Nascente 1038

 

Nascente 1038

 

 

Editorial

Mídia à procura de um candidato

Com Alckmin patinando nas pesquisas e o PSDB se encrencando, o discurso da grande imprensa nas últimas semanas tem sido o mesmo: “é preciso encontrar um candidato de centro”. O escolhido da vez é o ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa. Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band, chegou à exótica definição de que ele reuniria “o melhor de Lula com o melhor de FHC”, em opinião e torcida disfarçadas de pergunta a entrevistados durante o programa Canal Livre, no último domingo.
Mas a verdade é dura: ao contribuírem decisivamente no golpe contra a democracia, o partido da grande imprensa abriu espaço para um aventureiro radical de direita como Bolsona-ro. E agora eles estão atônitos, envergonhados da obra, sem querer admitir que o verdadeiro candidato capaz de estabelecer um diálogo nacional é Lula, como fez por dois governos.
Mesmo se tomados parâmetros liberais — nem se está falando aqui em Socialismo —, é flagrante a irresponsabilidade deste embarque da grande mídia na aventura aécio-tucana do pós 2014. Ao não reconhecerem a vitória de Dilma Rousseff, e trabalharem por sua desestabilização até à derrubada definitiva, a imprensa foi negligente com um princípio básico das democracias: a oposição precisa acatar o resultado de suas excelências as urnas.
Além disso, avançaram na dilapidação do já frágil aparato institucional brasileiro, apoiando também atitudes extra-legais do Ministério Público, da Polícia Federal e da aclamada Operação Lava Jato. De uma só vez, suplantaram os votos e as leis, abrindo caminho para um vale-tudo que tem estimulado a violência e a impunidade, fazendo germinar o fascismo.
Depois, daqui a 50 anos, não adianta vir com editorial pedindo desculpas, como fez O Globo em relação ao seu apoio ao Golpe de 1964. Mais uma vez, essa guinada à direita na história brasileira tem as digitais da imprensa “imparcial”, que sequer tem a honestidade de assumir um posicionamento transparente — com exceções raras, como a do jornal Estado de S. Paulo, que em 2010 declarou apoio a José Serra.
A imprensa brasileira vive de costas para o País, ciosa dos seus próprios interesses empresariais e atuando como qualquer conglomerado econômico, em busca de um candidato para chamar de seu.

 

Espaço aberto

Do tamanho da nossa luta

Leonardo Ferreira*

Os companheiros e companheiras que estarão embarcados, nos terminais e nas bases administrativas nessa semana, talvez nem se deram conta do momento histórico, e delicado, pelo qual estamos passando.
Desde o golpe de 16 vários ativos da nossa empresa já foram rifados pelo Parente e sua turma de entreguistas.
Agora são quatro refinarias, com seus respectivos terminais da Transpetro, que serão entregues ao controle do capital privado, caso não haja uma reação forte e contundente da nossa categoria.
São necessárias, portanto, maturidade e responsabilidade nesse momento. Consigo mesmo, com o seu emprego, com a sua família, com o companheiro do lado, independente da cor do crachá ou da ideologia que cada um segue.
Afinal, no cenário em que vivemos não existem saídas individuais.
Não há, portanto, para quem minimamente está preocupado com a situação da Petrobrás e do Brasil, a possibilidade de não se tomar uma posição através das nossas assembleias, num momento em que o exercício pleno da democracia, já tão castigada, torna-se fundamental para os nossos destinos.
Porque pode ser a última oportunidade de participar de uma assembleia.
Pode ser que nem haja mais Petrobras.
Pode ser que na iniciativa privada não se tenha a oportunidade de abrir a boca pra reclamar. Quanto mais de se reunir em assembleias e deliberar sobre seu próprio futuro enquanto categoria.
E pode ser que nem haja mais emprego, pois essa já é a realidade de quase 14 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil.
A hora é de comparecer em massa às assembleias.
A Petrobrás terá o tamanho da nossa luta!

* Diretor do Sindipetro-NF.

