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EDITORIAL

Foco no 30M

Matéria publicada pela Rede Brasil Atual, nesta semana, traz análise do professor de ciência política e economia da Fundação Escola de Sociologia e política de São Paulo (FespSP), William Nozaki, que é preciso em seu diagnóstico sobre a situação atual: “o governo passa por uma corrosão acelerada da base eleitoral e social, do apoio dos partidos e das forças políticas institucionais, e também do mercado. Sem os partidos e sem o mercado vai ser difícil construir governabilidade”.

Após a divulgação de um texto que, possivelmente, nem o próprio presidente tenha compreendido, especulou-se sobre uma possível renúncia de Bolsonaro e até mesmo sobre impeachment. Para os movimentos sociais, pouco importa, o foco tem que ser mantido no que interessa: a defesa do que ainda não foi dilapidado por este governo em termos de investimentos sociais, políticas públicas e direitos.

Se há algo de bom em toda essa tragédia pela qual passamos é o seu caráter pedagógico. Estamos aprendendo na dor que não se pode brincar com o voto, como se fez nas eleições de 2018, e que a construção de um País justo é extremamente difícil quando se tem uma elite cultivada em tantos séculos de perversidade como a nossa.

Para Nozaki, “o governo é incapaz de gerir crises e, além disso, tem alta capacidade de aprofundar as crises que ele mesmo gera. Isso provocou uma reação por parte das forças institucionais que agora colocam o governo contra a parede, junto com o mercado, abrindo a possibilidade de ele ser inviabilizado”.

De fato, não são pouco os setores conservadores que estão pulando do barco dessa aventura suicida. No bate-cabeça entre olavistas, militares, emebelistas, terraplanistas e congêneres, sobrou racha até mesmo para quando o momento parecia ser de união, em meio a um chamado patético por mobilizações (e orações) no próximo dia 26 pró-Bolsonaro.

Da parte dos trabalhadores organizados, dos movimentos sociais e dos setores ajuizados do País, importa recuperar a democracia, os direitos e o caminho do combate à miséria e à concentração de renda. E é por isso que estaremos nas ruas, mas no próximo dia 30.

 

ESPAÇO ABERTO

Juntos somos fortes

Petroleiro da Bacia de Campos*

Qual o interesse da Petrobras em divulgar a matéria “Conheça o balanço das medidas disciplinares em 2018” [no portal da empresa, em 03/05/2019, às 17h24]. Alguém se perguntou? Alguns companheiros escreveram que isso é transparência, para mim é uma arrogância muito bem estudada para tentar nos intimidar e de certa forma tentar passar a mensagem de que, quem não obedecer ao Capitão do Mato, vai se dar mal.

Como trabalhador da ativa, posso dizer para os mais novos que passei por altos e baixos nessa empresa que tanto amo e que só saímos dos piores momentos através da força da categoria reunida ao seu Sindicato. Pois assim como das outras vezes o objetivo principal desses traidores do povo brasileiro é entregar a nossa Soberania Nacional.
Para explicar melhor a todos quero primeiro dizer que antes os cargos de chefia eram preenchidos por concurso interno e, portanto, o funcionário não ficava submisso ao seu superior.

Mas a partir da década de noventa as coisas foram mudando, para tentar quebrar a nossa mobilização. Distribuíram cargos para quem se comprometesse no alinhamento com a política que eles queriam implantar. Infelizmente muitos entraram no canto da sereia. Porém, hoje a gerência maior está se sentindo tão poderosa que começa a bater nos que até dias atrás eram seus aliados.

Vejo companheiros dizerem “bem feito”, mas penso o contrário. Pois nos momentos de dificuldades é que teremos que ser mais inteligentes. Todos nós que amamos a Petrobrás e o Brasil temos que nos unir, desde técnicos administrativos ou da área de manutenção e produção até geplat, coman, coprod, coemb e engenheiros. Enfim, todos que defendem essa empresa para que juntos possamos reagir a essa entrega desenfreada que esse governo liberal está implantando.

Vamos aproveitar a campanha amigo do peito e reviver a campanha “Mexeu com meu companheiro, mexeu comigo”, ou uma nova campanha “Um por todos, todos por um”. Pois juntos somos fortes.

