Nascente 1204

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A SEMANA

Editorial

É preciso ocupar todos os espaços da política

Como diz a canção, “vamos precisar de todo mundo”. As visitas de parlamentares às sedes do NF no último final de semana mostram a importância da articulação permanente com a política institucional. Todos os temas dos trabalhadores, petroleiros e demais categorias, passam de alguma forma por algum parlamento e também por políticas públicas produzidas em governos. Ao contrário de negar a política, os petroleiros e petroleiras precisam, cada vez mais, ocupar todos os campos.

Essa noção de que os trabalhadores e trabalhadoras podem e devem fazer política em todos os espaços possíveis é conhecida há muito tempo pelo movimento sindical, no Brasil e no mundo. No momento atual do país essa necessidade se reveste de ainda mais urgência: todas as disputas estão muito claras. O Brasil está sendo destruído por forças conservadoras que não hesitaram um só segundo em utilizar todas as suas áreas de influência — nas entidades patronais de classe, nas empresas, em muitas religiões — para abocanharem pedaços do poder para cumprirem a agenda reacionária. Avançam até mesmo sobre o Judiciário.

Nos cumpre estar firmes na reação, de modo transparente e focado, para reconstruir o país sob a ótica da classe trabalhadora. A categoria petroleira, experiente em tantos embates e ciente do seu papel, é madura politicamente para entender essa articulação essencial entre ação sindical e atuação na política institucional.

Todos e todas que estiverem nessa missão democrática e civilizatória, com compromissos com uma Petrobrás a serviço do povo e na luta por justiça social, serão bem-vindos à casa dos petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense.

 

Espaço Aberto

Em defesa dos serviços públicos e contra a PEC 32*

Ismael José Cesar**

Todas as capitais brasileiras – e aproximadamente outras 200 cidades – realizaram, no dia 18 de agosto, atos manifestações e greves contra o Projeto de Emenda Constitucional 32, a chamada reforma administrativa do governo Bolsonaro.

Esse projeto é um verdadeiro atentando aos trabalhadores do serviço público, mas o alvo vai além da categoria: a população brasileira, que necessita dos serviços públicos, será duramente atingida.

Para os servidores a PEC prevê o fim da estabilidade com a possibilidade de demissão; a redução de salário; a extinção de cargos; o fim do concurso público; fim das progressões; fim da paridade salarial para os aposentados; congelamento salarial; ou seja, desorganiza e desmonta a máquina pública.

A PEC 32 deforma a administração pública brasileira, retirando da sociedade serviços essenciais de educação, saúde, saneamento, proteção ao meio ambiente, fiscalização de produtos, acesso à justiça, à cultura, dentre outros tantos serviços que poderão parar nas mãos exclusivas da iniciativa privada. Ou simplesmente serem extintos.

O fato é: Bolsonaro precisa agir em favor da turma que comanda a boiada. A PEC 32 se soma a uma série de medidas que foram aplicadas em nome do mercado, e dos que financiaram o golpe em 2016. A resistência tem que ser permanente e, para nós, a luta em defesa dos serviços públicos se soma a luta do povo que não aguenta mais Bolsonaro e seus generais.

* Trecho de artigo publicado originalmente em is.gd/eanascente1204. ** Secretário adjunto de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT.

 

Dia 7 do lado certo

Neste 7 de Setembro, fique do lado certo. Do lado dos trabalhadores e da democracia. A CUT reforçou o chamado para o Grito dos Excluídos, que é realizado desde 1995 nesta data. As mobilizações têm como objetivo dar um ‘basta’ ao autoritarismo de Jair Bolsonaro (ex-PSL). Os protestos, que já estão previstos em mais de 80 cidades, reforçam ainda a luta por mais empregos com direitos e renda, contra a carestia dos alimentos e dos preços dos combustíveis. Veja outras pautas da manifestação em is.gd/7doladocerto.

