Nascente 1212

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[VERSÃO COMPLETA EM PDF DISPONÍVEL NO FINAL DA PÁGINA]

 

A SEMANA

Editorial

População sabe quem é culpado pela carestia

Tá caro e a culpa é de Bolsonaro. Não tem subterfúgio. À desgraça da gestão da saúde soma-se a desgraça na gestão econômica. O resultado amargo é vivido pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores, que perdem poder de compra a cada dia. É preciso deixar claro para a sociedade quem é o responsável por tudo isso.

Como mostra matéria na página 3 desta edição, desde a posse de Bolsonaro em janeiro de 2019 foi acentuada a política de reajustes dos combustíveis com índices acima da inflação. Os aumentos nas refinarias foram de 106,6% na gasolina, de 81,4% no diesel, e de 100,5% no gás de cozinha. Nos postos de revenda, as altas foram de 46,4% na gasolina; de 46,3%, no diesel; e de 47,3%, no gás de cozinha. Com o salário mínimo foi o contrário: reajuste de 10,2%, abaixo da inflação, acumulada em 16,5%.

Além da política de preços dos combustíveis que penaliza principalmente os mais pobres, a população sofre as consequências da estagnação econômica provocada pelo negacionismo do governo em relação à pandemia. Se tivesse tomado as medidas corretas de prevenção e adotado a vacinação assim que disponível, além de salvar centenas de milhares de vidas diretamente, o governo teria salvado milhões de outras do desemprego e da fome, por meio da retomada da atividade econômica.

A Câmara dos Deputados, em função da cumplicidade da maioria dos parlamentares com este governo, tem sido omissa ao não pressionar o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), a desengavetar algum dos mais de 130 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Mas o povo está dando a resposta nas pesquisas de intenção de voto e saberá afastar esse pesadelo nas urnas em 2022.

Espaço Aberto

Negros e negras mais vulneráveis à morte por Covid*

Almir Aguiar**

A pandemia da Covid-19 é um mal que atinge o mundo inteiro matando milhões de pessoas. No Brasil, que é o segundo em óbitos no planeta, superado apenas pelos EUA, há dois agravantes que aumentam a tragédia: o primeiro é o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo, imitando o seu guru, o ex-presidente americano Donald Trump. Além do descaso há também incompetência e corrupção no alto escalão, como comprova a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado. Já são mais 600 mil de vidas que foram ceifadas em nosso país. O segundo agravante é a colossal desigualdade social, aprofundada pela política econômica neoliberal imposta ao país. E como sabemos, esta desigualdade tem cor.

A falta de condições mínimas de vida torna negros e negras os mais vulneráveis também na tragédia sanitária da Covid-19. Um conjunto de pesquisa feito pela Rede Solidária aponta que, por estas condições sociais de vida, o risco de morte é maior para homens e negros e mulheres negras. O estudo é baseado nas estatísticas oficiais do Ministério da Saúde revelando que o maior percentual de morte de negros não é apenas por causa de suas atividades profissionais mais expostas ao vírus, mas também por outros fatores sociais. Os trabalhadores que perderam a vida no universo dos 67,5 mil de óbitos no ano passado apontados pela pesquisa, são dos setores de comércio e serviços (inclusive bancos), totalizando 6.420 óbitos, seguido da agricultura (3.384) e transportes (3.367). Em todas as atividades os riscos de morte são maiores para os homens negros, com exceção do setor agrícola.

* Trecho de artigo publicado no portal da CUT, sob o título “Negros e negras são os mais vulneráveis à morte por Covid-19”, disponível em is.gd/eanascente1212. ** Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT.

Cabiúnas

Após cobrança intensa do NF, a gestão de Cabiúnas mobilizou uma força tarefa, durante o último fim de semana, para recuperação da integridade do acesso e a calibração dos PIs do topo da T-21001, com o intuito de sanar as deficiências denunciadas pelo sindicato na última semana. Na sexta, 22, o sindicato encaminhou ofício ao gerente da Unidade de Processamento de Gás de Cabiúnas para alertar sobre o risco grave e iminente ocasionado pelo descumprimento da NR13.

Setor privado

Assembleia marcada para acontecer na quarta, 27, com trabalhadores da Champion Technologies, precisou ser adiada por motivos administrativos e acontecerá no próximo dia 03, às 19h. A categoria vai avaliar a Proposta de aditivo de Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2022. Também estão em período de negociações do ACT e realizaram assembleias nesta semana os petroleiros da Schlumberger e da Baker Hughes.