* Texto apócrifo, de acordo com a política de publicação descrita abaixo.

 

GERAL

Plenafup começa hoje em BH

Como o tema “Liberdade Sindical, Direitos e Petrobrás do povo”, começa hoje, em Belo Horizonte, a 8ª Plenária Nacional da FUP, que segue até o domingo, 26. Cerca de 200 petroleiros e convidados são esperados para o evento, que debaterá propostas de enfrentamento ao desmonte do Sistema Petrobrás e resistência aos ataques do governo Bolsonaro contra os direitos dos trabalhadores.

O evento nacional de organização da categoria petroleira acontece em um momento crucial da história do Brasil e da Petrobrás. No País, várias frentes de ataques estão lançadas contra os trabalhadores, sendo a de maior visibilidade a Reforma da Previdência — mas também outras de extremo poder de destruição, com cortes de investimentos na educação, desmonte da área ambiental e redução das políticas públicas. Na Petrobrás, o objetivo final é a privatização, não sem antes promover uma série de ataques aos trabalhadores, como fica claro com o conjunto de “propostas” apresentadas ontem pela empresa (veja ao lado).

As reformas ultraliberais querem ainda a retirada de direitos e o desmonte de benefícios sociais, como a AMS e a Petros. Soma-se a isso a intenção do governo Bolsonaro de sufocar as entidades sindicais, através da MP 873, na tentativa de inviabilizar a resistência dos trabalhadores.

Os petroleiros enfrentarão uma das campanhas reivindicatórias mais duras da história da categoria, que exigirá dos trabalhadores coragem e organização. É nessa conjuntura repleta de desafios que acontecerá a 8ª Plenafup, com debates realizados na Escola Sindical Sete de Outubro, unidade de formação da CUT na capital mineira.

Rodadas de negociação

Após a entrega da Pauta de Reivindicações da categoria petroleira, à Petrobrás, na semana passada, foram agendadas reuniões de negociação entre a FUP e a companhia. A primeira delas foi realizada na tarde de ontem. Na próxima semana ocorrerão rodadas de negociação temáticas — dia 27, AMS pela manhã e SMS à tarde; dia 28, Remuneração e Vantagem pela manhã e demais itens do ACT na parte da tarde.

A categoria quer a renovação completa, por dois anos, do atual ACT dos petroleiros do sistema Petrobrás. “A FUP entregou a sua proposta de renovação de ACT para os próximos dois anos. Vamos juntos, porque somente a unidade da categoria petroleira vai nos garantir os direitos conquistados na luta”, disse o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel.

 

Ataques frontais: Veja os absurdos propostos pela empresa

Na primeira reunião de negociação, ontem, a gestão da Petrobrás e o governo Bolsonaro deixaram claro o que pretendem fazer com a categoria petroleira. Só uma grande greve poderá salvar os direitos dos petroleiros e petroleiras. Confira abaixo alguns dos absurdos propostos pela empresa:

– Manter a tabela salarial.
– Gratificação de férias 1/3.
– Acabar com adicional da região amazônica.
– Hora Extra a 40%.
– Acabar com a HE na troca de turno.
– Feriado a 50%“.
– Manter valor do Vale alimentação e RMNR.
– Acabar com programa jovem universitário, mantendo para quem já está inscrito.
– Acabar com a participação do sindicato na discussão da PLR.
– Acabar com a cláusula da dispensa de por justa causa.
– Acabar com a homologação das demissões no sindicato.
– Acabar com a preservação de acordos regionais como Dia de Desembarque e Intramuros em Imbetiba.
– Acabar com a promoção de pleno para sênior nível médio que está no PCAC.
– AMS 50/50 de forma progressiva até 2022.
– Implementar turno de 12h em toda a empresa.
– Implementar turno para quem trabalha no apoio aéreo.
– Acabar com a Hora Extra no turno, virando compensação.
– Acabar com as liberações dos diretores sindicais, ficando todos com ônus para o sindicato.
– Reduzir nossas comissões de negociação.
– ACT de 1 ano com manutencao da data base em 1º de setembro.