Capa

1º DE MAIO NAS BASES CONSTRUINDO A GREVE

Assembleias na próxima semana avaliam indicativo de greve contra a Privatização da Petrobrás, contra o corte de direitos e por Lula Livre. Direção do NF passou o Dia do Trabalhador (e da Trabalhadora) nos aeroportos, chamando a categoria à mobilização

A categoria petroleira na região tem assembleias a partir da próxima quarta, 9, com indicativo de greve no Sistema Petrobrás contra a privatização e retirada de direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados, com data a ser definida pela FUP. As assembleias também vão avaliar indicativos de desconto assistencial e de aprovação de manifesto em defesa da soberania, pela democracia e contra a prisão politica do ex-presidente Lula.
Na última terça, 1º de Maio, a diretoria do NF esteve em contato com a base em todos os aeroportos da região, convocando para as assembleias e conscien-tizando sobre o momento dramático em que vive o País. Foram realizados atos pela passagem do Dia do Trabalhador (e da trabalhadora) no heliporto do Farol de São Thomé e nos aeroportos de Campos dos Goytacazes, Macaé e Cabo Frio.
Os atos no heliporto do Farol e no aeroporto de Campos (Bartolomeu Lisandro) também contaram com a participação do movimento estudantil.
Face to Face hoje
Hoje, além de retornar às bases e aeroportos, a diretoria interage com a categoria pelo Facebook e pela Rádio NF, com a realização do Face to Face, às 19h30, com o tema “Greve contra a privatização da Petrobrás”.

Calendário de Assembleias

Imbetiba – Quarta, 9 13h

P. Tubos – Quinta, 10 13h
Edinc Sexta, 11 12h30

Cabiúnas
ADM e Grupo D Quarta, 9 7h
Grupo C Quarta, 9 15h
Grupo E Quinta, 10 7h
Grupo A Quinta, 10 23h
Grupo B Sexta, 11 23h

Plataformas
De quinta, 10, a domingo, 13, com retorno das atas até às 12h da segunda, 14.

Indicativos:
1 – Aprovar greve no Sistema Petrobrás contra a privatização e retirada de direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados, com data a ser definida pela FUP.
2 – Aprovar o desconto assistencial de 1% (UM por cento) sobre o salario líquido durante três meses, sendo 0,5% para a FUP e 0,5% para os respectivos Sindicatos.
3- Aprovação do manifesto em defesa da soberania, pela democracia e contra a prisão politica de Lula.

 

Desocupação e crime bárbaro

MST sob ataque na região

Truculência oficial em Rio das Ostras e assassinato de militante em Campos

Integrantes do acampamento Edson de Nogueira, em Rio das Ostras, e militantes sociais, entre eles diretores do Sindipetro-NF, foram conduzidos ontem à delegacia do município, de forma arbitrária, por uma oficial de Justiça. Todos foram liberados após intervenção da Secretaria de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que atestou a ação descabida.
A atitude de truculência e de explícita tentativa de criminalização dos movimentos sociais aconteceu após pedido de reintegração de posse na área ocupada pelo MST, no bairro Cantagalo, próxima à Zona Especial de Negócios (Zen) de Rio das Ostras. Mesmo com o MST aceitando negociar a saída da militância do local, a Oficial insistiu na condução desnecessária à delegacia.
Assassinato em Campos
Outro alerta do recrudescimento dos conflitos na luta pela terra na região ocorreu na madrugada do último sábado, 28, quando o militante Edson Marcos Galdino, 49 anos, foi assassinado a tiros na estrada que corta a localidade. De acordo com a imprensa local, Marcos estava em frente ao acampamento e foi encontrado morto pela manhã, por um filho adolescente. Testemunhas contaram ter ouvido disparos por volta de 0h30. Entidades como o MST e a Fetag, entre outras, cobraram apuração rigorosa do crime e denunciaram que a lentidão nos processos de desapropriação acirra a violência no campo.

