Nascente 1185

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EDITORIAL

Sempre foi pela vida

Quando, no início do século XIX, se deram os movimentos ludistas na Inglaterra, era pela vida. Homens, mulheres e crianças eram submetidos a jornadas extenuantes e desumanas, quando não apenas substituídos pelas máquinas. Um sistema que não incluía a todos, que movia-se pelo lucro máximo por meio do custo mínimo com a mão de obra — a conhecida Mais Valia identificada por Marx, acrescida dos efeitos dos “avanços” tecnológicos — era, e ainda é, uma máquina de matar pessoas aos milhares, aos milhões.

Quando, em junho de 1917, cerca de 400 operários — mais preciso seria dizer operárias, dado que elas formavam a grande maioria do grupo — realizaram, ainda sem saber ao certo o nome que dariam, a primeira greve do Brasil, em uma indústria têxtil de São Paulo, era pela vida. A pauta era aumento salarial e redução na jornada de trabalho e o movimento teve tamanha adesão que se espalhou por outras fábricas de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, inaugurando o conceito de greve geral no país. Elas e eles lutavam contra a morte, o extermínio, para ter o que comer e ter tempo de viver além do trabalho.

A luta pela vida é a razão das razões. Por isso, não pode causar surpresa a nenhum petroleiro ou petroleira que se avizinhe agora uma Greve pela Vida na categoria, assim com esse nome. Sempre foi pela vida. Salários, jornadas, direitos, benefícios, condições seguras, são formas em que a luta pela vida se materializa, na medida em que estas frentes envolvem fatores que estão na base de uma existência plena, digna, uma vida que se preserve e que valha a pena ser vivida.

Se as pessoas parassem para pensar a gravidade que é um contrato de trabalho, o ato de dispor de fartas horas do seu dia no envolvimento com uma atividade imaginada por outros, que enriquece a outros e que não raras vezes dá-se em malefício de si mesmo e da maioria das pessoas — caso das indústrias que devastam o meio ambiente, por exemplo —, o quanto de vida a lógica do trabalho esmaga, muito mais rigorosas seriam as regulamentações e previsões legais em torno desta relação (por definição desigual) entre quem contrata e quem é contratado.

O que os petroleiros e petroleiras estão prestes a fazer insere-se nesta tradição de resistência à captura da vida pelas máquinas de priorizar dinheiro. Nesta pandemia, a Petrobrás tem se mostrado indiferente a recomendações essenciais e fundamentadas, referendadas pelo Ministério Público do Trabalho e pela Fiocruz, de prevenção à covid-19 em suas instalações, pouco se importando que os casos da doença e as mortes cresçam entre os trabalhadores.

É direito humano fundamental não se sujeitar a condições que colocam em risco a sobrevivência. É preciso mostrar que o lucro não determina todas as relações nos ambientes que buscam o mínimo de civilidade. Petroleiros e petroleiras estão fartos e fartas dos desmandos da gestão bolsonarista da Petrobrás, que segue o “mito” no obscurantismo, no negacionismo e no cinismo de só mover a palha das máscaras na iminência da paralisação — ainda assim de modo insuficiente.

Todos e todas à Greve!

 

GERAL

Covid-19: NF cobra em audiência no MPT que Petrobrás cumpra protocolos eficazes

O Sindipetro-NF participou na tarde de ontem de audiência de mediação chamada pelo Ministério Público do Trabalho entre a entidade e a Petrobrás, após denúncias feitas pelo sindicato ao órgão sobre os surtos de covid-19 na companhia. Os diretores do sindicato reiteraram a cobrança pelo cumprimento das recomendações de prevenção feitas pelo próprio MPT e pelo NF, com reconhecimento da Fiocruz. A companhia insiste no não cumprimento e quer segregar a escala dos empregados próprios em relação à dos empregados terceirizados, querendo que seja aceita a escala ilegal e desumana de 21x28x21x35.

Com a ausência de acordo na mediação, uma nova reunião entre o MPT e as partes foi marcada para a próxima terça, 27. A reunião de hoje foi fruto das denúncias encaminhadas pelo Sindipetro-NF ao Ministério Público do Trabalho sobre descumprimento das suas recomendações pela Petrobrás.

O MPT solicitou ao NF que, para manter a mesa de negociações, a categoria não entrasse em greve na região até essa próxima reunião da semana que vem. Em contrapartida, o sindicato solicitou que a empresa não implante a escala de 21 dias, nem para empregados próprios e nem para os terceirizados. Por isso, é importante que os petroleiros e petroleiras informem à entidade o eventual descumprimento desse compromisso pela empresa, relatando casos [email protected] os casos de imposição do embarque de 21 dias.

Mantenha o NF informado

Enquanto a gestão negacionista da Petrobrás minimiza os impactos da covid-19 nos locais de trabalho, dia após dia mais trabalhadores e trabalhadoras se contaminam. Crescem os casos confirmados e as mortes na categoria e a companhia mantém uma política insuficiente de prevenção, indiferente aos protocolos recomendados pelo sindicato.

