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EDITORIAL

Globo acusa o golpe

A comovente tentativa da TV Globo em desviar o foco do escândalo da Vaza Jato, dando ênfase ao modo como as gravações foram obtidas em detrimento do conteúdo que elas revelaram, mostra que a emissora está agindo politicamente com dois objetivos: preservar o herói que fabricou, o juiz Moro em sua jornada épica contra a corrupção, e a si mesma.

Não se viu o mesmo empenho e o mesmo enfoque de pauta da emissora quando as gravações criminosas partiram de um agente oficial do estado, o próprio Moro, e atingiram ninguém menos do que a ocupante da Presidência da República, Dilma Rousseff.

O jornalismo da Globo está em uma cruzada contra o tempo, procurando desgastar ao máximo e o mais rapidamente possível o site The Intercept e as denúncias, justamente porque os comandantes da emissora precisam prevenir-se de possíveis revelações que desnudem a própria articulação da TV Globo com a Lava Jato.

A Globo sempre chegou primeiro às operações, sempre blindou o juiz Moro, sempre deu primazia de verdade ao que dizia o Ministério Público — por mais ridículo que fosse o power point — e agora enfrenta o risco de ver a sua conduta ser desmascarada, com o foram as condutas de Moro e Dallagnol.

Para isso, a TV dos Marinho não tem se importado nem mesmo em protagonizar uma das mais vergonhosas páginas da história da imprensa brasileira. Arrogante, navegando contra a notícia, a emissora dedicou-se a especular sobre o crime supostamente cometido por hackers e até mesmo sobre as origens do aplicativo Telegram.

Que as reações mais abjetas às revelações do The Intercept viessem do submundo das fakenews dos robôs bolsominions — como o documento falso, em inglês precário, que circulou nesta semana para tentar descredenciar o jornalista Glenn Grennwald — era esperado. Mas ver a TV Globo apavorar-se assim, acusando o golpe, incriminando a si mesma por meio de um comportamento notoriamente anti-jornalístico, chega a surpreender até mesmo àqueles que, há muito tempo, não esperam mais nada da emissora.

Aguardemos as próximas revelações do The Intercept. Seus próprios editores, o próprio Grennwald e Leandro Demori, avisaram: “Nós já vimos o futuro, e as respostas estão lá”.


ESPAÇO ABERTO

Pre-sal: Sete vezes o PIB*

Roberto Moraes**

Há muitas pessoas que ainda não têm uma dimensão do tamanho da reserva de petróleo e gás do Brasil.
Todo o Pré-sal equivale a cerca de 7 vezes o atual PIB do Brasil.

Isso mesmo!

Para ser mais exato 6,9 vezes toda a riqueza material atual do país.

O que foi explorado até agora equivale a pouco mais de 1% do total de petróleo e gás natural, mesmo considerando que o pré-sal, hoje já produz cerca de 2 milhões de barris por dia (boe), ou 60% do total da produção no país.

Infelizmente, grande parte disso está sendo entregue a preço vil para as petroleiras privadas estrangeiras (IOCs), depois de ter sido descoberto pela Petrobras.

Assim, a renda petroleira extraída dessa riqueza passa para o controle externo.

Como os novos donos desse petróleo e gás extraídos, as petroleiras estrangeiras decidem o que fazer de sua produção e certamente levarão a maior parte para ser beneficiada fora do país, onde suas receitas se multiplicarão, na medida em que o produto processado ganha mais valor.

Da mesma forma, serão eles que decidirão onde e com quem comprar (ou fretar) plataformas, equipamentos, serviços e tecnologia que deixarão de empregar até 8 milhões de pessoas no Brasil (em funções de altas qualificações) na próxima década.

Assim, o golpe institucional de 2016 inverteu a lógica e começou a entregar, a preço de xepa, a joia da coroa, descoberta pelos geólogos do Brasil.

* Trecho de post do autor em seu Blog do Roberto Moraes, sob o título “Toda a reserva do Pré-sal equivale a 7 vezes o PIB. Só 1% foi extraído e boa parte está sendo entregue”, disponível em bit.ly/2XUqEgs. ** Engenheiro e professor do IFF.