Petros

Matéria da Imprensa do Sindipetro-BA mostrou, ontem, que a Petros não atendeu à reivindicação da FUP e sindicatos de que “a cobrança dos empréstimos voltasse a ser feita só a partir de 2022, para minimizar o impacto dos altos descontos que estão ocorrendo nos salários e benefícios dos participantes e assistidos”. A Petros insiste em encerrar a suspensão do pagamento neste mês de outubro.

Essenciais

Ontem foi o Dia do Servidor Público, categoria essencial para a eficácia do funcionamento do Estado e aplicação das políticas públicas. Uma das entidades que lembrou a data na região foi a Aduenf (Associação dos Docentes da Uenf), que divulgou carta aberta que denuncia os efeitos nefastos da PEC 32. “A estabilidade é o que garante sua autonomia de ação, sua lisura e o não comprometimento com esquemas fraudulentos. Sem concurso, voltamos aos velhos apadrinhamentos”, lembrou.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Categoria debate greve contra privatização

Das Imprensas do NF e da FUP

Sindicatos petroleiros filiados à FUP estão em debate em suas bases, até o próximo dia 12, sobre a construção de uma greve nacional contra a privatização da Petrobrás. Após as consultas à categoria, um Conselho Deliberativo da Federação será chamado para avaliar as propostas discutidas nas bases e definir os próximos passos da mobilização. “No NF, diretores e diretoras sindicais dialogam nos aeroportos em setoriais desde o início do mês. Os contatos também serão travados nas bases de terra a partir dos próximos dias”, explica o coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
A organização da paralisação é uma reação dos petroleiros e das petroleiras ao anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo o ministro Paulo Guedes de que a privatização da Petrobras está “no radar”. O governo prepara, a portas fechadas, um projeto de lei que autoriza a União a entregar ao mercado financeiro as ações que ainda restam sob controle do Estado brasileiro. Ou seja, para acelerar a privatização da maior empresa nacional, o governo Bolsonaro quer alterar a Constituição, com o aval da Câmara e do Senado, como está fazendo com os Correios e como já fez com o Sistema Eletrobrás.

O legado de gerações de trabalhadores que deram a vida pela Petrobrás está sob ataque e, mais do que nunca, é fundamental que os atuais petroleiros e petroleiras da ativa e aposentados se somem a esta luta. O que está em risco é o futuro do Brasil enquanto nação. Todos perdem com a privatização da Petrobrás e os petroleiros, mais do que ninguém, sabem disso.

Além de construir no dia a dia as riquezas geradas pela empresa, a categoria petroleira sempre esteve na vanguarda da luta para que a Petrobrás cumpra o seu papel público e social, garantindo o abastecimento da população, com preços justos, e o desenvolvimento nacional, com geração de empregos e riquezas para o povo brasileiro. Não à toa, as greves petroleiras são um marco na história de resistência da classe trabalhadora.

Mais uma vez, a categoria apontará, com luta e organização, o caminho do enfrentamento. Se não fosse a resistência dos petroleiros, o processo de privatização da Petrobras estaria muito mais avançado, como ressalta o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar: “Não vamos aceitar de forma alguma calados esse projeto de privatização. Não vamos permitir isso. A categoria petroleira vai responder à altura.”

Botijão a preço justo em nova ação do NF e da FUP

Os moradores da comunidade Vila Vintém, no Rio de Janeiro, tiveram na manhã de ontem a oportunidade de comprar gás de cozinha por um preço justo, em mais uma ação do Sindipetro-NF em parceria com a FUP. A ação realizada pelos petroleiros visa mostrar ao povo que o botijão de gás poderia ser vendido a R$ 50,00 se o Governo Federal não insistisse na política do Preço de Paridade de Importação (PPI), que faz com que os brasileiros paguem o valor não só do gás, mas de todos os derivados do petróleo, em dólar, somente para beneficiar os acionistas.

“Eu confesso para vocês, que nós não gostaríamos de fazer essa ação social hoje. Porque queríamos que todos vocês tivessem empregados, tivessem condições de comprar o botijão de gás, vendido por um preço justo. Mas, infelizmente, nós vivemos um momento muito triste no nosso país, onde milhares de brasileiros estão desempregados”, lembrou o diretor do NF, José Maria Rangel.

