Nascente 1197

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

[VERSÃO COMPLETA EM PDF DISPONÍVEL NO FINAL DA PÁGINA]

A SEMANA

Editorial

Melhoras ao mais infame presidente

Bolsonaro foi internado nesta semana sob queixas de fortes dores abdominais. Tem apresentado crises de soluço. Como tudo que o envolve, essas dores e essas crises podem ser verdadeiras ou não. Mas, se forem reais, desejamos pronta recuperação da sua saúde. Ele precisa viver muitos anos para ver a resposta do povo brasileiro às suas infâmias e pagar em todas as instâncias por seu comportamento genocida. Mesmo sendo responsável direto por centenas de milhares de mortes, desejamos vida longa ao presidente.

E sua recuperação precisa ser rápida, a tempo de ver a beleza das manifestações que o aguardam no próximo dia 24. Precisa também aguentar firme para purgar cada descoberta da CPI da Covid, com seu desfilar de altas patentes acusadas de corrupção. Que seu estômago também esteja inteiro para digerir cada pesquisa do Datafolha, que registra o crescimento da insatisfação da população com o seu governo e o modo nada afável como identifica os seus atributos: desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente (de acordo com a grande maioria).

Vida longa a Bolsonaro para ver seu julgamento no Tribunal de Haia, pela matança de indígenas, pela matança pela Covid. E para assistir ao enxovalho que a história fará com o seu nome, reservando a ele o lugar dos anti-exemplos. Daqueles que, é verdade, não podem ser esquecidos, mas para sinalizar que é importante cuidar para que nunca mais algum similar venha a ocupar a liderança do país. Com sorte, viverá para ver seus bisnetos terem vergonha profunda do bisavô.

Força, presidente. Estamos contigo nessa luta pela preservação de uma vida que não vale um pequi roído, mas precisa ser mantida.

 

Espaço Aberto

Flexibilizar o Mercosul é agressão a paz

Quintino Severo**

Durante o recente encontro de chefes de estado do Mercosul, os presidentes do Brasil e Uruguai retomaram a retórica neoliberal de “modernizar o Mercosul”, “Flexibilizar regras”, “Abandonar princípio do consenso nas decisões”, e ainda “Reduzir a Tarifa Externa Comum”.
Na prática essas propostas rompem definitivamente com princípio da União Aduaneira (manter tarifas iguais entre países membros a fim de encarecer a importação de produtos de países extrabloco), será o fim do Mercosul.
Essa aventura neoliberal de Bolsonaro (Brasil) e Lacalle Poul (Uruguai) irá custar empregos na indústria que já sofre com um agressivo processo de desindustrialização, e ampliará fortemente as desigualdades em uma região marcada pela pobreza, e principalmente representa a mais séria ameaça contra a paz na região.
Ao se jogar nos braços dos Estados Unidos e União Europeia, com medo da competitividade da China, os presidentes do Brasil e Uruguai apostam na destruição do Mercosul, ao invés de fortalecer e potencializar nosso bloco de países para interagir com a economia global em condições mais favoráveis ao nosso povo.
Devemos defender o Mercosul como União Aduaneira, mas que também seja um agente de promoção da Livre Circulação de Pessoas, da Integração Produtiva, Científica e Tecnológica, capaz de agregar outros países da região como Bolívia, Venezuela e Chile e assim se convertendo em um projeto de promoção da paz e redução das desigualdades.

* Artigo publicado no Portal da CUT, em is.gd/eanascente1197, sob o título “Felxibilizar o Mercosul é uma agressão a paz regional e aos mais pobres””. ** Representante da CUT no FAT.

 

Todes no 24J

Dia 24 de julho tem mais povo nas ruas. A data foi definida por movimentos sociais como mais um dia de manifestações pelo #forabolsonaro. Além da saída do presidente, o protesto terá na pauta a luta contra as privatizações; contra a reforma Administrativa; a favor de uma reforma tributária, justa solidária e sustentável; por salário, emprego, trabalho decente e renda; contra a inflação, carestia e a fome; por vacina para todos; auxílio emergencial de R$ 600 e em defesa da agricultura familiar.

Vacina em Campos

O Departamento de Saúde do Sindipetro-NF enviou ontem, à área de Vigilância Sanitária da Prefeitura de Campos, ofício em que solicita que o município considere a especificidade dos petroleiros em relação ao fim da repescagem na vacinação. Por estarem embarcados, muitos trabalhadores offshore não conseguem acompanhar o calendário apenas por idade. O sindicato espera compreensão acerca do caso.