 

GERAL

AMS: Suspensa contribuição extra

Das Imprensas do NF e da FUP

Em reunião realizada na manhã de ontem entre a Gestão de Pessoas da Petrobrás, a FUP e a FNP, a empresa informou que irá suspender a contribuição extraordinária da AMS do mês de julho. Esta foi uma exigência das entidades sindicais para que a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho continue na próxima semana. Porém, os representantes da companhia afirmaram que não será possível suspender a contribuição do mês de junho, pois a folha de pagamento já está fechada.

A contribuição extraordinária feita pela Petrobrás descumpre o atual ACT, uma vez que foi imposto unilateralmente sem diálogo com os representantes dos trabalhadores. Nesta mesma reunião, a FUP solicitou que os responsáveis pelo setor apresentem os documentos de estudo do cálculo realizado pela empresa para análise das entidades sindicais.

O assunto tem sido tratado nas mesas de negociações da Campanha Reivindicatória, sempre com os sindicatos exigindo a suspensão imediata da cobrança extraordinária da AMS.

Mais descumprimento de ACT

A atual diretoria da Petrobrás também descumpre o Acordo Coletivo dos seus Trabalhadores ao não comunicar ao Sindipetro-NF que haveria auditoria da Agência Nacional de Petróleo em P-52. A auditoria aconteceu e a plataforma foi interditada pela ANP, sendo que o procedimento de parada de produção teve início às 11h do dia 07 de junho. O Sindipetro-NF só tomou conhecimento dos fatos por meio da categoria petroleira que, organizada, denunciou ao sindicato ([email protected]).

No dia 12 de junho, o Sindipetro-NF encaminhou um ofício à gerência da UO-Rio solicitando informações sobre essa interdição. Segundo a Petrobrás, os motivos da interdição foram Recomendações Técnicas de Inspeção (RTIs) vencidas, a falta de proteção passiva – conforme previsto em projeto Computacional Fire Simulation – que aumenta a chance das estruturas resistirem ao fogo por um determinado período de tempo, e a necessidade de teste das válvulas de Shut Down e Blow Down para verificar o cumprimento do tempo de abertura e fechamento previstos nos estudos de risco.

Durante esse tempo em que a plataforma encontrava-se parada, aconteceu um princípio de incêndio no dia 9 de junho, no turbo compressor da plataforma. O NF também solicitou a participação na Comissão de Investigação desse acidente e nesta terça, 18, o diretor do Departamento de Saúde, Alexandre Vieira, embarcará na unidade para acompanhar o caso.


Greve Geral: Nas bases e nas ruas, luta e resistência

A categoria petroleira do Norte Fluminense marcou forte presença nos protestos da Greve Geral da última sexta, 14. Seja representada por diretores e diretoras do Sindipetro-NF ou por meio de muitos militantes de base, os petroleiros e petroleiras mostraram que estão sintonizados com as lutas dos trabalhadores do País, especialmente contra a Reforma da Previdência — principal bandeira da Greve Geral.

Além de ter participado dos protestos em Campos dos Goyta-cazes, Macaé e Rio das Ostras, a categoria realizou Operação Padrão nas bases operacionais e trancaços em Imbetiba e no Edinc. Em Campos, o ato foi realizado no Largo da Imprensa, lotando todo o Calçadão. Um dos líderes sindicais que se revezaram nas falas foi o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, que denunciou as consequências do Golpe de 2016 e da perseguição judicial ao ex-presidente Lula, gerando desemprego. Sobre a Reforma da Previdência, o sindicalista petroleiro foi enfático: “não é reforma, é ajuste fiscal no lombo da classe trabalhadora”.

No início da manhã, ainda em Campos, militantes haviam fechado por aproximadamente duas horas a BR 101, na altura do km 76, na localidade de Ururaí. Foram utilizados pneus em chamas e estendidas faixas de protesto para conscientizar a população, entre elas uma que pede liberdade para o ex-presidente Lula.

Em Macaé, os militantes também se concentraram em ato público no Calçadão e seguiram em marcha, no final da tarde, até à Câmara Velha. Em Rio das Ostras, houve concentração, na Praça do Centro, dos militantes que seguiram para a participação, à tarde, no ato público na Candelária, no Rio.

