Nascente 1193

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EDITORIAL

Quatro em cada cinco

Há muitos motivos para ir às ruas, com todo o cuidado e prevenção, neste sábado. Também é preciso reforçar o protesto nas redes sociais. Não podemos ignorar o genocídio em curso no Brasil. Em entrevista à Globonews nesta semana (disponível em is.gd/4emcada5), o epidemiologista Pedro Hallal disse estar concluindo um artigo científico que demonstra cabalmente que quatro em cada cinco mortes por Covid-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se o governo brasileiro tivesse adotado uma política ao menos compatível com a média nacional de ações de prevenção.

“Se a gente somar só a negligência do governo federal em comprar na época certa as vacinas da Pfizer e a Coronavac nós estamos falando de 95,5 mil vidas que foram perdidas. Essa é uma parte da equação. Agora eu vou trazer a outra parte da equação. Lá em janeiro eu publiquei um artigo […] dizendo que três de cada quatro mortes que aconteceram no Brasil poderiam ter sido evitadas se o Brasil estivesse na média mundial no enfrentamento à pandemia. E agora eu vou dar um spoiler de uma nova análise que estou preparando nesse momento em que peguei os dados atuais, porque aqueles eram os dados até janeiro, e de janeiro para cá o Brasil piorou e o mundo melhorou. E aí a situação é mais indignante ainda, vou usar esse termo. No mundo hoje a média de mortes é de 488 pessoas para cada 1 milhão de habitantes. No Brasil é quase 2,3 mil mortes para cada 1 milhão de habitantes. Traduzindo isso para a população […], quatro em cada cinco mortes que aconteceram no Brasil seriam evitadas se o Brasil estivesse na média mundial”, explicou o pesquisador.

Nesta semana que estamos chegando a 500 mil mortes pela Covid-19, não é qualquer exagero militante afirmar, portanto, que pelo menos 400 mil dessas mortes estão na conta do genocida. Se o Brasil que ainda resta lúcido não for capaz de se indignar com essa tragédia monumental, se não for capaz de demarcar claramente que não se coaduna com esse projeto tresloucado que por infortúnio histórico emergiu das urnas de 2018, estará de vez maculado pela cumplicidade assassina.

Por isso é importante a presença nas ruas e nas redes. Não há transformação política que não passe por grandes mobilizações. Este é um momento decisivo para o país, que terá que escolher se continuará marcado pela barbárie bolsonarista ou se tem capital social suficiente para superar esse momento trágico e obscuro. Todes no 19J.

 

ESPAÇO ABERTO

19 de junho nas ruas*

Paulo Pimenta**

Manifestações de rua, em todos os lugares e em todas as situações, são formas de exercício direto da política pelas pessoas. O espanto que às vezes causam se dá pelo fato de que são os representados que ali estão. Em um certo sentido, a presença dos eleitores nas ruas para defender algo ou protestar contra algo representa um desacerto político, que em algum momento terá que ser resolvido. Em geral, isso acontece quando o sistema político não consegue – ou por falta de vontade, ou por indiferença – tornar concreta uma vontade que está latente na sociedade.

No Brasil, temos uma larguíssima história de manifestações políticas de rua. Não falamos, evidentemente, das manifestações que ocorrem em momentos eleitorais, mas em momentos excepcionais, quando o povo precisa utilizar esse mecanismo especial de exercício da política e da comunicação – que é o protesto de rua – porque as instituições representativas não caminham no sentido da vontade do povo. A excepcionalidade da forma, quando as pessoas precisam sair de seu cotidiano e de suas casas para marcarem presença no espaço público, evidencia pelo menos duas características importantes que esses eventos trazem: a gravidade e a urgência.

Sobre o nosso país, não precisamos repetir o que muitos já disseram nesses últimos 15 meses, desde o início da pandemia e até antes dela. Vivemos sob um governo que não tem qualquer compromisso nem com os interesses nem com as necessidades do povo.

Por isso, inclusive, as ruas, em 19 de junho e nas outras que virão, não devem ser um espaço exclusivo para a esquerda política. É um espaço para todos os democratas. É natural que as manifestações de rua, por sua natureza plebeia, não atraiam setores de classe média e nem os empresários. Mas é fundamental que esses setores, nos espaços que possuem de manifestação, seja nas redes sociais, seja na mídia tradicional, apoiem e reconheçam a legitimidade dessas manifestações populares. Em última instância, precisamos estar juntos em defesa da liberdade e da democracia.

