Nascente 1125

 

EDITORIAL

Em defesa dos nossos empregos

Chegou a hora de sairmos em defesa dos nossos empregos na Petrobrás e das empresas contratadas por ela em todo país. Quem achava que isso nunca ia acontecer se vê diante de um quadro impensável há algum tempo atrás de mais de mil trabalhadores sendo demitidos na Fafen/PR, sendo quase 400 da Petrobrás e 600 de terceirizados. Fora milhares de outros empregos da cadeia produtiva da região que irão acabar com o fechamento dessa fábrica.

Estamos vivenciando um momento diferente em toda a história da empresa e se não nos conscientizarmos disso e pararamos agora em solidariedade a esses trabalhadores, daqui a pouco somos nós que iremos pra rua.

Uma greve está marcada para iniciar no dia 1 de fevereiro e é muito importante que você, leitor, entenda o porque ela irá acontecer.

Além das demissões, também estão acontecendo transferências em massa em todo Sistema Petrobrás em função das privatizações e fechamento de unidades. Essas ações da empresa ferem os Acordos de Trabalho pactuados com as representações sindicais.

O governo Temer e agora de Bolsonaro optaram politicamente pelo desmonte da Petrobrás no Brasil. Esse opção traz como consequência uma quebra no desenvolvimento de nossa indústria de óleo e gás, e o fim da nossa autossuficiência em relação aos países estrangeiros.

E o impacto maior dessa decisão política é aquele mais sentido e sofrido por todos nós, que é o desemprego. Já vivemos altos índices de desemprego, chegando a 12,5 milhões de desempregados. Com o desmonte da maior empresa brasileira, que tem em torno de 60 mil empregados, teremos esse quadro ainda mais agravado.

Se você é brasileiro de verdade tem que defender essa empresa “com unhas e dentes” e vir com os petroleiros nessa luta. A Petrobrás além de gerar lucro para o país, contribui com royalties e participações especiais para municípios e estados na ordem de R$ 59 bilhões.

Se essa empresa se mantiver forte existe a possibilidade de até 2030 ela se tornar a maior produtora de petróleo do mundo.

Por isso tudo, vamos à greve! A luta da categoria é em defesa dos empregos e da Petrobrás a serviço do povo brasileiro.

 

ESPAÇO ABERTO

Trabalho decente em vertigem

Amarildo Censi*

O mundo do trabalho está passando por profundas trans-formações. São inovações tecno-lógicas, mudanças na organização das empresas e alterações nas relações de trabalho. Indústria e comunicação são as áreas mais impactadas.

Essa realidade, apesar dos ganhos de produtividade e elevação dos lucros, não trouxe melhorias na qualidade de vida dos trabalhadores, na distribuição da renda e na redução das desigualdades. O que tem é a continuidade do desemprego e o crescimento da informalidade e da precarização, como o trabalho intermitente (a legalização do “bico”) e a uberização do trabalho, travestida de “empreendedor”.

Além disso, após o golpe de 2016, as conquistas obtidas com greves no século passado estão sendo eliminadas por legislações aprovadas a toque de caixa nos parlamentos. Pregadores da terceirização e da reforma trabalhista prometeram milhões de empregos, o que não passou de fake news.

Depois da reforma da Previdência, feita para agradar os bancos, que obriga a trabalhar mais e receber benefícios menores, o governo Bolsonaro editou a MP 905, que altera ou revoga 86 itens da CLT. Dentre os retrocessos, está a carteira verde e amarela, que reduz salários e FGTS para jovens; a liberação do trabalho aos domingos sem pagar horas extras e o fim da regulamentação de várias profissões.

A mesma agenda de corte de direitos ocorre em âmbito estadual e municípios submissos ao projeto neoliberal, penalizando servidores e serviços públicos. O caminho é seguir resistindo para salvar o que resta de trabalho com direitos e impedir a volta ao século 19, onde os senhores da casa-grande escravizaram e criaram uma mentalidade desumana que o tempo não apagou.

O Brasil não pode assistir passivamente a destruição do trabalho decente e o retorno às senzalas, assim como não pode tolerar o desmonte do Estado Democrático de Direito. É preciso reagir e questionar como fez a cineasta Petra Costa, diretora do filme “Democracia em Vertigem”, indicado ao Oscar 2020: “como lidar com a vertigem de ser lançado a um futuro que parece tão sombrio quanto nosso passado mais obscuro?”

* Secretário da CUT/RS. Publicado na Íntegra e originalmenteno site da CUT.

 

Direitos em cheque

Comunicado de Greve foi entregue dia 29

A categoria petroleira decidiu entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 1 de fevereiro. As assembleias nas bases da FUP tiveram início no dia 23 e  encerraram nesta terça-feira, 28. Os petroleiros e petroleiras vão entrar em greve contra as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e o descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

No Norte Fluminense as assembleias aconteceram até dia 29, 73% da categoria aprovou o indicativo, 17%  foram contra e 10% se absteve.