Halliburton

O NF publicou nesta semana edital (is.gd/editalhl) de convocação de assembleia dos petroleiros da Halliburton, lotados na região, para esta sexta, 03, às 19h15. Em pauta, a ratificação da proposta ad referendum do Termo Aditivo do ACT 2019/2020, além da apreciação e Aprovação da Pauta da Halliburton para a próxima Negociação Coletiva discutindo o ACT 2020/2022. Inscrições pelo link is.gd/insc_hl .

Ação do nível 2004

O Jurídico do NF está chamando os aposentados remanescentes do processo de níveis de 2004. A entidade tem prazo, que termina em 30 de setembro, para apresentar execução daqueles que ainda não conseguiram receber nos acordos feitos em 2015. A ação já beneficiou centenas de filiados ao sindicato. Mas ainda há alguns trabalhadores que não foram localizados. Saiba mais pelo e-mail [email protected].

Luto

Na terça, 31, a categoria petroleira perdeu mais um companheiro para a Covid-19. O técnico de segurança da P-52, Igor Jesus de Lima, morreu após não resistir às complicações da doença. Igor estava internado na UTI da Unimed de Macaé há mais de 20 dias. Segundo seus colegas de plataforma, Igor, carinhosamente apelidado de Batata, era um amigo fiel e profissional muito comprometido, um cara do bem e super família. O Sindipetro-NF manifesta as suas condolências aos amigos e familiares.

 

VOCÊ PRECISA SABER

Freixo, Molon e Lindbergh em giro pelo NF

A conjuntura do país, a importância do interior do Estado do Rio de Janeiro e do petróleo, além da resistência da sociedade diante do atual governo fascista marcaram os assuntos debatidos, no último fim de semana, durante a vinda do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) à região.

Em Campos dos Goytacazes, Freixo esteve na sede do Sindipetro-NF, acompanhado do também do deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) e do vereador do município do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias (PT). Na ocasião, foi possível dialogar com a população do Novo Horizonte, com as lideranças do MST e com a diretoria do NF.

Ainda em Campos, durante uma atividade na Vila Maria, o diretor do sindicato, José Maria Rangel, fez questão de lembrar o momento decisivo que o país enfrentará em breve e a importância da participação da sociedade.

“É muito importante para a cidade de Campos receber os companheiros Marcelo Freixo, Alessandro Molon e Lindbergh Farias. Todos grandes parceiros na luta em defesa da Petrobrás. E quero dizer que nós só chegamos até aqui porque nós resistimos. Se nós não tivéssemos certeza do lado que temos que ficar, desde o golpe até hoje, com certeza já estaríamos aniquilados. E agora é hora de olhar para frente para vencermos esse jogo. 2022 é um ano decisivos para nós, teremos que definir o nosso lado e participar ativamente do processo eleitoral”, declarou.

Freixo lembrou que Bolsonaro representa a sociedade miliciana, formada por homens, armados, violentos, que acham que podem dominar as pessoas e que o lugar desse tipo de gente é na cadeia. Também falou sobre a importância do diálogo com a sociedade.

“Estive em Campos dos Goytaca-zes nesse fim de semana, uma das cidades mais importantes do interior do Estado do RJ. Tive excelentes encontros com o bispo Dom Roberto da Paz, o presidente da Câmara Municipal, movimentos sociais, lideranças partidárias, sindicatos, representantes da Uenf, IFF e UFF e moradores da região. Conversei com muita gente que conhece bem a cidade e tem sugestões em como melhorá-la. Agradeço muito a cada um participou dos encontros e nos encontramos em breve!”, declarou.

Em Macaé, Freixo esteve no teatro do Sindipetro-NF, que reabriu pela primeira vez, desde o início da pandemia. A atividade seguiu todos os protocolos de segurança, como o distanciamento, o uso de máscara PFF2 e de álcool em gel.

Foi registrada a participação em massa da categoria e de movimentos sociais, além da presença da vereadora Iza Vicente (Rede) e outras lideranças políticas na região. O encontro foi muito produtivo e discutiu propostas para tirar o Brasil e o Rio de Janeiro da miséria.

