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A SEMANA
Editorial
General Pinoquim Silva e Luna
O governo Bolsonaro institucionalizou a mentira travestida de omissão como política de comunicação. Não se envergonha de mentir em fóruns internacionais, em entrevistas à imprensa ou, como fez nesta semana o presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, em audiência pública no Senado sobre os preços dos combustíveis. Treinado para a guerra, aonde a ética é relativa e submetida à finalidade de destruir o inimigo — e a prática de faltar com a verdade, ou com partes dela, pode até ser tomada como arma de contra-informação —, o general estrelado não se constrange em “esquecer” uma série de reajustes.
“Em audiência de quase três horas de duração, Silva e Luna não disse que somente neste ano, nas refinarias, a gasolina subiu 71,6%, com 13 aumentos; o diesel 64,5%, com 14 altas; e o gás de cozinha 47,7%, com oito reajustes. Preferiu afirmar que a empresa ficou 90 dias sem reajustar o gás de cozinha (GLP), como se isso fosse uma vantagem, mesmo sabendo que o preço do botijão do gás de cozinha, acima de R$ 120 em algumas regiões do país, representa mais de 10% do salário mínimo, e que famílias carentes estão usando lenha para cozinhar, em alternativa ao gás”, denunciou a Federação.
A FUP também acionou o mentirômetro para detectar que “Silva e Luna comemorou estar “30 dias sem aumento nos combustíveis”, ignorando que as altas abusivas dos combustíveis são foco da disparada da inflação, que atinge 10,67% em doze meses, até outubro.
A omissão também é uma forma de mentira, pois distorce a realidade, a faz parecer o que não é. Especialmente tratando-se de um agente público, que deve ter compromisso com a transparência.
Espaço Aberto
Intelectuais negros foram embranquecidos*
Rosana de Sousa Fernandes**
>> continuação da edição 1215
Papai Noel
É uma figura fictícia, mas o personagem no qual ele foi inspirado é São Nicolau. O Santo nasceu na região onde hoje fica a Turquia, em torno do ano 270 antes de Cristo onde, onde na época, os habitantes eram quase que integralmente por povos de origem africana. Imagens antigas retratam a cor da pele do Santo.
Cleópatra
Era de naturalidade egípcia e não tinha os traços europeus que as artes tentam exibir, mas sim traços de negros do norte da África.
Santo Agostinho
É um personagem fundamental para os estudos básicos de filosofia e teologia. O que não consta na história é que ele nasceu em Tagaste, na Numídia, uma cidade rodeada por florestas no norte da África. Ou seja, ele era africano.
Alexandre Dumas
Autor de Os Três Mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo era filho de um general branco com uma escrava negra. Seus traços negros são evidentes em fotografias e registros, mas em muitas representações artísticas Dumas é retratado como um homem branco.
Esses são apenas alguns exemplos que mostram todos os dias que a história não precisa só ser recontada com a enorme contribuição dos negros, mas que o racismo age de várias formas para que o negro não faça parte das conquistas da sociedade.
* Trecho de artigo publicado no Portal da CUT sob o título “20 de Novembro: Quem são os intelectuais negros que foram embranquecidos na nossa história”, disponível em is.gd/eanascente1214. ** Diretora adjunta da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT.
Não vote na “APS”
O prazo para votação na eleição de cartas marcadas da APS está próximo ao fim e a gestão da Petrobrás segue convocando os beneficiários da AMS – titulares, ativos, pensionistas e aposentados – a votar. A FUP e o Sindipetro-NF reforçam a orientação para que a categoria não participe e não vote. Para a FUP e sindicatos, a eleição é um jogo de cartas marcadas, que tem por objetivo legitimar a APS, criada ao arrepio da lei, à revelia dos trabalhadores, através de um processo suspeitíssimo.
Combustíveis
O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, participou na última quarta, 24, de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, da Câmara dos Deputados, para debater a política de preços da Petrobrás. A audiência, requerida pelo deputado Zé Neto (PT/BA), discutiu o Projeto de Lei 9187/2017, que limita os reajustes dos combustíveis à variação do IPCA.