Dia do Trabalhador

Centrais unidas por Lula no PR

Curitiba recebe ato histórico, que reuniu pela primeira vez todas as centrais do País

Das Imprensas do NF e da CUT

A luta em defesa da liberdade imediata do ex-presidente Lula, mantido há quase um mês como preso político na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, unificou a classe trabalhadora brasileira. E a maior expressão dessa unidade foi vivida na tarde da última terça-feira, no ato unificado de 1º de Maio, realizado na Praça Santos Andrade, região central da capital paranaense, onde mais de 40 mil trabalhadores e trabalhadoras se aglomeraram para pedir a liberdade de Lula.
“É um dia histórico”, repetiam as lideranças sindicais e políticas que se revezavam no microfone durante o dia todo, ressaltando que na praça havia pessoas vindas dos mais diversos cantos do Brasil, entre elas lideranças da FUP e sindicatos petroleiros, além da participação de trabalhadores do mundo todo.
A liberdade de Lula e a retomada dos direitos da classe trabalhadora, que foram roubados pelo atual governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP), são bandeiras de luta que unificam todos os trabalhadores e trabalhadoras, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.
A cobertura completa dos atos do Dia do Trabalhador (e da trabalhadora) está em bit.ly/2rgfnYK.

 

Fascismo

Atentado a tiros contra Acampamento

O Ato do Dia do Trabalhador em Curitiba foi realizado ainda sob o impacto do atentado contra o Acampamento Marisa Letícia, na capital paranaense, mantido por militantes sociais em solidariedade ao ex-presidente Lula. Na madrugada do último dia 28, o local foi atacado a tiros por volta das 4h. Duas pessoas ficaram feridas, uma delas com gravidade, após ser atingida por um um tiro no pescoço.
“Um carro teria passado na rua em frente ao terreno onde se encontra o acampamento, cerca de 30 minutos antes do atentado, e gritado palavras de ordem a Jair Bolsonaro e dito que ´voltaria para matar´”, informou o portal dos Jornalistas Livres.

 

Crime lesa pátria

ENTREGUISTAS NO CONSELHO

FUP e categoria denunciam nomeações lesivas aos interesses estratégicos do País no Conselho da Petrobrás

Da Imprensa da FUP

Os acionistas da Petrobrás aprovaram, na última quinta, 25, a nova composição do Conselho de Administração da empresa, principal órgão decisório da estatal. Das 11 cadeiras, oito foram indicadas pelo governo Michel Temer. Cinco delas continuarão ocupadas por nomes que já compunham o conselho, e outras três foram destinadas a pessoas com larga trajetória em empresas privadas do setor de óleo e gás, concorrentes da Petrobrás.
Para especialistas, essa é uma sinalização de que o processo de privatização da companhia será acelerado.“Os três novos conselheiros são José Alberto de Paula, que desde 1989 ocupa altos postos de gerência na Shell; Clarissa de Araújo Lins, ex-presidente do comitê externo independente da Shell e atual diretora do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), organização patronal que articula a indústria petrolífera no Brasil; e Ana Lúcia Poças Zambelli, com passagem em cargos de comando da Schlumberger Brasil, Transocean América do Sul e Maersk Drilling, três empresas que mantêm contratos estratégicos com a Petrobrás.

CULPANDO AS VÍTIMAS

Matéria do jornal Brasil de Fato mostra que “os movimentos populares de moradia da cidade de São Paulo (SP) temem que a criminalização das ocupações abra precedente para uma série de ações de despejo no centro da capital paulista”, após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandú, onde viviam cerca de 150 famílias. Órgãos públicos culpam as vítimas e a imprensa comercial constrói narrativa para justificar reintegrações de posse.