 

Setembro Amarelo: Saúde mental no trabalho na pauta sindical

Entidades sindicais do estado do Rio de Janeiro se uniram para atuar na campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, chamando a atenção para um dos fatores detonadores da ansiedade e da depressão, que podem levar à morte: a pressão do mundo do trabalho. Participam as áreas de saúde da CNQ, da FUP, da CUT-RJ e do Sindipetro-NF.

De acordo com o Ministério da Saúde, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo.

Os sindicatos programaram uma série de ações de comunicação para estimular os trabalhadores a conversarem sobre o assunto e, se necessário, pedirem ajuda. Com o tema “Heróis e heroínas também se cuidam”, o objetivo é mostrar que os trabalhadores e as trabalhadoras, que são os verdadeiros heróis do país, também inspiram cuidados em relação à saúde mental.

Casos entre petroleiros

Desde 2012, 13 suicídios de petroleiros foram registrados pelo Departamento de Saúde do Sindipetro-NF. Neste período houve casos em quase todos os anos, com exceção de 2016 e de 2019.

Nos últimos anos houve dois casos em 2018, dois casos em 2020 e outros dois neste primeiro semestre de 2021.

Confira as ações

03 de Setembro
– Podcast da Rádio NF sobre Saúde Mental no Trabalho.

08 de Setembro
– NF ao Vivo, às 19h30, com representantes de famílias que passaram por casos de suicídio.
– Lançamento da cartilha “Heróis e heroínas também se cuidam”.

29 de Setembro
– NF ao Vivo, às 19h30, com especialistas na área de Saúde Mental no Trabalho.

Durante todo o mês
– Vídeos curtos nas redes sociais sobre Saúde Mental no Trabalho e prevenção ao suicídio.
– Divulgação de banners nos sites e faixas físicas das entidades envolvidas.
– Abordagem do tema nos boletins sindicais.

 

SAIDEIRA

Ação hoje no Rio por mais feijão e menos armas para brasileiros

O Sindipetro-NF participa hoje, no Rio, de mais uma ação de venda de gás a preço justo, desta vez, na comunidade da Carobinha, em Campo Grande. Ao todo serão vendidos 350 botijões de gás pelo preço de R$50,00, além da distribuição de feijão em protesto contra a fala do presidente Bolsonaro, que afirma preferir fuzil ao alimento.

O valor de R$50,00 é uma referência ao que a categoria acredita que seria o valor justo para a comercialização do botijão de gás. Um valor totalmente diferente do praticado hoje no país, onde em quase todas as cidades o produto custa acima de R$100,00 e os aumentos não param.

“Essa ação social da categoria petroleira acontece logo em seguida a um novo reajuste anunciado pelo governo. A previsão é que o valor do botijão de gás aumente em mais R$8,00, somando mais de 32% de aumento ao longo somente deste ano”, declarou o diretor do NF, Alessandro Trindade.

A ação também contará com o apoio da campanha Petroleiro Solidário. Cada morador da comunidade que adquirir o botijão de gás também receberá um quilo de feijão. Essa foi uma forma encontrada pelo NF e demais entidades envolvidas de protestar contra a infeliz fala do presidente, que afirmou que prefere mais fuzis na rua do que feijão.

TÉCNICO VIRA INSPETOR – Mais uma denúncia de desvio de função chegou ao Sindipetro-NF. Desta vez, a Petrobrás força os técnicos de segurança a atuarem como inspetores de segurança, ao mesmo tempo em que demite os funcionários específicos para o serviço. Segundo as denúncias, os técnicos de segurança estão sendo orientados a revistarem as bagagens na hora do desembarque, conforme determina a norma 27, exigência 0115, que trata sobre a inspeção das bagagens. Porém, esse tipo de função não entra no manual de atribuições da categoria. O NF está atento e solicita que a categoria entre em contato com a diretora Bárbara Bezerra (22) 98178-1635 para enviar relatos adicionais sobre a situação.