Fora, reforma
As centrais sindicais divulgaram nesta semana nota conjunta para denunciar novas investidas do governo contra os direitos dos trabalhadores. “Depois de a carteira verde amarela e a MP 1.045 terem sido derrotadas pela pressão, resistência e luta do movimento sindical, o governo Bolsonaro tenta mais uma vez implementar uma nova reforma trabalhista”, denuncia a nota, disponível em is.gd/notacentrais1216.
Halliburton
Após rejeição dos trabalhadores à proposta de acordo coletivo apresentada pela Halliburton, a FUP voltou a se reunir com a empresa, que se mostrou inflexível em atender os anseios da categoria. Em sua proposta, a empresa afirma que não pagará a PLR de dezembro 2020, indica reajuste salarial de 6,25% (se o acordo fosse assinado até o próximo dia 30), estabelece irregularmente banco de dias com a retenção de 15 dias das folgas, entre outros absurdos. Saiba mais em is.gd/halli1216.
VOCÊ TEM QUE SABER
Conte como está acesso ao transporte
Problema crônico na base de Cabiúnas, mas também presente em outras unidades de terra da Petrobrás em Macaé, a falta de um atendimento adequado do direito dos trabalhadores ao transporte tem sido enfrentado pelo Sindipetro-NF, com mobilização da categoria, pressão junto às gerências e consulta aos petroleiros e petroleiras por meio de formulário online.
No último dia 18, no retorno das setoriais presenciais em Cabiúnas, a diretoria do Sindipetro-NF voltou a debater o tema do transporte — que havia sido apontado pela categoria como uma das prioridades da base, durante as assembleias do turno. “Em Cabiúnas esse problema crônico há muito tempo não se resolve. Nós já marcamos uma reunião com a gestão de Cabiúnas, mas também vamos apurar essa demanda, através de um link disponibilizado para que os demais trabalhadores também possam opinar sobre essa situação”, explicou o coordenador Tezeu Bezerra.
O formulário online para que os petroleiros e petroleiras de todas as bases relatem a necessidade que têm de transporte, assim como a realidade enfrentada na relação com a Petrobrás, está disponível pelo link is.gd/transporte1216. O sindicato alerta que é muito importante a participação da categoria nas respostas ao formulário, para que a direção sindical tenha ainda mais subsídios para atuar na pressão e na negociação com as gerências da companhia envolvidas com a questão.
Durante a setorial, os diretores trataram ainda sobre a pandemia da Covid-19, o projeto Petroleiro Solidário, a segurança no trabalho, o cenário político do país e a importância da categoria petroleira na luta em defesa do Brasil.
“A gente, enquanto entidade sindical, a FUP, nós petroleiros, especificamente, temos conseguido mostrar as maldades do governo. A greve, que nós fizemos no ano passado, os processos judiciais, as denúncias sobre a política de preço dos combustíveis, são passos importantes para mostrar as praticas desse desgoverno”, declarou Tezeu.
Setorial para Transpetro em turno
Nesta semana, o NF convocou trabalhadores e trabalhadoras da Transpetro, que atuam em Cabiúnas, para uma setorial na próxima segunda, 29, para tratar sobre o acordo local de turno de 12 horas. Devem participar todos os funcionários que não são cedidos e que trabalham em regime de turno. O encontro será em formato virtual e acontecerá às 17h pelo aplicativo Zoom, pelo link is.gd/setcab1216.
Consciência Negra: Macaé teve ato forte com cultura e denúncia
O Dia da Consciência Negra levou a população às ruas, neste fim de semana, contra o desgoverno Bolsonaro, que entre várias atrocidades contra o povo também perpetua a segregação e defende que “não há racismo” no Brasil. O Norte Fluminense e o Sindipetro-NF não poderiam ficar de fora dessa mobilização. Em Macaé, um ato cultural foi realizado na sexta, 19, pelo Sindipetro-NF, junto aos movimentos sociais e a população. A atividade contou com roda de samba, poemas, apresentações, debates, conscientização e protestos contra o Governo.
“Estivemos em Macaé, mais uma vez, protestando contra esse desgoverno Bolsonaro. Infelizmente, vivemos em um país com uma arbitrariedade maior que a outra. Um país que não olha pelos pobres”, lembrou o coordenador geral do NF, Tezeu Bezerra.