* Trecho de artigo publicado no Sul 21 sob o título “19 de junho: Nas ruas, pela vida, por liberdade e democracia”, em is.gd/eanascente1193. ** Deputado Federal PT-RS.

 

GERAL

Congrenf inicia inscrições

Começam nesta sexta, 18, às 17h, as inscrições para o XVI Congresso Regional dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense. O Congrenf, que é o maior evento da categoria na região, essencial para a organização das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás e de empresas privadas contratadas, será realizado de 23 a 26 de junho.

Este ano o congresso voltará a ser feito em parceria com o Sindipetro Caxias e terá como tema “Juntos em defesa da VIDA #forabolsonaro”.
A programação prevê discussão sobre a conjuntura do setor petróleo e do País, elaboração de propostas de pautas para a Campanha Reivindicatória e eleição de delegados e delegadas para o Confup (Congresso da Federação Única dos Petroleiros).

Assim como em 2020, em razão da pandemia do novo coronavírus, todas as atividades serão online. A programação é integrada por videoconferências fechadas aos delegados e delegadas inscritos e por transmissões ao vivo nas redes sociais do sindicato.

O sindicato estimula a participação de toda a categoria, que poderá dar demonstração de força às suas reivindicações e à sua entidade sindical.

 

Categoria em peso no 19J

Das Imprensas do NF e da FUP

Na semana em que o Brasil atingirá a triste marca de 500 mil mortes causadas pela covid-19, ocorrerão protestos em todo o Brasil exigindo celeridade no processo de vacinação, auxílio emergencial de 600 reais, comida no prato e ‘Fora Bolsonaro’. Os protestos acontecem neste sábado, 19, e também são contra as privatizações e a Reforma Administrativa. A categoria petroleira deve participar das manifestações, ficando atenta aos locais e horários divulgados nas redes sociais para as cidades da região.

Conscientes dos riscos decorrentes da grave situação sanitária, as centrais emitiram nota nesta quarta, 9, reforçando as medidas de segurança e apontando os motivos que levam à necessidade de mobilização: “A pandemia de coronavírus, que já tirou a vida de quase meio milhão de brasileiros e brasileiras diante da incompetência do governo federal, segue um risco à população, que deve evitar aglomeração durante protestos e manifestações.”

 

Covid-19: Alta de 125% de mortes na Petrobrás

Da Imprensa da FUP

A contaminação por Covid-19 continua a avançar na Petrobrás. Em apenas dois meses e dez dias, mais que dobrou o número de trabalhadores efetivos mortos pela doença na empresa, segundo o 61º Boletim de Monitoramento Covid-19, divulgado nesta terça, 15, pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e atualizado semanalmente. Atualmente, são 45 óbitos registrados nesta semana, iniciada em 14 de junho – uma alta de 125% em relação às 20 mortes por Covid apuradas pelo MME em 5 de abril, no 51º boletim de monitoramento.

Em todas as comparações os resultados são dramáticos. No boletim de número 38, do MME, de 4 de janeiro de 2021 (foi o primeiro boletim de 2021, contendo, porém, dados do ano anterior), a Petrobrás contabilizava 3 mortes. Ou seja, em apenas cinco meses deste ano, a empresa registrou 15 vezes o número de mortos de 2020.

 

Petroleiros resistem em meio ao caos

O Sindipetro-NF tem recebido uma série de denúncias de trabalhadores e trabalhadoras que estão sendo submetidos a uma situação precária em plena pandemia. Os relatos são de que gestão da Petrobrás está se aproveitando da entrega da P-50, que foi antecipada, e pode acontecer ainda este ano, para iludir os trabalhadores com histórias de garantia de trabalho, que não são reais. Com isso, os trabalhadores seguem com receito de desafiar a chefia e aceitando escalas de 21 dias ou mais, entre outras arbitrariedades, o que pode trazer consequencias graves.

No fim de semana, por exemplo, foi registrado um início de surto devido a sintomáticos a bordo da P-50. Segundo denúncias, esses trabalhadores estão sendo aglomerados em um único camarote sem condições básicas e sem nenhum acompanhamento médico. O mesmo também estaria ocorrendo na P-32.

Além disso, foram desembarcados alguns trabalhadores com suspeita de Covid-19, boa parte sendo técnicos de segurança, o que teve impacto direto nas atividades da plataforma.