 

Todo mundo agora no 30 de maio

Da Imprensa da CUT

A CUT e demais centrais sindicais – CTB, CGTB, CSB, Força Sindical, Intersindical, UGT, Nova Central –, mais uma vez, estarão nas ruas no Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Educação e contra Reforma da Previdência, no próximo dia 30 de maio.

A decisão de participar da construção, organização e realização da segunda mobilização que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) vai enfrentar rumo à greve geral do dia 14 de junho, foi tomada em reunião das centrais sindicais realizada nesta segunda-feira (20), na sede do Dieese, em São Paulo.

“A CUT e as centrais estarão no dia 30 de maio nas ruas com o movimento estudantil e com os trabalhadores da educação e de todas as categorias profissionais. Os cortes na educação e a reforma da Previdência afetam a vida de todos os brasileiros e brasileiras”, disse o Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre.

 

Exploração: Manifesto mostra problemas

Em manifesto, petroleiros da área de exploração da Bacia de Campos cobraram a resolução de problemas na organização da própria empresa. O documento (bit.ly/2HHbrbV) foi lido e entregue ao gerente executivo da Petrobrás, em Macaé, Mário Carminatti, no último dia 15, pela diretora do Sindipetro-NF, Rosângela Buzzanelli.

A categoria questiona mudanças na empresa. “A nova estrutura organizacional que retira vários gerentes das bases gera um grande distanciamento e falta de comunicação da sede com os empregados e um distanciamento não é geográfico, é estrutural, organizacional, pois acontece também na sede”, afirma o manifesto.

Ação contra discriminação

O Jurídico do NF divulgou nesta semana que entrou com ação para garantir trabalhadores que não aderiram ao PCR não sofram discriminação na Petrobrás. A entidade tem recebido relatos de que petroleiros que se negaram a aderir ao novo plano de cargos sofreram tentativas de coação por parte dos gestores da empresa.
Uma destas formas de discriminação foi a impossibilidade de adesão destes trabalhadores ao programa Mobiliza, da empresa.

Para o sindicato, esta conduta da gestão da companhia contraria princípios constitucionais, como o da isonomia, trazendo uma alteração extremamente prejudicial aos funcionários, o que também é vedado pela CLT.

Luta contra o PCR

A entidade também mantém a sua batalha jurídica contra o próprio PCR, que prejudica os trabalhadores e contém vários aspectos inconstitucionais.

 

Fumaça na cabine em voo de P-40

O Sindipetro-NF recebeu informações, nesta semana, de que uma aeronave da OHJ, que retornava de P-40 para o heliponto do Farol de São Thomé, no último dia 14, apresentou presença de fumaça na cabine. O caso foi relatado pelos trabalhadores e o sindicato confirmou com a empresa.

A tripulação fez um checklist de emergência e a fumaça cessou. Após o pouso da aeronave, a manutenção identificou que o problema foi no blower do ar condicionado e fez a substituição. O blower é um compressor de ar usado para forçar a entrada de ar nos cilindros de um motor de combustão interna.

O motivo do problema pode acontecer por desgaste ou dano no circuito, mas essas hipóteses ainda estão sendo investigadas. Segundo informações da empresa, as outras aeronaves foram verificadas de forma preventiva e nenhum fato semelhante foi encontrado.

O sindicato lembra a importância do papel de vigilância que deve ser mantido pela categoria em relação às questões de segurança. Denúncias devem ser encaminhadas pelo e-mail [email protected].

Comissão de SMS

Em reunião da Comissão de SMS, no último dia 16, a FUP reforçou a urgência de uma política efetiva de prevenção de acidentes e criticou veementemente a postura dos gestores, que seguem na direção contrária.

 

CURTAS

Arbitrariedade

Em atitude antissindical, a Petrobrás proibiu na terça, 21, um diretor do Sindipetro-NF, do Departamento de Trabalhadores do Setor Privado, de entrar na empresa para participar de uma reunião com a área de RH da companhia. O caso mostra que a gestão local não pretende resolver os problemas dos terceirizados de diversas empresas, como a Kempetro, BV, Ideal e Infotech. O sindicato não vai aceitar esse tipo de prática da gestão.