Protestos no Rio
Já no sábado, 20, Dia da Consciência Negra, os protestos tomaram as ruas no Brasil e no exterior. No Rio, os diretores do NF, José Maria, Sérgio Borges e Alessandro Trindade participaram do ato realizado no monumento Zumbi dos Palmares. Já a diretora Bárbara Bezerra e o diretor Eider participaram do ato em Madureira.
Ações do gás: Pandemia soma 5 mil botijões disponibilizados
As ações de venda de gás a preço justo, realizadas pelo Sindipetro-NF e pela FUP, totalizaram cinco mil botijões disponibilizados a preço justo, durante a pandemia, em diversas cidades do Estado do Rio de Janeiro. O número foi alcançado durante em ação, ontem, na comunidade de Carobinha, em Campo Grande.
Durante a ação, 200 famílias em situação de vulnerabilidade social puderam adquirir um botijão de gás pelo valor de R$ 50. Esse é o valor considerado justo, se não fosse a política de preços mantida por Bolsonaro, que faz com que o brasileiro pague o produto com base no preço do dólar.
“Nós chegamos ao incrível número de 5000 botijões de gás disponibilizados durante a pandemia. Isso mostra que é possível ter gás a preço justo. No Governo Lula, o preço do botijão de gás custava uma média de R$ 40, hoje já ultrapassa R$ 130. Essa política implementada pelo Bolsonaro está acabando com o trabalhador”, ressaltou o diretor do NF, Alessandro Trindade.
“Estamos vivendo um momento muito difícil. O gás está caro, os alimentos estão caros, as pessoas estão desempregadas. E não tenho dúvidas, que tudo isso é culpa do governo Bolsonaro”, lembrou o também diretor do NF, José Maria Rangel.
SINDICALISTAS COM FREIXO – Sindicalistas de várias categorias profissionais participaram de encontro, no último dia 19, com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), na sede do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro, no Rio. Em pauta, as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores fluminenses. Os diretores Sérgio Borges, Alessandro Trindade e José Maria Rangel representaram o Sindipetro-NF.
ARTE DE ANDINHO NO MURO DO NF – Painel do artista plástico Andinho Ide (@andinho_ide) ganhou espaço privilegiado em uma das mais importantes avenidas de Campos dos Goytacazes, a 28 de Março, no muro da sede do Sindipetro-NF no município. Com a obra, além de valorizar a cultura e os artistas da cidade, o sindicato presta homenagem à atuação das mulheres petroleiras da Bacia de Campos e demais bases do país.
Petrobrás condenada a pagar R$ 1,1 milhão a trabalhador
Da Imprensa da CUT
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT-1) com sede em Brasília, condenou a Petrobras a pagar R$ 1 milhão de indenização por dano moral e mais R$ 100 mil por danos estéticos a um trabalhador que contraiu leucemia e síndrome sistêmica, após ser contaminado com benzeno, substância cancerígena, em seu local de trabalho.
Os magistrados da 7ª Turma do TRT-1 não só seguiram o voto da relatora, desembargadora Carina Bicalho, como também dobraram o valor da indenização por dano moral antes fixado pela juíza Flávia Alves Mendonça, da 57ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, em R$ 500 mil. Eles também mantiveram o valor integral da pensão mensal vitalícia, de acordo com o salário do trabalhador com as devidas correções.
Para o TRT-1 a Petrobras não buscou evitar a exposição do empregado ao benzeno. Em seu voto, a desembargadora proferiu que “quando a empregadora não adota ou não fiscaliza as medidas preventivas aptas a neutralizar ou reduzir os riscos inerentes ao trabalho, por meio das normas de saúde, higiene e segurança, age de maneira culposa e contra o artigo 7º, inciso XXII da CF, contra o artigo 157 da CLT e em violação ao princípio do aprimoramento contínuo, previsto na Convenção 155 da Organização Mundial do Trabalho (OIT).
O trabalhador atuava como operador de utilidades a bordo da Balsa Guindaste de Lançamento 1, em escala de 14 dias embarcado e 21 de folga, de 2007 a 2012, quando foi diagnosticado com leucemia. A doença provocou fotofobia, prurido ocular, ressecamento, ceratite, catarata medicamentosa e diminuição da acuidade visual, rino sinusites, infecções de repetição, além de vitiligo e prurido na pele.