Denuncie

O Sindipetro-NF alerta os trabalhadores para que não aceitem essas imposições da gestão e que denunciem essas atitudes pelo e-mail [email protected].

 

Ataque a Alessandro é atentado à Democracia

Nos atos e demais contatos com a categoria petroleira nas bases da região nesta semana, a diretoria do Sindipetro-NF reforçou a luta contra a abertura de processo de demissão, pela Petrobrás, do diretor sindical Alessandro Trindade. Foram realizados atos no Heliporto do Farol de São Thomé e no Aeroporto de Macaé. As ações seguiram indicativo da FUP de promover atos em todo o país em defesa da liberdade de organização sindical.

“Estamos aqui em defesa da liberdade sindical, em defesa de que nós diretores sindicais, nós trabalhadores possamos nos organizar e lutar. Estamos aqui contra a demissão do companheiro Alessandro e vamos continuar firmes nessa luta”, disse o coordenador geral do NF, Tezeu Bezerra, em ato realizado no Farol.

O sindicalista também chamou a atenção para o fato de que esta não é uma luta apenas da categoria petroleira, mas de todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras. “Essa luta é de cada brasileiro, cada brasileira, porque a liberdade sindical é parte da democracia”, defendeu.

 

Dia dos Químicos: Essenciais na luta por valorização

Profissionais essenciais na indústria do petróleo e em diversos outros setores da economia, os químicos celebram neste 18 de junho o dia dedicado à profissão. Para a diretora do Sindipetro-NF, Jancileide Morgado, que é técnica em química em atuação na Falcão Bauer, “diante de tantos desafios, os químicos merecem que esta seja uma data para o reconhecimento desse profissional e de sua importância para a sociedade. Somos indispensáveis na indústria petróleo e gás e devemos ser reconhecidos em nossa luta por reajuste, aumento real dos salários e valorização do piso salarial.

De acordo com a diretora, que também representa a categoria na Câmara Técnica Petróleo e Gás do Conselho Regional de Química da Terceira Região (CRQ-III), mais de 5 mil químicos atuam na região.

O Dia do Químico faz referência à promulgação da chamada “Lei Mater dos Químicos” (Lei nº 2800/56), pelo então Presidente Juscelino Kubitschek, em 18 de junho de 1956. A legislação especificou as áreas da atuação profissional em química e a fiscalização por meio do Conselho Federal de Química (CFQ).

Química está em tudo

Para o presidente do CFQ, José de Ribamar Oliveira Filho, “tão importante quanto os profissionais cujo trabalho é facilmente verificado é a atuação daqueles que nem sempre se percebe: por trás de todos os produtos, existem responsáveis técnicos, e esses são fiscalizados por nós. Se não zelamos pela qualidade dos insumos, por exemplo, quem se prejudica é a sociedade. Os materiais médicos, por exemplo, são feitos de elementos químicos, o gás oxigênio usado nas UTIs, tudo, absolutamente tudo passo pelo crivo de qualidade dos profissionais da Química.”

 

CURTAS

NF no Cremerj

O NF formalizou uma denúncia junto ao Conselho Regional de Medicina com relação a conduta de uma médica da Petrobrás. A denúncia foi feita com base nas informações apresentadas por trabalhadores, que afirmam que a médica prescreveu medicamentos sem qualquer comprovação de eficácia no combate ao coronavírus. O sindicato teve acesso a uma cópia da receita prescrita pela profissional, que indicou em atendimento ambulatorial o uso de Azitromicina e Ivermectina.

Negacionistas

No início desta semana, e passados mais de dez dias da reunião do Sindipetro-NF com a gerência de Cabiúnas sobre a cobrança por avanços nos protocolos de prevenção à Covid-19 na unidade, o sindicato recebeu uma resposta negativa da empresa. A Petrobrás diz que adota as medidas preconizadas pela OMS, já faz o que é adequado e não vê necessidade de realização de testes por instituições externas.

Greve na Baker

A mobilização nas empresas do setor privado está a mil. Nesta semana, no último dia 15, petroleiros e petroleiras da Baker Hughes participaram de Seminário de Greve organizado pelo Sindipetro-NF. A categoria denuncia a morosidade da empresa em apresentar nova proposta que atenda às reivindicações, após rejeição de proposta inicial em assembleia. Os trabalhadores discutiram a conjuntura do país e do setor petróleo e formas de construção de um movimento grevista.