Como parte da luta contra a negligência da empresa, o Sindipetro-NF orienta cada petroleiro e petroleira a atuar no levantamento de informações sobre a covid-19 na sua plataforma ou base de terra. Para o sindicato, não há nada mais importante do que o direito à vida, não só a nossa, mas também dos nossos amigos e familiares.

A entidade disponibilizou uma planilha para que sejam registradas as ações e omissões da empresa na prevenção à doença. O documento pode ser baixado em is.gd/planilhacovid e enviado preenchido para o e-mail [email protected]. As informações são essenciais para subsidiar as ações do sindicato junto aos órgãos fiscalizadores, como o Ministério Público do Trabalho e Anvisa.

 

Denuncie coação por 21×21

Não vamos ceder. O Sindipetro-NF tem recebido muitas denúncias dos trabalhadores do setor privado sobre a exigência da Petrobrás para que seja feita a escala de 21 x 21. O Departamento Jurídico da entidade reforça que essa jornada é ilegal, porque descumpre a Lei 5811, e não pode ser aplicada.

O sindicato é contrário a qualquer escala maior do que 14 dias embarcado, principalmente durante a pandemia de Covid-19, visto que além de expor o trabalhador a mais dias de possível contato com o vírus, é extremamente cansativa para o trabalhador.

“Já acompanhamos casos de trabalhadores com cansaço mental, surtos psiquiátricos e até suicídio, não podemos aceitar que os trabalhadores e as trabalhadoras fiquem expostos a essa escala e ao assédio para seu cumprimento”, afirma o coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.

Qualquer tentativa de pressão por parte da Petrobrás para implementação dessa escala deve ser denunciada ao Sindipetro-NF pelo canal [email protected].

 

Em caso de pressão, máscaras surgirão

O comunicado clássico nos voos é o de “em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente”. No caso da Petrobrás com as máscaras da covid-19 é o contrário: só surgem sob pressão. Somente após as cobranças do Sindipetro-NF, que se estendem por todo o período da pandemia, e de distribuição aos trabalhadores, pela entidade, de máscaras PFF-2 em atos em Cabiúnas e no Heliporto do Farol de São Thomé, a Petrobrás anunciou, nesta semana, que fornecerá este tipo de equipamento de alta qualidade aos empregados que atuam em plataformas.

Para petroleiros e petroleiras das bases de terra, a empresa afirma que fornecerá a máscara PFF-2 para situações específicas, quando houver necessidade de maior concentração de pessoas. O sindicato, no entanto, mantém a reivindicação de que estas máscaras sejam fornecidas para todos os trabalhadores e trabalhadoras, tanto offshore quanto onshore. A pressão continua, portanto.

A gestão da empresa não admite, no entanto, as falhas apontadas pelos sindicatos em sua política de prevenção da covid-19, que tem provocado surtos e mortes na categoria. A companhia se limita a considerar o fornecimento de máscaras PFF-2 como um “reforço”.

“Como medida de reforço ao nosso protocolo de prevenção, estamos iniciando o fornecimento de máscaras do tipo PFF-2 para colaboradores das unidades offshore. No Refino e outras unidades em terra, esse tipo de máscara também será fornecido em situações pontuais, quando houver concentração de pessoas maior que o efetivo normal”, afirma o comunicado da empresa.

Falta muito

O sindicato considera um avanço este fornecimento, mas continua a pleitear a adoção de diversas outras medidas previstas no protocolo de prevenção que enviou à companhia. O documento, feito com supervisão da Fiocruz, prevê, entre outras medidas, o fim do confinamento pré-embarque em hotéis e o aumento nas testagens.

 

Petros: Aberta campanha para Conselhos

Anote na agenda: está programada para o período de 14 a 28 de junho a eleição para os novos representantes dos Conselhos Deliberativos e Fiscal da Petros. A campanha, que já começou, acontece em um momento difícil, em que vive-se a pandemia da covid-19. Um período que exige de todos nós perseverança e muita solidariedade. E, mais do que nunca, a união na luta pelos nossos direitos.
Por isso, é muito importante os participantes e assistidos de todos os planos administrados pela Petros participem do processo eleitoral.

A Chapa “Juntos pela Petros” tem o apoio da FUP e seus sindicatos, além dos grupos organizados de petroleiros e representantes dos trabalhadores de outras categorias que também têm planos previdenciários administrados pela Petros.

Siga nas redes

A campanha nas redes pode ser acompanhada e compartilhada no Facebook (juntospelapetros2021) e no Instagram (juntospelapetros).

 

 

CURTAS

Alimento é direito

Abrangidos por ações sociais do Sindipetro-NF passarão a receber uma cartilha em forma de história em quadrinho, produzida pelo Departamento de Comunicação do sindicato, que conscientiza sobre o direito à alimentação e a uma vida digna. O objetivo é levar mais do que uma cesta de alimento à família, mas também informação sobre a Constituição Federal e políticas públicas.

Lígia, presente!

Morreu ontem a companheira Lígia Deslandes, secretária-geral da CUT-RJ. O Sindipetro-NF se une a dezenas de entidades sindicais e dos movimentos sociais que manifestam o seu luto neste momento de grande perda para os lutadores do povo. Lígia, mais uma vítima do modo como o governo brasileiro negligencia o combate à covid-19, foi atingida pela doença e não resistiu após uma longa batalha pela vida.