CULTURA – O diretor José Maria Rangel entregou, na última terça, 23, em nome do Sindipetro-NF, um exemplar do livro “Nos tempos do Trianon – Campos se diverte!” aos professores José Luís Vianna e Érica Almeida, que atuam em programas de pós graduação da UFF-Campos. A obra foi impressa com apoio do sindicato com o objetivo de valorizar a memória e a cultura do município. Na foto, Rangel e os professores aparecem sem máscara em razão do encontro ter sido realizado em local aberto, respeitando o distanciamento e todos terem tomado as duas doses da vacina contra a Covid-19.
NORMANDO
Guerra entre luz e sombras (1)
Normando Rodrigues*
Enquanto o mundo elimina fontes energéticas sujas, Bolsonaro complementa sua volta ao século XIX com projetos de carvão.
A consequência se vê hoje, em Deli (Índia), mas a causa distante desse absurdo também se manifesta nas omissões dos “bolsonaristas arrependidos” João Doria e Eduardo Leite, em suas gestões.
Mogli
Rudyard Kipling, o criador do menino-lobo Mogli, saudou em poesia os aromas culinários de Deli, que anunciavam a cidade ao viajante, muito antes de poder ser vista.
Talvez o escritor mais representativo do imperialismo, Kipling era racista convicto e suas histórias contrastavam a “iluminação” do homem branco com a “escuridão” dos cantões de Índia, Paquistão e Afeganistão.
Contudo, na época de Kipling, quando Deli era reconhecida pela fragrância de seus temperos, Londres, a capital do Império onde o Sol nunca se punha, vivia nas sombras de seu celebrado fog.
Fog
E, bem ao contrário de visões românticas, a nevoa londrina dos séculos XIX e XX tinha por principal componente a fumaça do carvão queimado industrial e domesticamente.
Estima-se que em dezembro de 1952 mais de 12 mil habitantes da cidade tenham morrido em consequência da fumaça, além de mais de 150 mil outros, hospitalizados.
Finalmente a tragédia levou à Lei do Ar Limpo, de 1956, que proibiu a queima de carvão em áreas urbanas, no Reino Unido. Porém, o que vale para os impérios não vale para as colônias, e a sujeira migrou do centro para a periferia.
Festival de trevas
Emancipada em 1947, após 110 anos de lutas contra o imperialismo britânico, a Índia herdou de seus senhores a dependência do carvão, que hoje ainda ocupa cerca de 45% de sua matriz energética.
A região metropolitana de Deli, com perto de 20 milhões de pessoas, tem sua eletricidade gerada por 11 usinas a carvão, as quais contribuem para que a qualidade do ar seja 15 vezes pior do que o nível de segurança indicado pela OMS.
Foi nessa situação precária que Deli fez o Diwali de 2021, e o que deveria ser o festival nacional das luzes, que anualmente celebra a destruição das forças do mal, se tornou uma catástrofe.
Artifícios
Além do pó, e de emissões de veículos e de indústrias, veio a fumaça de dias seguidos com queimas de fogos de artifício. Resultado: suspensão da construção civil até 21 de novembro.
Escolas e faculdades foram fechadas por tempo indeterminado, e 6 das 11 termelétricas a carvão desligadas.
As mesmas termelétricas a carvão que 25 anos atrás EUA, Espanha, Alemanha e Japão começaram a fechar, e que então não constituíam preocupação maior para o Brasil, pois eram residuais.
Sujar o Brasil
Durante a COP 25 (Madri, dezembro de 2019), o capital financeiro internacional lançou a “Declaração de investidores globais aos governos, sobre mudança climática”, a qual incluiu a recomendação para eliminar termelétricas a carvão.
O capital não é “bonzinho”, mas pragmático, e partiu do óbvio. Usinas a carvão são a mais poluidora forma de geração de energia elétrica, e em média lançam na atmosfera uma tonelada de CO² para cada megawatt resultante.
Contra a corrente, na mesma época Bolsonaro queria investir até R$ 37 bilhões de dinheiro público em termelétricas a carvão. Apenas um resíduo de razão, depositado no BNDES, impediu o monstro.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
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1216merge