Kit bolsonarista

O próprio Ministério da Saúde, de acordo com documentos obtidos pela CPI da Covid e divulgados ontem, teve que admitir que os medicamentos do chamado “Kit Covid”, defendido por Bolsonaro e seu gabinete das sombras, são ineficazes contra a doença. O NF reforça a cobrança por providências da Petrobrás e do Conselho de Medicina em relação aos médicos que receitaram medicamentos similares na empresa.

De olho no CA

Petroleiros e petroleiras devem acompanhar com atenção o trabalho da representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosangela Buzanelli. Todos os meses, a conselheira tem reuniões do CA e do Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (CSMS), e atua de maneira justa, ética e inegociável em defesa da Petrobrás estatal, forte e integrada, a serviço da Nação e do povo brasileiro. Saiba mais sobre a atuação da conselheira em is.gd/rbuzanelli.

VOCÊ TEM QUE SABER

Venda de Papa-Terra acelera desmonte

A Petrobrás anunciou na semana passada a venda da sua participação (62,5%) no campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos, por US$ 105,6 milhões, para a 3R Petroleum. A venda se insere no cenário de “desinvestimentos” da companhia e é mais um passo preocupante no sentido de deixar o país mais vulnerável economicamente e sob o ponto de vista energético. Ainda não é possível dimensionar os efeitos nocivos sobre a perda de empregos ou sobre a produção, mas o movimento sindical identifica como prejudicial a acentuação de uma lógica financista no setor petróleo.

Para o pesquisador do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), João Montenegro, que é mestre em Economia Política Internacional pela UFRJ, ainda é cedo para saber os impactos específicos da venda de ativos como a P-61 e a P-63, plataformas que integram o campo de Papa-Terra, mas acende-se um alerta em relação a uma crescente presença de atores privados, que buscam lucro imediato para seus acionistas, em detrimento do tratamento do setor como estratégico para o país, que pode gerar empregos e desenvolvimento social.

O pesquisador também destaca que precisará ser avaliado o impacto sobre uma redução da política de conteúdo nacional, uma vez que as empresas privadas do setor não têm qualquer obrigação de priorizar o mercado nacional. Além disso, deverão ser observadas as relações que estas empresas terão com seus trabalhadores e entidades representativas.

De acordo com o economista Carlos Takashi, técnico da subseção do Dieese no Sindipetro-NF, o campo de Papa-Terra possui diferenças em relação a campos vendidos recentemente, que vinham registrando quedas nas suas produções (Pargo, Enchova e Pampo). A primeira é estar localizado em águas profundas, e não em águas rasas com os demais. A segunda é a de tratar-se de um campo mais novo: foi descoberto em 2003 e o primeiro óleo foi extraído em novembro de 2013, enquanto a produção dos polos Pargo, Enchova e Pampo se iniciou nos anos 1980.

“Apesar da produção do campo Papa-Terra também ter caído entre 2014 e 2018, devido a fatores como a queda dos investimentos da Petrobrás e a adoção de uma política deliberada e acelerada de privatizações desde 2016, nos últimos dois anos (2019 e 2020) o campo de Papa-Terra tem recuperado sua produção. A Petrobrás anunciou a venda e agora assinou um contrato de venda de um campo em que ela própria tem recuperado e há potencial de aumento da produção”, explica o economista.

 

Câmara aprova projeto para barrar Resolução 23

Após uma grande mobilização por parte das entidades sindicais, que representam os trabalhadores, a Câmara dos Deputados aprovou na terça, 13, o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 956/2018, da deputada Erika Kokay (PT/DF), que anula os efeitos da Resolução 23, da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR). Foram 365 votos a favor e 39 conta.
Com a aprovação, o PDC 956/2018 pela Câmara, o projeto segue para apreciação no Senado Federal. Neste momento, movimentos sindicais e sociais devem aumentar a pressão para que o resultado positivo seja mantido.

Nos reunimos ontem [segunda, 12] com o gabinete da Erika Kokay e, hoje, nós trabalhadores tivemos uma grande vitória com a aprovação do projeto. Queremos deixar aqui não só a nossa gratidão, mas deixar um alerta aos trabalhadores, que assim que tivermos informações sobre a votação iremos mobilizar a todos para que possamos sensibilizar também os senadores pela aprovação desse projeto”, frisou o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.

