Nascente 1198

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[VERSÃO COMPLETA EM PDF DISPONÍVEL NO FINAL DA PÁGINA]

 

A SEMANA

Editorial

Não é somente com o outro. É com você

Mancur Olson, um autor da Ciência Política que costuma ser estudado junto a outros do campo conservador das teorias das elites, defende basicamente que, racionalmente, um indivíduo não tem porque atuar em coletividade, em benefício do bem comum, se outros já estiverem atuando por ele. Não é exatamente que o teórico defenda isso, é que ele acredita, baseado em suas pesquisas, que é assim que funciona. É a chamada teoria do carona. A lógica seria a de que “se eu não for (a um protesto, por exemplo), não vai fazer diferença”.

Este é um dos maiores desafios das organizações, como um sindicato, que lidam com movimentos coletivos. Superar o raciocínio individualista que parece tão claro, racional e confortável. No 24J, o petroleiro, a petroleira, precisa entender que sua participação é um imperativo ético, e que ele, ela, faz sim muita diferença.

Integrantes de uma categoria que sabe muito bem o quanto cada conquista é suada, reivindicada, pressionada, fruto de muita organização e ação sindical, os petroleiros e petroleiras não podem perder essa dimensão quando os assuntos extrapolam os limites do setor petróleo. Há outros laços de solidariedade que cobram a sua atuação, seja o da consciência de classe — entender-se pertencente e ator político da classe trabalhadora —, seja o do nacionalismo — esse sentimento tão desvirtuado mas que ainda pode ser utilizado para bons propósitos —, seja ao menos o familiar — outro conceito tão explorado de forma torpe, mas aqui entendendo-se pela intenção de legar um mundo melhor aos seus.

Seja pelo motivo que for, desminta Olson e vá ao 24J. Omitir-se não é uma opção.

 

Espaço aberto

Por que vamos à rua neste sábado?

Jancileide Morgado*

Na rua sempre temos um espaço de luta e resistência, é onde vamos para reivindicar nossos direitos ou denunciar o que está acontecendo naquele momento. Continua a ser o lugar onde a história se faz, mesmo com toda a tecnologia que dispomos para mandar as nossas mensagens ao mundo nos ambientes virtuais (que, claro, também são importantes).

Muitos não entendem, ou simplesmente debocham dos militantes. Acham que são superiores, não precisam se expor, porque se garantem sozinhos, acham que são melhores, mais competentes, que protesto é coisa de gente que só sabe reclamar e não gosta de trabalhar. Há também aqueles que acreditam que não farão diferença se ficarem em casa.

Companheires assim se esquecem que foram nesses atos de rua que obtivemos várias vitórias, conquistamos muitos dos nossos direitos. Ir à rua é exercer nosso papel de cidadão para que ocorram as mudanças que sonhamos. É o contrário de ser inferior ou incompetente: é ser gigante, solidário, ter sentido ético de coletividade.

Por isso, venha conosco neste sábado, 24, dia 24J, para juntes vencer todo esse Fascismo. Queremos Vacina no Braço, Comida no Prato e Livro na Mão. Todes com muito cuidado e distanciamento, sempre de máscara e usando álcool em gel na mão.

Chega de mortes, chega de descaso, chega de miséria e fome. Vamos superar, juntos e na luta, este momento terrível. Fora àqueles que desrespeitam o povo brasileiro.

* Diretora do Sindipetro-NF.

 

Ganhe uma mochila

Ainda dá tempo. Mande seu vídeo de até um minuto para contar alguma história sua com o Sindipetro-NF, ou o que a entidade representa para você. Os 60 primeiros a enviar vão receber como brinde uma mochila dos 25 anos do sindicato. O envio deve ser feito por meio da página is.gd/video25nf. A campanha foi lançada no dia 2 de julho, dia no aniversário do NF. O objetivo é compartilhar histórias de uma construção coletiva. Os vídeos serão publicados nas redes sociais do sindicato.

Mulher negra…

O próximo domingo, 25, é Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha. A celebração foi instituída em 1992, pelo 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana. No Brasil, a data também remete à líder quilombola Tereza de Benguela. O objetivo é dar visibilidade à luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo.