A Federação e seus 13 sindicatos enviaram o comunicado de greve no dia 28 à gestão da Petrobrás e das subsidiárias, informando o início da greve, a partir do primeiro minuto de sábado (01/02).

Ontem, 29, a FUP e seus sindicatos voltaram  a se reunir em novo Conselho Deliberativo.

Como ocorrido em outras greves da categoria o abastecimento de combustíveis e gás para a população será mantido durante todo o movimento.

Para esclarecer o formato da greve aos petroleiros de Macaé, O Sindipetro-NF realizará um face to face na sexta, 31, às 19h.

Movimento no Paraná

Com o nome “Arroz e feijão mais caros. Contra o fechamento da Fafen-PR”, o Sindiquímica-PR realizou um ato na manhã de ontem, na praça Vicente Machado, em Araucária. Durante o protesto, foram doados uma tonelada e meia de feijão para os moradores de Araucária. O objetivo do protesto foi mostrar para a população os impactos do fechamento da Fafen-PR. Um deles, sentido na mesa da população: o aumento do preço do arroz e do feijão, itens básicos da alimentação.

 

CA Transpetro

Homero vai para segundo turno

O petroleiro Felipe Homero Pontes (3000) disputará o segundo turno da eleição para a representação dos trabalhadores no Conselho de Administração da Transpetro. Com o apoio da FUP e de seus sindicatos, ele conquistou 551 votos, o que equivale a 42% dos trabalhadores que participaram da eleição.

A atual conselheira eleita, Fabiana Graça dos Santos, obteve 265 votos, o que representou cerca de 20% dos eleitores.

Ao todo, nove candidatos disputaram o primeiro turno da eleição, que ocorreu entre os dias 16 e 26 de janeiro, com a participação de 1.326 votantes.

O segundo turno será realizado de 08 a 16 fevereiro.

Em nota no site, a FUP parabeniza todos os petroleiros que participaram do processo eleitoral, ressaltando a importância da escolha de um representante que tenha compromissos de classe e uma atuação firme na defesa incondicional da Transpetro integrada ao Sistema Petrobrás.

Por isso, defendemos a eleição de Homero 3000, Técnico de Operação da Transpetro, com passagens pelo Terminal Norte Capixaba (TNC) e Terminal Aquaviário de Barra do Riacho (TABR), ambos no Espírito Santo.

Bacharel em Engenharia Química e pós-graduado em Investimento e Mercado Financeiro, ele tem 37 anos, 13 deles dedicados à Transpetro. Sua luta é pela manutenção e fortalecimento da subsidiária, que está sob ameaça de desintegração e privatização.

Em 2017, Homero (3000) teve sua primeira experiência como candidato ao Conselho da Transpetro, quando ficou em terceiro lugar na disputa.

Conheça suas propostas, acessando as páginas da campanha no Instagram (@homero3000) e no Facebook (/Homero3000).

 

CA Petrobras

Entre os dias 01 e 09 de fevereiro, os trabalhadores da Petrobrás terão a responsabilidade de eleger sua representação no principal fórum de deliberação da empresa, que é o Conselho de Administração. A eleição ganha uma importância ainda maior nesse momento em que a categoria luta contra o maior desmonte da história da Petrobrás.

“Quem representa os trabalhadores e as trabalhadoras da companhia no CA deve ter embasamento técnico, para questionar com argumentos sólidos e consistentes possíveis decisões que possam prejudicar a força de trabalho e também a Petrobrás”, afirma a geofísica Rosangela Buzanelli (1000), que conta com o apoio da FUP e de seus sindicatos na eleição para o CA da empresa.

Com 33 anos de Petrobrás e experiências profissionais tanto na área operacional quanto na administrativa, Rosângela (1000) já passou por várias unidades da empresa e atualmente atua em Macaé. “Minha candidatura tem como um dos pontos centrais nossa participação no CA com informações qualificadas, tecnicamente precisas, para que possamos garantir as demandas dos trabalhadores e fortalecer a Petrobrás como a maior companhia do Brasil e vetor do desenvolvimento econômico e social do país”, explica.

Conheça suas propostas e ideia, acompanhando #Rosangela1000 nas redes sociais:

Facebook:

/rosangela1000reunirpararesistir

Instagram: @rosangela___1000/

 

MOVIMENTOS SOCIAIS

Ameaça de despejo

Nos dias 27 e 28 aconteceu  o Encontro Regional MST Lagos, no PDS Osvaldo de Oliveira. O evento acontece em um momento em que 60 famílias do PDS estão sendo ameaçado de despejo.

No dia 4 de dezembro, a ação civil pública que trata da reintegração de posse da terra do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Osvaldo de Oliveira, em Macaé, foi julgada pela 8° turma especializada do TRF 2. A decisão foi a favor da reintegração de posse do PDS, ignorando as famílias assentadas e toda produção desenvolvida há mais de cinco anos pelos trabalhadores rurais no Osvaldo de Oliveira.

Agora, essas famílias tem 90 dias para deixar o assentamento, caso contrário poderá haver uso de força policial.