Vale lembrar que a resolução, emitida em janeiro de 2018, é extremamente nociva para os planos de saúde que são autogeridos por empresas estatais, como é o caso da AMS, do Sistema Petrobrás. Entre os prejuízos impostos pela CGPAR estão a proibição da adesão de novos contratados, a restrição de acesso para os aposentados e a cobranças por faixa etária, prejudicando os beneficiários idosos, que são os que mais necessitam de cuidados com a saúde. Além disso, a Resolução 23 altera carências e franquias e, principalmente, reduz a participação das estatais no custeio dos planos.

As restrições impostas pela CGPAR já estão sendo implementadas pelas empresas, como vem fazendo a Petrobrás com a AMS, impactando gravemente a assistência à saúde dos empregados, que estão sofrendo uma série de ataques no benefício e sendo obrigados a arcar com o aumento do custeio dos planos.

 

FUP pressiona por respostas sobre Covid

Da Imprensa da FUP e do NF

Em resposta à cobrança da FUP, a Petrobrás realizou na segunda, 12, reunião extraordinária da Comissão de SMS, dando continuidade à discussão dos temas que a entidade havia pautado com a empresa no dia 14 de junho. Diante da complexidade das demandas relativas às questões de saúde e segurança, as entidades sindicais cobraram que as reuniões da Comissão passem a ser realizadas mensalmente, em vez de a cada dois meses, como prevê o Acordo Coletivo. A próxima reunião já foi agendada para o dia 23 de agosto.

As questões relacionadas à Covid-19 no Sistema Petrobrás continuam sendo o eixo central do debate na Comissão de SMS. Só na holding, já são 49 óbitos de trabalhadores contaminados e, a cada semana, mais de 120 trabalhadores próprios são infectados. Segundo levantamento feito pelo Ministério de Minas e Energia, um total de 7.618 petroleiros e petroleiras foram vítimas da Covid na Petrobrás, o que representa 18,4% de todos os trabalhadores da holding. A empresa continua omitindo dados de trabalhadores terceirizados.

Os sindicalistas sobraram da Petrobras um posicionamento sobre a conduta de médicos do setor de saúde da empresa de prescreverem Ivermectina e outros medicamento ineficazes para trabalhadores com suspeita ou que testaram positivo para a Covid-19. O RH informou que não há orientação corporativa sobre medicamentos receitados em qualquer situação de saúde ocupacional, ressaltando que a Petrobrás respeita a autonomia dos médicos, conforme garante o código de ética da categoria. A Federação criticou ainda a orientação da Petrobrás de suspender a testagem para a Covid em trabalhadores vacinados, inclusive, os que só tomaram uma dose do imunizante.

Outros pontos discutidos na reunião podem ser vistos em is.gd/reuniaosms.

SAIDEIRA

Envie vídeo e ganhe uma mochila dos 25 anos do NF

Os 60 primeiros filiados e filiadas, militantes sociais, pessoas que de alguma forma cruzaram suas histórias com a história do Sindipetro-NF, que enviarem vídeo de até um minuto para a entidade (somente por meio da página da campanha em is.gd/video25nf) vão receber como brinde uma mochila dos 25 anos do sindicato.

A campanha foi lançada no dia 2 de julho, dia no aniversário da entidade. O objetivo é compartilhar histórias de uma construção coletiva. Depois de editados pela Imprensa do NF, para ganharem vinhetas de abertura e encerramento, os vídeos serão publicados nas redes sociais do sindicato.
O NF também tem marcado a celebração por outras atividades de comunicação. Entre elas está uma série de podcasts sobre a história da entidade. O Podcast 104 trouxe uma conversa com os três primeiros coordenadores gerais do NF: Luiz Carlos Mendonça (1996/1999), Antonio Carlos Rangel (1999/2002) e Fernando Carvalho (2002/2005). Já a edição 105 conversou com José Maria Rangel (2005/2014), Marcos Breda (2014/2017) e Tezeu Bezerra (coordenador desde 2017).

Nesta semana, o podcast vai continuar tratando da história do sindicato, mas apontando para preocupações com o futuro da entidade e de outros movimentos coletivos. Também estão sendo preparados um documentário e uma revista especial.