Latina e caribenha

Um dos marcos importantes desta luta no país foi a realização da 1ª Marcha das Mulheres Negras, em 2015, em Brasília. Os movimentos denunciam que, “de acordo com o Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no país naquele ano eram negras. Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza”, de acordo com o IBGE, como relata a Oxfam.

Luto

A categoria petroleira da região perdeu, na madrugada do último sábado, 17, o companheiro aposentado Dionisio Bispo de Jesus. O petroleiro morreu aos 87 anos, de causa natural, em sua residência em Campos dos Goytacazes. Muito atuante na militância, Dionisio era presença muito frequente e querida nas atividades do Sindipetro-NF, como nas reuniões setoriais das quartas-feiras. A entidade registra as suas condolências aos familiares, amigos e colegas aposentados do companheiro.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Fora Bolsonaro: Categoria petroleira ainda mais presente

O Sindipetro-NF intensificou nesta semana a convocação à categoria petroleira para que participe dos protestos pelo Fora Bolsonaro neste sábado, 24, em suas cidades. A entidade avalia que os petroleiros e petroleiras precisam estar mais presentes neste momento da vida nacional, onde, além da Petrobrás, diversas empresas e serviços públicos estão sendo desmontados. Além disso, a categoria, uma das mais organizadas e estruturadas sindicalmente, tem grande capilaridade e potencial de mobilização de toda a sociedade.

O sindicato orienta que os petroleiros e petroleiras onshore, ou offshore que estiverem em folga, participem dos atos e estimulem familiares e círculos de influência a também participar. Na região, haverá atos em Campos dos Goytacazes (Praça São Salvador, 9h, seguido de passeata pela avenida Alberto Torres até a Câmara de Vereadores), em Macaé (Concentração às 9h30 na Praça Veríssimo de Mello, seguida de passeata pelo Calçadão), Rio das Ostras (Carreata e bicicletaço saindo 9h da Escola Municipal Cidade Praiana, com ato às 10h na Praça Rua Bangu) e em Barra de São João (Praça As Primaveras, 10h).

A FUP e sindicatos petroleiros também se programam para ter grande presença no ato da cidade do Rio de Janeiro, que terá concentração às 10h no Monumento Zumbi dos Palmares, no centro, seguida de caminhada pela Avenida Presidente Vargas, até a Candelária.

Nas últimas semanas, diretores e diretoras do NF estiveram reunidos com sindicalistas de outras categorias e representantes de movimentos sociais para contribuir na organização dos atos na região. Para o sindicato, a sociedade precisa se levantar de modo mais contundente para exigir o impeachment de um presidente desqualificado, que não está à altura do cargo, e já acumula contra si, no Congresso, mais de 120 pedidos de impedimento, baseados em dezenas de crimes.

“É importante ressaltar que todos os trabalhadores e trabalhadoras não só podem como devem somar aos movimentos do 24J em suas cidades, tomando os devidos cuidados. Somente unidos teremos forças para combater esse governo genocida”, afirma o coordenador do NF, Tezeu Bezerra.
Organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, os protestos “Fora, Bolsonaro” têm como foco as lutas contra o desemprego e a fome; pelo auxílio de R$ 600; vacina já e contra a reforma Administrativa e as privatizações. A expectativa é a de que as manifestações deste sábado sejam maiores do que as de 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho.

 

Deyvid e Alessandro: Direitos Humanos solicita anulação e reintegração

Da Imprensa da FUP

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), órgão do Poder Executivo, solicitou a anulação da suspensão disciplinar aplicada pela gestão da Petrobrás ao coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, e a reintegração do diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), Alessandro Trindade, demitido em 2 de junho por justa causa por distribuir cestas básicas a famílias carentes abrigadas em terreno da petroleira em Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Além disso, o CNDH recomendou que a Presidência da República, a Petrobrás e suas subsidiárias respeitem o direito e a liberdade sindical dos trabalhadores.