O valor do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), popularmente conhecido como “gás de cozinha”, já atingiu R$ 135, nos estados do Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Rondônia, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que o GLP aumentou 34,67% nos últimos 12 meses.

 

Gás de cozinha subiu 287,9% em 5 anos

Da Imprensa da FUP

Implementada em outubro de 2016 pelo então presidente Michel Temer, e mantida pelo governo de Jair Bolsonaro, a política de preço de paridade de importação (PPI) faz cinco anos acumulando alta dos combustíveis muito acima da inflação, em todas e quaisquer comparações, desde a sua implantação.

Nos últimos cinco anos – de outubro de 2016 a outubro de 2021 – as altas, nas refinarias, foram de 107,7% para a gasolina, de 92,1%, para o diesel, e de impressionantes 287,9% para o gás de cozinha. Neste mesmo período, a inflação foi de 25,4%, medida pelo IPCA/IBGE. Enquanto isso, o salário-mínimo não teve ganho real. Ao contrário, variou 25%, abaixo da inflação.

O mesmo comportamento é verificado nos preços nos postos de revenda: Na gasolina, a alta acumulada em cinco anos é de 74,1%; no diesel, de 68,2%; e no gás de cozinha, de 84,2%.

Isso significa que em outubro de 2016, com valores corrigidos pela inflação (IPCA/IBGE), o botijão de 13kg de gás de cozinha custava, em média, R$ 69,21 no Brasil. O litro da gasolina era vendido a R$ 4,58 e o do diesel, a R$ 3,76. Na semana passada, a média de revenda do botijão foi para R$ 101,96 (subiu 47% em cinco anos), o litro da gasolina alcançou R$ 6,36 (alta de 39%) e o do diesel R$ 4,98 (alta de 32%).

Os dados foram elaborados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP), com base nas estatísticas oficiais da Petrobrás (refinarias) e da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (postos).

Num recorte de janeiro de 2019 a outubro de 2021, ou seja, período Bolsonaro, observa-se a mesma trajetória de aumentos reais nos preços dos combustíveis: Nas refinarias, as altas foram de 106,6% na gasolina, de 81,4% no diesel, e de 100,5% no gás de cozinha. Nos postos de revenda, a situação se repete: alta de 46,4% na gasolina; de 46,3%, no diesel; e de 47,3%, no gás de cozinha. Nesse período, a inflação foi de 16,5% e o salário-mínimo variou apenas 10,2%, perdendo mais poder de compra.

FORTALECIMENTO DO RAMO QUÍMICO – O coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, participou na manhã de ontem de uma reunião com a Federação dos Químicos do Rio de Janeiro. Participaram o presidente da federação, Aurélio Antonio, o Presidente da CNQ Geralcino Santana, o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar e o diretor da CUT nacional, Marcelo Rodrigues. O encontro foi mais um passo no fortalecimento da CNQ e do Ramo Petroquímico do Rio de Janeiro. Foi possível debater questões importantes como os desafios da classe trabalhadora e as interferências da atual conjuntura política do país.

SAIDEIRA

NF conquista liminar contra equacionamento unilateral

O Sindipetro-NF conseguiu liminar contra o equacionamento da AMS imposto pela Petrobrás e seria pago em seis parcelas, até janeiro de 2022, por empregados, aposentados e pensionistas titulares do plano.

O Acordo Coletivo de Trabalho prevê que a Petrobrás apurará anualmente após o fechamento do exercício se a relação de custeio foi cumprida e “apresentará e proporá ajustes mediante entendimentos com a Comissão da AMS”, formada com representantes da empresa e dos sindicatos. Contudo, não houve qualquer entendimento com a Comissão da AMS e a Petrobrás sequer apresentou esclarecimentos sobre o suposto déficit apurado.

Dessa forma, a juíza da 1ª Vara do Trabalho de Macaé reconheceu que a Petrobrás não apresentou documentos que fundamentassem a cobrança e que os valores descontados constituem verba alimentar dos trabalhadores, que pode prejudicar sua subsistência, ainda mais no momento de pandemia vivenciado por todos.

A liminar então foi deferida para determinar que a empresa deixe de cobrar os trabalhadores associados ao sindicato as contribuições extraordinárias do déficit de equacionamento do plano de saúde AMS até que apresente os documentos requeridos e promova entendimentos com a Comissão da AMS.

