e à soberania Nacional.

Chapa 1 no RN
A Chapa 1 – Democracia, Unidade e Resistência – venceu as eleições para a diretoria do Sindipetro-RN. A eleição mobilizou 1.164 trabalhadores e trabalhadoras. Apoiada pela CTB, CUT e FUP, a Chapa 1 alcançou 710 votos enquanto a Chapa 2 obteve 428. Brancos e nulos ainda somaram 26 votos, totalizando um comparecimento equivalente a 59,57% do eleitorado. A Chapa 1 tem à frente o petroleiro Ivis Corsino. O NF deseja sucesso na luta dos companheiros.

Fertilizantes
A FUP e os sindicatos petroleiros voltaram a denunciar nesta semana o desmonte da área de fertilizantes da Petrobrás. A empresa “hibernou” fábricas de Sergipe (Fafen-SE) e Bahia (Fafen-BA), e quer vender as fábricas do Paraná e Mato Grosso do Sul. O movimento sindical alerta para o risco iminente de que o produto, estratégico para a agricultura brasileira, passe a ficar nas mãos de empresas estrangeiras.

Formação
Estão disponíveis nas sedes do Sindipetro-NF exemplares da publicação de passatempos editado em conjunto pela FUP e a Coquetel, com o tema “O petróleo é dos brasileiros”. A proposta é conscientizar de forma lúdica, fixando conceitos centrais da luta pela preservação da Petrobrás e da soberania no setor.

Mais formação
Crescem no País as reações à perseguição do temeroso contra a Universidade de Brasília (UNB), na tentativa de censurar a disciplina “Tópicos especiais em Ciência Política: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. Nesta semana, em outra frente de luta contra a censura, foram disponibilizados gratuitamente os textos da disciplina para todos os interessados, em bit.ly/2HMYzzq.