Baker/GE

Petroleiros e petroleiras da Baker/GE têm assembleia on line nesta segunda, 26, às 13h, para avaliar a proposta de Acordo Coletivo apresentada pela empresa. O sindicato está indicando a rejeição dessa proposta, que não contempla as reivindicações da categoria — mesmo após negociações que se arrastam desde maio de 2020. Entre os problemas estão o Plano de Saúde, o não reajuste dos benefícios e a jornada de trabalho. É necessário fazer inscrição prévia em is.gd/assembleiabakerge.

Luto na P-51

A morte do petroleiro Jociel Martins Fonseca, na P-51, na quarta, 21, em circunstâncias que ainda estão sendo apuradas pela polícia, voltam a acender o alerta sobre a assistência à saúde mental da categoria. Por mais que as motivações possam ser eventualmente externas, uma empresa séria não pode admitir que um caso como esse seja tratado com indiferença. O sindicato está solidário à família e aos colegas de trabalho.

PARCERIA COM A VIGILÂNCIA – O Sindipetro-NF participou na segunda, 19, de reunião com o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde de Campos dos Goytacazes, Charbell Kury, e com a chefe da Vigilância Sanitária, Vera Cardoso de Melo, para tratar da realidade enfrentada pelos petroleiros e petroleiras de alto risco de contágio pelo novo coronavírus nas plataformas de Bacia de Campos e no Heliporto do Farol de São Thomé — instalações da Petrobrás no município. A entidade foi representada pelo coordenador do Departamento de Saúde, Alexandre Vieira.

 

 

MAIS NA RÁDIO NF

Confinamento pré-embarque

O Podcast da Rádio NF conversa nesta semana com o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, sobre a ineficácia do confinamento pré-embarque nos hotéis da região. Disponível agora também em formato de vídeo no Youtube em
is.gd/podcast94.

 

 

MAIS NO SITE

Entrevista com Gabrielli

A Imprensa do Sindipetro-SP publicou nesta semana entrevista com o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que aponta inconsistências na decisão do TCU, que o condenou a pagar U$S 453 milhões pela compra da refinaria de Pasadena. Mais em is.gd/maisnosite1185.

 

 

NORMANDO

Março

Normando Rodrigues*

Mês do deus da guerra. A partir do dia 19 Bolsonaro passou a falar em “meu Exército”.

O primeiro resultado do uso do possessivo foi uma anedota de caserna quanto à sigla “EB”: Exército “Brasileiro” ou “Bolsonarista”? A segunda consequência foi a renúncia inédita dos três chefes das forças armadas, na noite de 29 de março.

O líder fascista planejou um natimorto golpe para o simbólico 31 de março por medo da reabilitação eleitoral de Lula (dia 8), seguida da disparada na rejeição a Bolsonaro em pesquisas (XP, dia 11; Datafolha, dia 16).

Psicopatia

Na mente de Bolsonaro – sim, ele tem uma – o golpe seria uma reação ao “estado de sítio” (distanciamento social) decretado por prefeitos e governadores, pretexto tão fantasioso quanto o da “revolução comunista” para a quartelada de 1964.

Por falar em pretexto, havia um outro capitão delirante nas tirinhas de “O Condomínio”, da genial Laerte. Era o “Douglas”. Certa vez o Capitão Douglas mandou um subordinado “providenciar” uma guerra.

Os capitães Bolsonaro e Douglas representam o militar “vibrador”, que acredita ser seu ofício “matar gente”. Por definição, um psicopata.

Há um bloco de militares psicopatas com Bolsonaro. Protegidos da pandemia por ausência de autocrítica e de empatia para com seres humanos, seguem seu “programa de governo” inabalavelmente.

Dissimulação

Porém, mais perigoso ainda é o bloco dos militares “intelectuais”. Versados no fingimento, se comprometem com a “defesa da democracia” tanto quanto Pinochet sob Allende, ou Villas Boas sob Dilma.

Entre os dois blocos se abriu uma fissura, nos idos de março, mas não por repúdio a uma “aventura golpista”, como se divulgou. O real motivo é a “imagem”.

O bloco dos “intelectuais” sabe que 60% das mortes por Covid-19 têm “Bolsonaro” no atestado de óbito, como estimou Miguel Nicolelis. Fizeram do país uma tela viva de Hieronymus Bosch, e agora querem retirar a assinatura do EB deste quadro.

Boquinha

Entre psicopatas e “intelectuais” há uma cunha a aumentar a rachadura. É o segmento do “partido armado” que se tornou “partido da boquinha”, militares que se venderam por uma comissãozinha extra.
Pazuello é o símbolo maior deste “partido”, com milhares de outros pazuellitos atrás de sua pança.

Não se iludam! “ “Os três grupos, psicopatas, “intelectuais” e pançudos, têm o mesmo “programa de governo”, também ilustrado pela querida Laerte: abrir o pote de brinquedos e colocar os soldadinhos de plástico nas ruas.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

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