Setoriais

A mobilização intensa no setor privado também acontece por meio de realização constante de reuniões setoriais com a base, que discutem os acordos coletivos de trabalho. Hoje tem reunião às 19h com petroleiros e petroleiras da Champion. Nesta sexta, 18, as setoriais são com os trabalhadores da KN Açu, às 13h, e da Falcão Bauer, às 19h30. Para todas é necessário fazer inscrição por meio de links disponibilizados no site do NF.

SAUDADE DO EX O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou na última sexta, 11, um dos estaleiros ainda em funcionamento em Niterói (RJ), acompanhado de lideranças políticas e sindicais do estado. Os diretores do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, José Maria Rangel e Alessandro Trindade participaram da atividade. A indústria naval foi uma das maiores beneficiadas pela política desenvolvimentista dos governos Lula, gerando milhares de empregos no estado do Rio. Atualmente, o estaleiro visitado tem apenas uma reforma contratada em um navio.

 

MAIS NA RÁDIO NF

Sua voz no plano Petros

Milhares de trabalhadores são vinculados a planos se seguridade social de empresas públicas ou estatais, como a Petrobrás. O Podcast da Rádio NF discute nesta semana a importância da representação dos participantes junto a estes planos. Confira nas redes sociais do NF nesta sexta, 18.

 

MAIS NO SITE

Omissão e negacionismo

No tema da Covid-19, todo dia é um 7×1 quando o assunto é esperar da Petrobrás uma postura que não seja a negacionista preconizada pelo governo do “mito” da atual gestão. Sobre vacinação dos industriários, que se aproxima, nem se mexeram ainda. Saiba mais em is.gd/maisnosite1193.

 

NORMANDO

Fogo!

Normando Rodrigues*

Na iconografia ocidental, “fogo” e “luz” nem sempre estão do mesmo lado. Não raro, são inimigos.

A “luz” está associada à “razão” e à sabedoria desde a deusa Atena, que enxerga o que os outros não veem; enquanto o “fogo” purifica a sociedade com a eliminação dos “inimigos”, sejam livros ou pessoas.

Em maio e junho de 1933 o fascismo alemão “purificou” em piras rituais centenas de milhares de livros. Agora é a vez dos fascistas da Fundação Palmares.

Naturicídio

Dentre os condenados está o “Dicionário do Folclore Brasileiro” de Câmara Cascudo, autor culpado por ter ensinado Dilma a valorizar a cultura da mandioca, de nossos indígenas. Mandioca é tema proibido. Mas “tora”, não.

Sob Bolsonaro, o item de exportação do “agronegócio” que mais cresceu, em volume e em lucro, foi a madeira. Os “patriotas” assassinam a natureza com fogo, tratores e correntes, e com os venenos do agronegócio. E os “Salles” lucram.

Lucro auferido com orgulho empresarial. No dia 12 de junho, 12 mil motos presentearam a cidade São Paulo com uma enorme distribuição de vírus. Sobre uma das máquinas, um casal de empresários disse estar ali porque eram “patriotas”.

Patriotas

O apartheid entre os “patriotas” – que entregam a Petrobrás, a Eletrobrás, e a ECT – e os “outros”, é pressuposto do ódio fascista que sempre atuou contra “esquerdistas”, e que hoje mata negros, índios e pobres, como antes matava judeus.

A fogueira medieval que assava judeus e hereges já esteve representada nos fornos de Auschwitz, e agora não só queima a floresta como tem versões motorizadas, no varejo:

– a polícia arrasta o “inimigo” para dentro de um veículo, e lá o executa à queima roupa. É mais fácil para depois remover o corpo.

Extermínio

Nossos fascistas declararam em reunião ministerial odiar os povos indígenas, que morrem junto com a floresta. A pandemia de Covid matou lideranças históricas, como Carlos Terena e Aritana Yawalapiti. Mas a tragédia é maior.

O cerco da soja e o assalto do garimpo, nas terras Yanomami, assassinam indígenas há meses, sob o olhar complacente de Bolsonaro. E a desnutrição infantil naquela nação chegou a níveis desesperadores.

Crianças Yanomami são literalmente pele e ossos, como os esqueletos-vivos encontrados na libertação dos campos de extermínio fascistas. Mas não são fotos de 1945. São de hoje, na comunidade do Alto Catrimani, em Roraima.

O holocausto é aqui.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

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