Cipas de bordo

Representantes do NF participaram na sexta, 17, de embarques em plataformas da Bacia de Campos para reuniões das Cipas de bordo. Os embarques foram feitos em P-15 (Vitor Carvalho), P-37 (Guilherme Cordeiro), PPM-1 (Marcelo Nunes), PCH-1 (Deyvid Bacelar) e PVM-2 (Alexandre Vieira). Também haveria embarque para PNA-1, que foi transferido para amanhã.

Frente mineira

Petroleiros que estavam em Belo Horizonte para a 8ª Plenária Nacional da FUP participaram ontem de Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O evento debateu os impactos da atual política de preços da Petrobrás e os efeitos das privatizações e cortes dos investimentos. Houve ainda o lançamento da Frente Parlamentar Mineira em Defesa da Petrobrás. Entre os participantes esteve o diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto.

Desmonte

O governo Bolsonaro anunciou mais um Plano de Demissão Voluntária (PDV). Desta vez em sete empresas públicas. O governo espera a adesão de 21 mil funcionários e uma “economia” de R$ 2,3 bilhões. Para o movimento sindical, a estratégia do governo é enfraquecer a atuação das estatais e piorar a qualidade do atendimento ao consumidor para atrair a simpatia da população para a privatização.

 

NORMANDO

TST da goiabeira

Normando Rodrigues*

Que o Judiciário serve à política não é novidade. Mas quem imaginou que o uso indiscriminado do martelo na mesinha, como ferramenta de disputa de poder, cessaria com o Golpe de Estado de 2016, errou feio.

Também erraram os que achavam que a magistratura se dedicaria à reconstrução de sua dignidade, tão auto-ultrajada. O pessoal da toga pegou gosto pela coisa, e daí pululam as “coincidências”.

Moro leva rasteira de Bolsonaro, posto numa frigideira de mais de ano com o anúncio ultraprecoce do marreco para o STF. Isso no domingo, 12 de maio. No dia seguinte as denúncias contra Flávio Bolsonaro ressurgem do esquecimento da Grande Mídia. Denúncias gravíssimas, capazes de eviscerar as vinculações entre os governos federal e estadual com as milícias. Coincidência…

Filme sem mocinho

Não se imagine que a divergência é meritória. São alas diversas do fascismo brasileiro, disputando entre si. E isso fica evidente no próximo episódio.

O fascismo leva uma surra nas ruas, no 15 de maio em defesa da Educação e contra a Reforma da Previdência, e no dia seguinte quem sai das névoas da memória da “opinião pública” é Zé Dirceu, recondenado pela República de Curitiba. Outra mera coincidência…

Tudo isso para manter o projeto de um país de miseráveis, com dezenas de milhões de desempregados, e de outros tantos “colaboradores” subempregados.

TST

E justo das togas incumbidas da defesa do povinho – até porque amordaçados os sindicatos – vem a adesão à idiotacracia. O Tribunal Superior do Trabalho, no mesmo 15 de maio em que os desprotegidos viam algum alento nas ruas, promove uma “Mesa Redonda” sobre “Equilíbrio, Trabalho e Família”.

Participantes? Michelle Bolsonaro, autora do “chamam ele de misógino, mas ele casou com a filha de um cearense”; Angela Gandra Martins, irmã do autor intelectual da destruição da CLT e do Direito do Trabalho; Rogério Marinho, paladino da destruição da Previdência; e, estrela do dia, a Damares descobridora de uma “conspiração lésbica” em “Frozen”.

O fascismo exige adesão absoluta! Não fica uma fatia de poder institucional para os que se abstêm de aderir explicitamente. Ou sobem na goiabeira, ou estão contra. E há precedentes históricos.

Suetônio registrou em “Vidas dos Doze Césares”, a nomeação do cavalo Incitatus (Impetuoso), como senador, na Roma do século I. Reza a lenda que no dia seguinte alguns dos outros 59 membros do Senado passaram a mastigar alfafa, para explicitar seu apoio ao Imperador Calígula.

* Assessor jurídico do Sindipetro-nf e da FUP.
[email protected]