As decisões do CNDH se baseiam em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A deliberação ocorreu na 22ª Reunião Plenária Extraordinária, realizada em 9 de julho, e tem por base princípios da OIT, ratificados pelo Brasil, sobre liberdade sindical e proteção ao direito de sindicalização. As indicações atendem a pleitos da FUP e sindicatos filiados em defesa do exercício democrático da liberdade sindical. O CNDH é um órgão colegiado e seu objetivo é promover e defender os direitos humanos no país.

 

Covid na Petrobrás: Dado oficial registra 50 mortes

O boletim semanal sobre os casos de Covid-19 na Petrobrás e no setor de energia elaborado pelo Dieese em parceria com a FUP e o Sindipetro-NF chega a sua décima edição nesta semana (is.gd/boletimcovid) com um dado triste e alarmante: o aumento no número de mortes entre petroleiros e petroleiras.

De acordo com os dados, o Brasil chega à marca de 543 mil óbitos e 19,4 milhões de pessoas contaminadas pela Covid-19. Na Petrobrás, somam 50 mortes e sobe para 7.716 trabalhadores contaminados (soma dos casos confirmados, hospitalizados, mortes e recuperados), representando 18,6% dos trabalhadores da Petrobrás holding.

O número de contaminados é 2% maior do que o observado na semana anterior. Vale ainda destacar que muitos destes trabalhadores, apesar de “recuperados” da Covid-19, ainda apresentam algum tipo de sequelas desta contaminação.

O número de novos casos de trabalhadores contaminados por semana, na Petrobrás, chegou a 98 pessoas, representando um crescimento de 40% na semana. Já a média móvel de quatro semanas passou para 83 trabalhadores contaminados, resultado 9% inferior que a média móvel observada na semana anterior.

A evolução da contaminação de trabalhadores na Petrobrás segue acima de outras empresas de energia. Nesta semana, a média móvel de novos casos na Petrobrás estava em 83, enquanto nas outras empresas do setor de energia federal está em 43 casos por semana.

 

Assembleias na Oiltanking, KN e Falcão

Trabalhadores das empresas Oiltanking e KN, que atuam no Porto do Açu, têm assembleias nesta semana para tratar do Acordo Coletivo 2021. Para o pessoal da Oiltanking Açu Serviços, a assembleia é nesta quinta, 22, às 15h. Já para os trabalhadores da KN Açu Serviços de Terminal de GNL, a assembleia é na sexta, 23, às 13h.

O Departamento do Setor Privado também convocou assembleias para petroleiros e petroleiras da Falcão Bauer, a partir desta sexta, 23. Para todos os casos é necessário fazer inscrição nos links divulgados no site do NF.

 

 

Veja programa que mostra luta contra os ataques da CGPAR

Das Imprensas da FUP e do NF

A edição de terça, 20, do programa Debate Petroleiro teve como tema a luta dos trabalhadores de empresas estatais para derrubar as medidas governamentais que inviabilzam os planos de saúde de autogestão, como a AMS, do Sistema Petrobrás. O vídeo, que está disponível em is.gd/cgpar23, traz as participações da deputada federal Érika Kokay (PT-DF), do diretor da FUP, Paulo César Martin, e da representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano.

A ampla aprovação no dia 13 de julho, no plenário da Câmara dos Deputados, do Projeto de Decreto Legislativo 956/2018, da deputada Kokay, acendeu a esperança entre os trabalhadores. O projeto, que torna sem efeito a Resolução 23 da CGPAR, foi aprovado por 365 votos a favor e somente 39 deputados votaram contra a proposição, que se encontra agora em tramitação no Senado.

Se aprovado, o PDC 956/2018 acaba com as medidas nefastas impostas pela resolução, como a redução da participação das estatais no custeio dos planos, a proibição da adesão de novos contratados, a restrição de acesso para os aposentados, a cobranças por faixa etária, prejudicando os beneficiários idosos, que são os que mais necessitam de cuidados com a saúde, entre outras determinações.