 

MOÇÃO DE APLAUSOS – A campanha Petroleiro Solidário recebeu Moção de Aplausos e Reconhecimento Público da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. O documento que certifica a homenagem foi entregue, no último dia 8, pelo vereador Lindbergh Farias (PT), ao diretor do Sindipetro-NF, Alessandro Trindade, durante ação do gás no conjunto habitacional Dom Jaime Câmara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com o vereador, autor da proposta de moção, a campanha acontece em um momento de muita dificuldade do povo brasileiro, quando a fome volta a atingir milhões de pessoas. Ele lembrou ainda o papel de conscientização das ações de venda de gás a preço subsidiado.

 

 

NORMANDO

Quarteladas

Normando Rodrigues*

Na quartelada de 3/4/2018, o general Villas Bôas disse saber “quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras, e quem está preocupado apenas com interesses pessoais”.

Agora, depois de 30 meses de governo fascista, e de 535 mil mortos, o Brasil inteiro aprendeu que são os soldados de Villas Bôas os que só pensam em seus interesses pessoais.

Muitos desses guerreiros-de-boquinha estão envolvidos no escândalo das vacinas, com destaque para o papel do coronel reformado Élcio Franco.

Sacos pretos

“Número 2” do general-de-comício Pazuello, no Ministério da Saúde, Franco assinou o contrato da Covaxin, mas não fez só isso.
Por obra e graça de Franco, 110 milhões de reais destinados à compra de vacinas foram desviados para gastos bélicos. Literalmente, 2,2 milhões de doses da Pfizer viraram combustível e peças de aeronaves.

Franco, reconheça-se, apenas seguiu a linha genocida de Bolsonaro, Guedes e Pazuello, sintetizada por este último ao declarar que preferiria só comprar “sacos pretos”, para os cadáveres.

(Des)Prestígio

Depois o coronel virou assessor do general-de-casa-civil Eduardo Ramos, e estava ao lado do brigão Lorenzoni na coletiva de imprensa em que Onyx disse que “ia pegar lá fora” os irmãos denunciantes.

Ramos, com Franco de assessor, se juntou ao Mito e ao general Heleno-do-Haiti, para receber em 2 de julho o chefe da CIA, William Burns. A foto oficial do jantar explicitou quem “manda”: Burns ficou no centro, e não Bolsonaro.

Os fardados renunciam ao “centro da foto”, à soberania, ao petróleo, à Eletrobrás, à ECT, à base de Alcântara, à Amazônia, ao Pantanal, e a qualquer outra coisa, para manter prestígio e privilégios. Porém, não admitem críticas!

Marielle

O general-interventor, Braga Neto, é aquele sob cuja responsabilidade na segurança pública do RJ Marielle foi assassinada. Ele jamais se indignou com o crime a ponto de perguntar quem mandou o vizinho de Bolsonaro matar a vereadora.

Braga Neto, contudo e com coturno, se embraveceu por mencionarem sua “banda podre”, pegou em armas, e soltou notinha ameaçadora.
Em socorro ao ministro da defesa, o tenente-brigadeiro-sem-doce, Baptista Junior, confirmou em entrevista a 9 de julho que a intenção do mimimi era mesmo intimidar.

Mimimi

É lamentável que o egodistônico presidente do STF, em lugar de repudiar a militância política armada, novamente se tenha dedicado a passar pano no golpismo de Bolsonaro e de seus guardas pretorianos.

“In-Fux-we-trust” à parte, fato é que os milicos foram pegos com a boca na botija. Todavia, o que foi exposto é ainda muito pouco, ante o que fizeram.
O esperneio da tosca nota de Braga Neto e comandantes, revela o pavor que sentem não pela incriminação no caso Covaxin, e sim pelo inevitável encontro com o tribunal da história, que os julgará pelo maior genocídio do Brasil.

Nurembergue

Os “estrelados” sabem que pegar Bolsonaro, Pazuello e pazuellitos, pelas vacinas, ante o extermínio de centenas de milhares de brasileiros, seria pagar um preço muito baixo.

Algo como condenar os responsáveis pelo holocausto, por terem desviado pacotes de rações da Cruz Vermelha, destinados aos prisioneiros.
Ninguém foi parar no Tribunal de Nurembergue por desvio de rações. E é o próximo Nurembergue, já visível no horizonte, o que aterroriza os militares.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

1197merge