 

NORMANDO

O fuzil e o sonho

Normando Rodrigues*

Seis anos depois de defender as oligarquias rurais na Revolução de 1932, contra a “modernização forçada” de Vargas, Orígenes Lessa cometeu uma quase autocrítica de sua alienação política em “O feijão e o sonho”.

Vale alertar que a didática oposição entre pragmatismo e idealismo, no romance de Lessa, é intencionalmente falsa. Não existe utopia sem “feijão”, do mesmo modo como a vida sem “sonho” é mera sobrevivência.

Intelectuais alienados, como Lessa, Monteiro Lobato e Alcântara Machado, não eram uma “jabuticaba” naquela época, e nem hoje. Muitos contribuíram para a ascensão do fascismo na Itália e na Alemanha, assim como no Brasil.

Imbecilidade

Porém, como a imbecilidade é sempre pior do que o alheamento, a memória da guerra civil de São Paulo, de 1932, é em 2021 reivindicada por diversas organizações fascistas.
São os mesmos imbecis que irão à “Marcha sobre Brasília” no 7 de setembro, da qual a “Caminhada sobre a Paulista” é a versão disponível ao suprassumo da idiotice: o fascista pobre, que não tem dinheiro para ir ao Planalto.

Esses e outros despossuídos defenderão, no “Dia da Pátria”, a liberdade dos 315 bilionários brasileiros (eram 70 a menos, no início da pandemia) se protegerem, com fuzis, dos que não têm feijão.

“Essa gente”

A arte fascista do antagonismo permanente entre os que não têm feijão, e os que se protegem com fuzis, consiste em traçar com cuidado a linha “física”, divisória entre os dois grupos.

Bolsonaro sempre foi franco quanto a isto, como comentou no 28 de agosto, ao ver as manifestações indígenas no eixo monumental: “essa gente quer voltar ao poder”.
“Essa gente” é uma variante da ruptura fascista entre “nós” e “eles”. Expressa a revolta dos “fuzis” contra 13 anos de vinheta da “Voz do Brasil” – a abertura de “O Guarani”, de Carlos Gomes – cantada por coral indígena.

“Severinas”

A divisória “física” entre “fuzis” e “feijões” só fica de pé porque se sustenta no apoio dos pobres-sem-feijão aos ricos-com-fuzis.

E, por sua vez, o apoio do pobre-sem-feijão aos ricos-com-fuzis ignora que para o Mito “essa gente” inclui outros tipos de “índios”, como “comunistas”, “vagabundos”, “feministas”, “viados”, “deficientes”, “negros” e, no fim das contas, o próprio pobre.

Como no “Morte e vida Severina”, de João Cabral, a parte do pobre no latifúndio dos fuzis é o projétil “achado” que transforma um peito vivente em “perdido”, ou a bala “perdida” que acha a cabeça de seu filhinho brincando na porta de casa.

“Concubinato”

No entanto, além dos diversos tipos de “índios”, nossa versão bufa da Marcia su Roma – a de Mussolini, em 1922, também era originalmente circense – ameaça até o concubinato entre fascismo e neoliberalismo.

Dois dias após o “essa gente” de Bolsonaro, a icônica Faria Lima amanheceu com figuras de Paulo Guedes como “Faria Loser”. Sincronicamente, Globo, Record, Estadão e Folha, dedicaram-se a espancar o escroque.

Talvez os “faria laimers” tenham começado a desconfiar que o monstro fascista seja inimigo não só do “sonho” igualitarista, do trabalhador, como do “feijão” pragmático, do empresário.

O fato é que a tomada do Palácio do Planalto pelo fascismo desatualizou a falsa divergência entre “o feijão” e o “sonho”. Pragmatismo e idealização são atributos de sociedades civilizadas, e não de hordas bestializantes.

Trata-se, agora, de combater os “fuzis”. Com muito “feijão”, e com muito sonho”.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

1204merge