 

ADEUS A HAMELLIN – A Covid-19 (e a negligência assassina do governo Bolsonaro em relação à pandemia) levou nesta terça, 20, o ator Marco Aurélio Hamellin, aos 59 anos, que dedicou grande parte da sua carreira à realização de peças e esquetes para sindicatos e movimentos sociais. Para o Sindipetro-NF, o ator encenou o papel do gerente Infortúnio Constante, da empresa ficcional (mas nem tanto) Petróleo Inseguro S.A.. Muito bem humorada e com roteiro da Comunicação do NF para denunciar a insegurança no trabalho, a campanha foi ao ar nas TV regionais em julho de 2010 e pode ser revista em is.gd/infortunio. O sindicato manifesta as condolências aos familiares, amigos e colegas de trabalho do ator.

 

NORMANDO

Genocídio em branco

Normando Rodrigues*

Castelo Branco, principal articulador do golpe contra o presidente João Goulart, e 1° ditador do regime de 1964, terminou seu mandato em 15/03/1967 sem conseguir emplacar um sucessor.

Derrotada a ala “intelectual” (os que sabiam ler), o déspota escolhido pelo exército foi Costa e Silva, representante do grupo troglodita, e C. Branco começou a articular uma volta restrita à democracia.

Como isso era inadmissível para os brucutus, somente quatro meses após passar a faixa presidencial o pequeno bimotor em que o traidor viajava foi derrubado por um jato da FAB.

Xará

Não se deve confundir o velhaco da ditadura com o “velho de Chicago”, o Castello Branco sob o qual espertalhões lucraram na Bolsa com informações privilegiadas da Petrobrás.

Além dos “Brancos” de nomeada, os dois casos têm em comum a impunidade. Tanto a queda do aviãozinho, quanto a especulação com dados internos da estatal, permanecem sem qualquer responsabilização. Crimes “em branco”.

Regimes autoritários tendem à cleptocracia exatamente por falta de transparência. Nenhuma surpresa, portanto, na gatunagem vacinal bolsonarista. Por que os “brancos” não lucrariam com a morte de pretos e pobres?

Hierarquia

Outra caraterística que ajuda o fascismo a aproximar e enlamear os fardados é a “hierarquia”. Fascistas, milicianos e milicos compartilham uma visão social de mundo hierarquizada, na qual se deve nascer e morrer no mesmo lugar.

Detalhe importante do culto fascista à hierarquia é o desrespeito pelas estruturas hierárquicas de seus cúmplices, sejam as das forças armadas ou das igrejas. Só a estratificação fascista importa.

Prova disso é que o cabo Mussolini, e o cabo Hitler, fizeram gato e sapato de marechais e generais, assim como o tenente Bolsonaro faz com os estrelados brasileiros.

Cabos e sargentos

Do mesmo modo, tivemos o general-ministro Pazuello mandando no sargento Roberto Dias, na diretoria de logística da saúde. E o sargento, por sua vez, mandava no tenente-coronel Marcelo Blanco, estrela da CPI da Covid-19.

O trabalho maior da CPI é organizar dados e apurar as responsabilidades na gestão do extermínio em massa, pois os fatos, em si, são óbvios.

Analfabetos

E um depoente, semana passada, deu a devida adjetivação a uma dessas obviedades: Pazuello, Dias e Blanco são analfabetos em compras internacionais.

Mesmo assim, Blanco saiu do ministério para abrir uma empresa de comércio exterior em saúde. Deixou de ser o assessor público na compra de vacinas, para ser um intermediador privado do negócio.

Detalhe interessante, a empresa de Blanco – Valorem Consultoria – começou a funcionar 3 dias antes do “chope” das propinas.

O troca-troca de posições entre iniciativa privada e administração pública é um mecanismo comum na corrupção, conhecido como “porta-giratória”, por meio do qual a verdadeira mercadoria traficada é a informação privilegiada.

Os militares tentaram reproduzir as “portas giratórias” de Guedes e de C. Branco na economia e na Petrobrás. Contudo, fazendo jus ao que Bolsonaro diz ser a “especialidade” dos alunos da AMAN, combinaram negociata com mortandade.

Ao pretenderem lucrar com o genocídio, tornaram-se jagunços e cúmplices de Bolsonaro. Por isso, como na época da Comissão da Verdade, fogem “corajosamente” da responsabilização criminal esperneando que é “revanchismo”.

Na verdade, querem apenas que o genocídio passe em branco.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

1198merge