Avaliação das centrais

Representantes das centrais sindicais se reuniram na segunda, 17, para avaliar o movimento. Eles consideraram muito positiva a greve e atribuíram o bom volume de mobilizações ao sucesso da unidade de ação do movimento sindical e dos movimentos sociais. “Essa greve, que atingiu 45 milhões de trabalhadores em todo o país, é um movimento que terá continuidade, com a ampliação da unidade de mobilização. Nosso próximo passo será, em breve, entregar aos presidentes da Câmara e do Senado abaixo-assinado contra a proposta de reforma da Previdência do governo, com centenas de milhares de assinaturas coletadas em todo o país”, divulgaram as centrais.

Governo requenta descoberta

O Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra) divulgou na tarde de ontem nota para esclarecer a população sobre a divulgação recente, pela imprensa, do que “seria a maior descoberta de gás natural do país no período recente”, nos estados de Sergipe e de Alagoas. “Ao que tudo indica, o jornal Estado de São Paulo foi o primeiro a divulgar a seguinte manchete: “Petrobras faz a maior descoberta desde o pré-sal, em Sergipe e Alagoas”, relatou o instituto em seu blog (bit.ly/2KYpMnn), que também registrou a presença do assunto em veículos da mídia alternativa.

O Ineep lembrou que “a divulgação gerou especulações e hipóteses sobre as possíveis relações entre o recente julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a venda de subsidiárias de empresas estatais sem consulta ao Congresso, e a conclusão do processo de privatização da Transportadora Associada de Gás (TAG)”.

“Novidade” de seis anos

No entanto, esclareceu o Ineep, “as matérias originalmente divulgadas pela grande imprensa, e posteriormente reverberada pela mídia alternativa, não correspondem à realidade”. A própria gestão da Petrobrás precisou se posicionar, em nota, aos seus investidores, onde afirma que as descobertas vêm ocorrendo “nos últimos seis anos”, em águas profundas na Bacia de Sergipe (Cumbe, Barra, Farfan, Muriú, Moita Bonita e Poço Verde”, “conforme já divulgado ao mercado”.

Mais uma bolsonice

“Não se trata de uma novidade como quiseram fazer crer as falsas notícias que circularam recentemente. Todavia, o caso pode ser interpretado de uma outra forma”. Para o instituto, “ao que tudo indica, a publicação da matéria coaduna com os objetivos do atual governo de dar visibilidade ao programa de “gás barato”. Até o momento, como o programa não saiu do papel e nenhuma medida concreta foi apontada, a impressão é que houve uma tentativa de relacionar o sucesso da descoberta realizada pela Petrobras com o programa de “gás barato””.

UTGCAB em pauta sobre jornada

O Sindipetro-NF participou na semana passada, no último dia 11, de audiência com o Ministério Público do Trabalho, em Cabo Frio, para tratar dos problemas de excesso de jornada de trabalho (prolongamento) da equipe de manutenção de Cabiúnas (UTGCAB). De acordo com o diretor do sindicato, Cláudio Nunes, que é lotado na base, a audiência decorre de denúncia do sindicato sobre o tema, que está em fase de apuração pelo MPT. Foram solicitados mais documentos à entidade e à Transpetro.

O Departamento Jurídico do NF está preparando nota com mais detalhes para informar à categoria sobre os desdobramentos da apuração. Por enquanto não há ações judiciais, apenas inquéritos originados na denúncia do sindicato sobre o excesso de jornada na unidade.


CURTAS

Evento no NF

No próximo dia 21, às 19h, o Sindipetro-NF promove a exibição do documentário “Democracia em vertigem”, seguida de roda de conversa sobre o tema do filme, que trata da história recente do País. O evento, que começa com um café coletivo às 18h, será realizado no Teatro do sindicato, na sede da entidade em Macaé. Em uma obra que já causa muita expectativa para a sua estréia, hoje, na Netflix, a cineasta Petra Costa analisa as mobilizações contra Lula e Dilma e o ambiente de polarização no País.