Sobre o assentamento

O Osvaldo de Oliveira existe há cinco anos e é um assentamento organizado pelo MST no município de Macaé. A unidade com modelo pioneiro no Rio de Janeiro conta com mais de 60 famílias que produzem alimentos agroecológicos.

Essas famílias produzem feijão, abóbora, milho e melancia que são comercializados em diferentes espaços. Além das feiras, o assentamento entrega semanalmente cerca de uma tonelada de alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) de Macaé.

 

CURTAS

Ação de níveis

A justiça determinou o arquivamento da ação coletiva de Níveis 2006. A partir de agora serão promovidas ações de cumprimento de sentença individuais até o prazo máximo de 20/08/2020. Para dar andamento, o

Sindipetro-NF está entrando em contato com os substituídos para recolher documentação atualizada. Terão direito às diferenças ganhas no processo, os  aposentados e sindicalizados no Sindipetro-NF em 1º de setembro de 2006.

Estatuinte

O Sindipetro-NF realizará no dia 05 de fevereiro, na sede de Macaé, uma Assembleia Geral Extraordinária com o intuito de votar a alteração do atual estatuto da entidade, nos seguintes itens: ARTIGO 28– QUÓRUM, caput e §1º. A assembleia terá a primeira convocação às 18h. O NF fica na Rua Ten. Rui Lopes Ribeiro, 257 – Centro). Leia mais em bit.ly/35WOBHg

 

Mais demissões

A direção da Petrobrás decidiu encerrar as atividades de oito sondas de produção terrestre (SPTs), que pertencem a empresa  Perbras que presta serviço à UO-BA.

Com isso, cerca de 400 trabalhadores serão demitidos. Mas a projeção é que esse número ultrapasse 600, levando em conta que os trabalhadores subcontratados nas atividades de transporte, alimentação e hotelaria também serão impactados, principalmente em Catu e Alagoinhas.

Dieese

No dia 4 de fevereiro, às 10h20, acontecerá a cerimônia de posse das novas Direções Executiva e Tecnica do Dieese, no auditório da Escola Dieese de Ciências do Trabalho em São Paulo (Rua Aurora, 957). Na solenidade será apresentado um balanço das atividades desenvolvidas entre 2004 e 2019. O Sindipetro-NF tem cadeira nas diretorias regional e nacional do Dieese.

 

NORMANDO

Empresa bandida

Seis capangas armados. Nada demais, não é mesmo?

Seis capangas armados, perfilados para intimidar sindicalistas. Normal! Afinal, “é tudo vagabundo”!

Seis capangas armados, perfilados para intimidar sindicalistas, DENTRO do Ministério Público do Trabalho, em dia de audiência entre esses mesmos sindicalistas e a empresa contratante dos capangas.

E daí? E você?

AFINIDADE BANDIDA

Errará polianamente quem acreditar na singularidade do ocorrido em Curitiba, na sexta, 24 de janeiro. Longe de ser um episódio isolado, capangas armados intimidando sindicalistas dentro do MPT, são uma fiel expressão do governo da “Pátria Amada, Brasil”. Uma clara evidência da ideologia dominante.

Ninguém é mais Bolsonaro do que o gerente autor da ideia. Nem o próprio Bolsonaro. Com uma sensibilidade fina, conseguiu se alinhar à ideologia fascista como sequer o mais espumante terraplanista babão imaginaria.

A história dá voltas. Um dia, depois do equivalente histórico a um julgamento de Nurembergue (os de 1945 a 1949), esses mesmos gerentes e capangas – ou gerentes-capangas, não sei ao certo – se envergonharão e dirão a filhos e netos que “apenas cumpriam ordens”. Até lá, porém, se mostrarão eficazes em conduzir os próprios irmãos às “câmaras de gás”.

MILÍCIAS RAMPA ACIMA

A revista “Época” de 22 de dezembro se mostrou escandalizada como profissional do sexo posando de vestal, ao afirmar que os “subterrâneos da política do Rio subiram a rampa”. Antes disso, o colunista Kennedy Alencar alertava reiteradamente sobre a ameaça à democracia significada pela relação entre as milícias e o Planalto.

Sejamos sinceros: nem “Época”, nem Alencar, identificam o verdadeiro risco imposto à democracia. Pra começo de conversa, um e outro partem do pressuposto de que ainda há democracia no Brasil, e de que “as instituições continuam a funcionar normalmente”.

O inimigo não é o policial ou o bombeiro bandido, vinculado a senador ou deputado não menos bandido. O inimigo não são os evangélicos, ou os militares. O inimigo não é nem mesmo o Idiota-Mor, que ora ocupa a cadeira da presidência da República.

FASCISMO

O verdadeiro inimigo é o Fascismo. E o Fascismo tem alergia ao debate – principalmente ao debate político -, à mulher livre, ao homossexual assumido, ao negro com identidade, e ao trabalhador com consciência  de classe.

Nossas armas, então, são a luz, o conhecimento, e os livros “com um montão de coisa escrita”. E essa é também a nossa dificuldade.