LUTA E CULTURA – Em encontro de sindicalistas de Campos dos Goytacazes, na última terça, 26, para organizar o ato “Fora, Bolsonaro” no município, o Sindipetro-NF foi representado pelo José Maria Rangel. Os atos nacionais estão sendo chamados para o feriado de 15 de novembro. Na região, no entanto, o NF e demais entidades programam uma antecipação para o dia 12. Na reunião, Rangel também fez a entrega de exemplares do livro “Nos tempos do Trianon – Campos se diverte!”, impresso com o apoio do NF, que celebra o centenário de inauguração do teatro.

NORMANDO

O diabo, deus e seus monstros

Normando Rodrigues*

“No sacrossanto editorial do dia do Senhor de 24/10/21, o Estadão levou a demonização do PT à literalidade deselegante, e o chamou de “diabo”.
Alheio a isso, apenas três dias antes o verdadeiro Trevoso lançara um novo dogma pela boca de seu cavalo Bolsonaro: vacinação causa AIDS, segundo “relatórios oficiais do governo” do Reino Unido.

A relação entre o antiesquerdismo da elite e o irracionalismo antivacinal é de causa e efeito. Isto, contudo, jamais será admitido pelo Estadão.
Direcionar o ódio do rebanho contra um alvo determinado, com grande dose de falso moralismo, é como agem os reverendos do Tinhoso.

Victor Hugo explicou isso na tragédia do “Corcunda de Notre Dame”, de 1831, em cuja trama o vigário-geral Frolo é um doente sexual, obcecado pela linda cigana Esmeralda, de 15 aninhos.

Rejeitado pela adolescente, o religioso tenta estuprar Esmeralda. Afinal, para Frolo-Bolsonaro ela “merece”, assim como as mais de 66 mil mulheres violentadas no Brasil fascista de 2020.

Os pecados

A frustração do padre evolui do ressentimento ao ódio, tal como nos bolsomínions. Frolo incrimina Esmeralda num assassinato, e a adolescente é martirizada, bem ao gosto de Bolsonaro e dos que apoiam o projeto de Lei Antiterrorismo, denunciado pela Organização Mundial Contra a Tortura.
Torturada, Esmeralda confessa o crime que não cometeu, como sob Moro e Dallagnol. Mas sua “culpa” é ser cigana. Só por isso, já estaria qualificada para as câmaras de gás do ídolo alemão de Bolsonaro, destino de meio milhão de ciganos sob o 3° Reich.

Ainda “pior”, Esmeralda é mulher, livre e luminosa. Tudo o que a misoginia fascista mais odeia.

A monstruosidade

Já os pecados do PT, conforme o Estadão, são: se opor às reformas da Previdência e administrativa; e se recusar a beijar a cruz do teto de gastos. Nada sobre fome, fila do osso, desigualdade e desindustrialização.

O jornal também não faz nenhuma menção à vacinação de 88 milhões de pessoas contra H1N1, em apenas três meses, sob governo do PT em 2010.

O evangelho do Estadão, que condena o PT e os pobres, absolve tudo o que os ricos façam. Basta ver os diálogos entre a nova santíssima trindade, formada por André Esteves, Guedes e Bobby Fields Terceiro.

O que o Estadão não suporta é reservar para os infiéis – pobres, pretos, putas, esquerdistas, mulheres, homossexuais, indígenas, muçulmanos, e outros indesejáveis – qualquer fatia do orçamento que fique acima da abençoada esmola.

Consequentemente, odiar a vacinação obrigatória, e seu custo público, vira preceito religioso. Divino seria que Luciano Hang (Havan), Michael Klein (Casas Bahia) e Flávio Rocha (Riachuelo), pudessem lucrar com a venda de vacinas.

Se Frolo-Bolsonaro soubesse ler, odiaria ainda mais a vacina ao descobrir que o procedimento nasceu no demoníaco Islã, e que foi levado da Turquia para Londres pela feminista Mary Montagu, em 1721.

A luz

No mesmo ano em que o “Corcunda” foi publicado, entrava para a escola um menino francês de 9 anos que se tornaria fã do escritor.

“Vacinado” por Victor Hugo, a quem dedicaria seu primeiro livro científico, o jovem cresceu católico e, entretanto, jamais permitiu que a religião se imiscuísse em suas pesquisas. Disso resultaram importantes avanços no campo das vacinas.

Seu nome era Louis Pasteur. E ele certamente apoiaria a vacinação obrigatória.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]

 

1212merge