Marcha

O Sindipetro-NF, que tem longa história de participação e de organização na luta das mulheres petroleiras, está se preparando para estar presente na Marcha das Mulheres Negras em Copacabana, no dia 28 de julho. As interessadas podem fazer contato com a diretora Conceição de Maria ([email protected]) para saber como participar. O número de vagas é limitado.

Perversidade

Mesmo com alterações que retiraram a proposta de capitalização e alguns aspectos da “desconstitucionalisação”, a Reforma da Previdência que ainda continua sustentada pelo texto do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) é perversa para os trabalhadores, na avaliação das centrais sindicais. Os mais prejudicados são os mais pobres, que têm trabalhos mais desgastantes e vão demorar mais para terem acesso à aposentadoria.

Químicos

Os químicos, categoria que está entre as mais importantes na cadeia do petróleo e do gás, celebraram ontem o dia brasileiro dedicado à profissão. A data tem origem na luta dos trabalhadores pela criação dos conselhos de química (Nacional e Regionais), formalizados em ato do presidente Juscelino Kubitschek em 18 de junho de 1956, pela chamada “Lei Mater dos Químicos”. O NF registra seu abraço a todos e todas da categoria.

EMIR SADER EM CAMPOS

A convite do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes, o professor de Sociologia Emir Sader, que é doutor em Ciência Política, proferiu palestra com o tema “O Brasil no século XXI”, no auditório da entidade, na última segunda, 17. A atividade fez parte do lançamento do Programa de Formação Sindical do Sindicato dos Bancários. Além da palestra, o professor ministrou aula sobre formação política contemporânea.


NORMANDO

A mala, a tomada

Normando Rodrigues*

É tosco e egoísta quem forma visão de mundo a partir meramente de suas experiências pessoais. Por menos que Olavo de Carvalho concorde, não vivemos mais na Idade da Pedra, para que o umbigo de cada um seja o grande critério de interpretação da realidade.

A realidade social é muito mais complexa. Para a entender, devemos estar dispostos a aprender com experiências alheias, dados interpretativos, e o conhecimento acumulado por gerações. Foi para isso, aliás, que nossos ancestrais inventaram a escrita, coisa que jamais aconteceria numa Idiotacracia.

E, para além do conhecimento, o bem estar alheio, especialmente o da maioria, deveria ser critério ético inafastável.
No entanto, não é assim que gira a cabeça do grande fascista eleito para comandar a nação. Vale o umbigo. É constantemente multado por excesso de velocidade? Melhor acabar com os radares. Multa por capacete aberto? Fim da multa. Não gosta de criança nas cadeirinhas? Acaba com a obrigação. Pescar e caçar em reserva ambiental é proibido? Libera geral.

Os ricos…

Engana-se quem acha que os frutos desse gerenciamento imbecil não tenham um sinal de classe. A identificação pessoal (do umbigo) com a Classe Dominante, é uma constante na história do Fascismo, e não seria Bolsonaro a quebrar a regra.

Os aeroportos cheios de pobres incomodam? Pois vamos manter a taxa de bagagem. É até uma “questão de Estado”! Os pobres estão “quebrando” a Previdência? Vamos colocar aí a capitalização. Não entendeu a lógica? É evidente em ambos os casos:

-quem não tem dinheiro pra despachar malas, que não viaje de avião!
– quem não tem dinheiro pra capitalização, que não se aposente!

E os gringos

Também é uma constante do Fascismo, quando se manifesta em países periféricos, a combinação entre um discurso pseudonacionalista e o favorecimento econômico dos países centrais. Os exemplos são inúmeros.

Daí vem a abertura do mercado brasileiro, para o capital internacional em diversas atividades, desde a aviação comercial à compra de armas, passando pelos agrocancerígenos, e culminando com a destruição da Petrobrás.
E, em meio a isso tudo, há o fim simbólico do petismo, no extermínio da tomada de três pinos. Afinal, não existe na gringolândia! Por que existiria aqui?

Não importa que o número de acidentes domésticos, proporcionado pela tomada padrão dos EUA, seja muitas vezes maior do que o possibilitado pela tomada de três pinos brasileira. Isso não é do interesse do umbigo fascista.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]