 

Normando

O nome na bala

Conheci um professor de Direito Constitucional que apregoava ter o Fascismo chegado ao poder, na Alemanha de inícios de 1933, por vias democráticas. Alguns anos depois descobri que esta bobagem é uma espécie de mantra da nossa inculta Direita – perdoem o pleonasmo.
Esse tipo de leitura formal se aferra aos aspectos burocráticos da Democracia, sobretudo o voto, para declarar sua existência. Somente prospera se ignorarmos a realidade.
Na Alemanha, por exemplo, para declarar o Fascismo como filho da Democracia, seria preciso ignorar que as eleições de 6 de novembro de 1932 foram precedidas de violência política, com perseguições e agressões físicas a quem pensava diferente, que o NSDAP de Hitler não obteve maioria dos votos, mas 33%, e que na 1ª sessão do Parlamento após o novo governo, em 30 de janeiro de 1933, socialistas e comunistas – que juntos formavam 37% da casa, com 221 deputados – foram presos ou expulsos por guardas armados de submetralhadoras, e banidos da política.
É bastante natural que os hoje alinhados ao Golpe, ou a um Bolsonaro da vida, apregoem o tipo de leitura formal que deturpa os fatos e tanto possibilita negar o Golpe como chamar nosso estado de coisas de normalidade democrática, pois é esta a realidade que pretendem e realizam no Brasil de hoje.
Ao tolerar as mais grosseiras violações à Constituição, vindas de um Parlamento feudal, de um STF corrompido pela própria vaidade, e de um Vice Presidente ávido pelo poder, nossa sociedade se predispôs à aceitação da barbárie, do convívio social e político desregrado, da entrega de qualquer bem público, e da submissão aos mais vis interesses. Executivos da Shell e Maersk no Conselho de Administração da Petrobrás? Boeing comprando a Embraer? Noruegueses destruindo a Amazônia? De nada importa. Não existem mais instituições às quais se possa confiar denúncias e esperar intervenções.
Tudo tolerado, tolera-se que munições da Polícia Federal e Forças Armadas matem uma liderança de esquerda no Rio, e que sejam usadas contra o acampamento pró-Lula. Que tiros sejam disparados contra ônibus do Lula, e diversas lideranças rurais sejam mortas. Tudo bobagem, pois você continuará aí, parado, a achar que a bala não tem teu nome.
Acontece que a bala já atingiu seu alvo em 16. O nome nela era “Democracia”. E esse também é o teu nome. Tanto que agora tu vives os efeitos de seu fim.
“E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

 

Curtas

Tendler no NF
Além da presença intensa nas bases durante a terça, 1º de Maio, o Sindipetro-NF marcou a passagem do Dia do Trabalhador (e da trabalhadora) com a realização, na noite de ontem, após o fechamento desta edição do Nascente, de evento com exibição do filme “Dedo na ferida” e a presença do diretor, o cineasta Silvio Tendler, na sede do sindicato em Macaé. A cobertura da atividade estará disponível no site da entidade.

O processo
A Rede Brasil Atual denunciou nesta semana que a Operação Lava Jato, embora não tenha encontrado prova ou conexão do ex-presidente Lula com contratos entre empreiteiras e a Petrobrás, repetiu a anexação de três contratos da OAS e da Odebrecht em três dos processos movidos pelo MPF. Segundo os advogados de Lula, a estratégia é para forçar que o caso fique sob a jurisdição do juiz Sérgio Moro.

Embarque de Cipa
Diretores do NF cumprem nesta semana agenda de participações nas reuniões de Cipa das plataformas. Ontem, houve reuniões em PPM-1 (Tadeu Porto), PVM-2 (Benes Júnior) e PCH-1 (Flávio Borges). Para hoje estão previstas P-08 (Valdick Oliveira), P-15 (Marcelo Nunes), PNA-1 (Tezeu Bezerra) e P-37 (Guilherme Cordeiro). A reunião da Cipa de P-65, que também seria nesta semana, foi remarcada para o próximo dia 9, com participação do diretor Alexandre Vieira.

PLR 2017
A Federação Única dos Petroleiros enviou na segunda, 30, documento à Petrobrás, solicitando reunião para esclarecimento sobre a quitação do pagamento aos trabalhadores da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), referente ao exercício 2017. A empresa agendou para hoje, às 8h, no Rio de Janeiro. Os sites da FUP e do NF trarão informações ao longo do dia.